Elon Musk, o caçador da bateria perdida

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Hugo Brito
  • Hugo Brito

Publicado em 1 de outubro de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Essa semana aconteceu o chamado “Dia Tesla da Bateria”, data em que o empresário da fábrica de carros elétricos mostra as novidades da marca. Dessa vez ele fez isso sem a imprensa (sic), uma atitude que reflete que o empresário não queria ouvir perguntas e, sim, fazer comunicados, ação talvez impulsionada pelo fato que marcou o “Battery Day”. A não apresentação prática da revolucionária bateria que enterraria de vez o carro convencional e seu poluente motor de combustão.

O único contato com Musk foi através do podcast Swisher, onde ele conversou com a jornalista Kara Swisher, do The New York Times. Na conversa, ele explicou que está evoluindo na tecnologia e que em breve apresentará o resultado, e completou dizendo que o protótipo é a parte mais fácil e que para chegar ao produto final os esforços podem ser 1.000% ou até 10.000% maiores. Em meio a todo esse cenário me fiz então uma pergunta.. Será que essa bateria revolucionária virá?

Gargalo tecnológico

Para tentar chegar a uma resposta conversei com o professor da UFRJ Edson Watanabe, que é membro do IEEE (Instituto de Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas), organização que reúne 420 mil profissionais de mais de 160 países. O professor começou contando que um dia encontrou um livro que mostrava que o assunto carro elétrico vem de antes do carro a combustão ser unanimidade.

No texto datado de 1888, um pesquisador refutava a possibilidade de carros a gasolina darem certo exatamente por causa do combustível. Para o autor da época ninguém, aceitaria andar em um veículo sentado em litros de combustível inflamável. Na mesma obra, o especialista também sinalizava que carros a bateria, mais seguros, seriam uma solução que surgiria em breve com a redução no tamanho das baterias. É óbvio que ele errou feio nas duas previsões, mas esse exemplo joga uma luz no problema da busca pelo carro menos poluente que presenciamos nos dias atuais.

Líquido e certo

Na conversa com o professor Watanabe ficou claro que o futuro vai ser com carros elétricos, e que estamos hoje mais próximos de resolver o problema de tamanho e autonomia com a tecnologia de baterias de estado sólido em substituição às atuais, que possuem substâncias gelatinosas na sua composição. Mas também ficou evidente que a bateria é apenas um ponto da mudança necessária para a adoção dessa forma mais limpa de mover os veículos. Um aumento na quantidade de carros elétricos vai forçar ajustes na infraestrutura das cidades para permitir carregar tantas baterias que, em carregamento convencional, não consomem mais que um chuveiro elétrico cada uma mas, no caso de cargas mais rápidas, podem chegar a consumir individualmente a energia de até 100 chuveiros.

Outro ponto que precisará ser pensado é o ambiental, já que não se pode cair no contrassenso de começarmos a usar termoelétricas gerando energia para alimentar carros não poluentes. Além disso, será necessário existir uma cadeia para o correto descarte ou reutilização das baterias usadas. O professor arremata dizendo que são chaves figuras como Musk, investindo em ciência e servindo como motor para uma concorrência, que levam outras empresas a mergulhar nos estudos e que esse cenário trará seguramente um salto tecnológico na direção do fim dos carros queimadores de combustíveis fósseis, que acabarão substituídos como foram os veículos de tração animal no passado. O planeta agradece.

Google lança produtos

Ontem aconteceu o lançamento mundial da Google TV, aparelho totalmente integrado ao sistema da empresa, do novo Chromecast equipado com controle remoto que atende comandos de voz, e também da nova linha de telefones Pixel 4A e 5. No evento também foi apresentada a Youtube TV que promete, juntamente com o aparelho de TV do Google, fazer a integração de todo o entretenimento em uma só plataforma que se completa com as novas caixas de som inteligentes Nest Audio. Sem dúvida, uma casa totalmente fluida e integrada é muito atraente, mas sem querer colocar água no chopep, essa infinidade de equipamentos capazes de rastrear ainda mais profundamente o comportamento e alimentar a Inteligência Artificial da marca, nos deixa com aquela velha pulga atrás da orelha.

Dilema sem respostas

Essa pulga passou a me incomodar muito mais desde a semana passada, quando assisti ao documentário da Netflix “O Desafio das Redes” e a alguns vídeos sobre terraplanismo (sic), que acessei para saciar minha curiosidade. Por causa desse incômodo, resolvi perguntar ao Google como a empresa avaliava a acusação do filme de existir um algoritmo que age sintonizado apenas pelo viés de conseguir mais gente clicando e, assim, ser capaz de vender mais, e se esse tipo de abordagem não estaria trazendo à tona ideias e comportamentos absurdos. A resposta da empresa foi direta: “Não vamos nos posicionar sobre o tema. De toda forma, gostaríamos de compartilhar com você algumas informações sobre o YouTube.”. Divido aqui algumas dessas informações, entre aspas,  exatamente como me foram enviadas e que não responderam à pergunta mas mostram que a empresa se preocupa com o que circula, pelo menos no YouTube.

Aspas

Em um trecho do material há uma parte que dá conta da chamada “Política dos 4 Rs de reponsabilidade”, sendo eles: “remover conteúdo que viola nossas políticas de comunidade, recomendar conteúdo de fontes confiáveis, reduzir a disseminação de conteúdo no limite de nossas políticas (“borderline”) e recompensar criadores confiáveis.”

Em outra seção vem o seguinte: “A prioridade do YouTube tem sido cumprir nossa responsabilidade e enfrentar os desafios para manter nossa plataforma aberta e democrática, mas também segura.”. Outra parte dá conta de que “no segundo trimestre de 2020, o YouTube removeu da plataforma 11,4 milhões de vídeos. 95% deles foram denunciados por meio dos nossos sistemas automáticos, 42% sem nenhuma visualização antes da remoção e 33% com até 10 visualizações. Só no Brasil, no mesmo período, foram removidos da plataforma 981 mil vídeos por violação das nossas políticas.”.  

Bem, saber que o Google se preocupa com o YouTube nos faz acreditar que há um cuidado com os outros sistemas também. Conhecer as políticas da plataforma também é um alento para o inevitável fato de que cada vez mais os sistemas saberão sobre nós, e serão usados para nos influenciar. Mas é só alento mesmo pois a meu ver esse processo, como já falei aqui outras vezes, é irreversível e vamos ter que desenvolver formas como a Lei Geral de Proteção de Dados (PGPD) para nos ajudar a conviver e fiscalizar, mas não muito mais que isso. Se quiser acessar o conteúdo das políticas de segurança do Youtube clique no link. Já se quiser dar uma olhada no relatório de ações nesse sentido clique aqui.