Eleições? Novo estatuto? Entenda o que está em jogo no Vitória

Reunião nesta sexta (15) define como Leão escolherá um novo presidente

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  • Vitor Villar

Publicado em 14 de março de 2019 às 17:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Maurícia da Matta / EC Vitória

O Vitória tem duas importantes discussões ocorrendo ao mesmo tempo e agora. Uma, que vem há nove meses, pretende reformar o estatuto do clube. Outra, iniciada após a queda à Série B, visa destituir a atual diretoria e o Conselho Deliberativo e antecipar as eleições gerais, previstas em estatuto para setembro.

Assim, nasce um imbróglio: de um lado, o grupo de conselheiros que quer aproveitar a antecipação das eleições – o que por si só exigiria uma alteração no estatuto – para ampliar as mudanças, finalizando assim o trabalho da comissão de reforma do estatuto, que iniciou em junho de 2018.

Outro grupo entende que uma decisão não pode ser vinculada à outra: uma reforma ampla do estatuto tomaria muito tempo, retardando assim as eleições gerais e a chegada de um novo presidente, o que deveria ser prioridade neste momento de crise.

Portanto, esta sexta-feira (15) promete ser crucial. O Conselho Deliberativo se reúne a partir das 19h, no Barradão, para discutir os dois assuntos. A expectativa é que o encontro termine com um consenso e assim se convoque a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) de sócios a fim de aprovar a antecipação das eleições gerais para maio.Em resumo, a proposta do primeiro grupo é reformar todo o estatuto, colocando nele de maneira excepcional a antecipação das eleições gerais, que escolheriam o presidente e os conselheiros para o primeiro mandato sob vigência do novo documento.Presidente do Conselho Deliberativo, Robinson Almeida já se mostrou a favor da ideia: “Existe essa possibilidade porque a própria antecipação das eleições já seria uma mudança no estatuto atual. Assegurei aos membros da comissão de reforma que o trabalho deles não será obstruído. Porém, o foco tem que ser na antecipação das eleições. São coisas que caminham em paralelo, podem ser agrupadas num mesmo tema”.

A argumentação deste grupo é proteger o trabalho que já foi realizado. Na visão deles, a eleição de um novo Conselho Deliberativo pode fazer o processo regressar à estaca zero, ou até mesmo ser engavetado.A minuta preliminar – ou seja, a proposta inicial – do novo estatuto do Vitória foi finalizada há 15 dias, e foi publicada no site oficial do clube nesta quinta-feira (14). A partir de agora, os sócios podem enviar sugestões de emendas e de alterações ao documento.“A antecipação das eleições gerais é plenamente possível de ocorrer na mesma AGE da reforma do estatuto. Não são excludentes, pelo contrário”, disse Tiago Bittencourt, relator da comissão de reforma do estatuto. “O sócio tem pela primeira vez a chance de dizer o que ele quer para a ‘constituição’ do clube. O trabalho feito pela comissão foi técnico e não político”, completou.

Almeida falou da importância de ouvir sócios de diferentes correntes: “Uma reforma de estatuto tem que ser aprovada por 60% dos presentes à AGE. Então exige um quórum muito alto e qualificado. Agora é a fase de debate em torno desse anteprojeto, de ouvir sugestões para que depois possamos convocar a AGE com um consenso em torno do documento”.

O outro lado Outros sócios creem que vincular a antecipação das eleições a uma reforma do estatuto seja uma chantagem: “Nada justifica nesse momento de crise se gastar energia e tempo na discussão da reforma de um estatuto que foi feito há menos de dois anos por esse mesmo Conselho”, disse o sócio e advogado Antônio Carlos Rodrigues, o ‘Cacau’. O atual estatuto foi aprovado em abril de 2017.

“Esses conselheiros não parecem nem um pouco preocupados com a situação do clube. O Vitória quase insolvente, à beira da falência. Algo precisa ser feito urgentemente, mas alguns só querem tomar essa atitude urgente se a reforma deles também for aceita”, completou o advogado.O grupo não se diz contra a reforma do estatuto, mas sim à vinculação dela com a antecipação das eleições. “Uma reforma ampla como essa precisa de um debate extenso. Alguns sócios, por exemplo, podem pedir adiamento da sua aprovação. Nós entendemos que o Vitória não tem esse tempo e que a troca de diretoria seja urgente”, explicou Cacau.O advogado é um dos líderes do movimento ‘Decide AGE’, que reuniu mais de 800 sócios pedindo a convocação de uma AGE visando antecipar as eleições. O pedido foi negado pelo ex-presidente do Deliberativo, Paulo Catharino, assim como pelo presidente Ricardo David e pelo Conselho Fiscal. Diante disso, o movimento convocou uma AGE à revelia para o dia 9 de abril.

Caso uma AGE com o mesmo intuito seja convocada pelo Deliberativo após a reunião desta sexta, o ‘Decide AGE’ desistirá da sua. “Porém a AGE precisa ter um item para tratar apenas da realização das eleições gerais o mais rápido possível, sem ser atrelada a nada”, completou.