Elsimar Coutinho: ‘Torcer pelo Bahia é como um orgasmo feminino múltiplo’

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Nestor Mendes Jr
  • Nestor Mendes Jr

Publicado em 18 de agosto de 2020 às 05:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Em 17 de Agosto de 2013, na Fonte Nova, o Esporte Clube Bahia começava a reescrever a sua história. Resgatava o dístico de sua fundação: “Nasceu para Vencer”. Nesse dia, 3.089 sócios participaram da Assembleia Geral e estabeleceram eleições diretas para presidente, implodindo uma ditadura de 25 anos.

 Exatamente sete anos depois, neste 17 de Agosto, a covid-19 nos tira da “Turma Tricolor” o médico e cientista Elsimar Metzker Coutinho, nascido em Pojuca, Bahia, em 1930 - um ano antes da fundação do Esporte Clube Bahia (ECB). O polêmico cientista da pílula masculina, dos implantes hormonais e da tese de que “a menstruação é uma sangria inútil” estava entre os que participaram do movimento pela democratização e liberdade no Tricolor de Aço.  Ao lado de nomes como Fernando Jorge Carneiro, Fernando Schmidt, Fátima Mendonça, Mário Kertész, Sidônio Palmeira, Fernando Passos e João Carlos Teixeira Gomes, fomos buscar apoio de torcedores ilustres para a causa. E um deles era justamente o Dr. Elsimar. Pelo telefone, contei a situação. Respondeu: “Em que posso ajudar?”. Disse-lhe que uma declaração de apoio à causa libertadora já seria fantástica. Então, acertou de me receber pessoalmente.

Cientista se cadastrou para votar a favor da eleição direta para presidente do Esporte Clube Bahia: "Já briguei com a Igreja, com o Cardeal, por que não vou brigar com uns cartolas de meia-tigela?", declarou na ocasião (foto: Nestor Mendes Jr.)

Conforme combinado, cheguei na sua belíssima casa, debruçada sobre o mar de Ondina e brinquei que, daquela vez, a conversa não era sobre reprodução humana. Riu e disse: “É bom variar um pouco”, relembrando-lhe uma reportagem que eu fizera quando ele detonou a menstruação, declarando-a nociva e supérflua.  

Fiz um resumo da batalha política no clube, das brigas na Justiça, de como eram eleitos 300 conselheiros quando menos de 150 sócios estavam aptos a votar. Contou-me que não acompanhava o dia a dia do futebol, mas que sabia que o Bahia vivia “pelas tabelas”. “Já briguei com a Igreja, com o Cardeal, por que não vou brigar com uns cartolas de meia-tigela? Contem comigo, defendo a democracia e as diretas”, posando com uma ficha de filiação ao novo Bahia. 

A Medicina para o Dr. Elsimar não foi uma escolha, mas algo natural, uma herança de seu pai Elsior Coutinho, médico, farmacêutico e prefeito de Pojuca. Contudo, para o esportista que jogou tênis por 20 anos e adorava barcos e equitação, o Bahia foi uma paixão. Em entrevista ao jornalista Washington Souza Filho, edição 837 da revista Placar, de 9 de Junho de 1986, ele contou porque trocou o Galícia pelo Esquadrão: “Foi como a descoberta de uma nova mulher, depois da separação de quem a gente amava muito”.  

E até no futebol Dr. Elsimar aplicava os seus vastos conhecimentos sobre sexualidade e reprodução: “torcer pelo Bahia é como um orgasmo feminino múltiplo”. Nestor Mendes Jr. é jornalista, autor de “Nunca Mais! 25 Anos de Luta Pela Liberdade no Esporte Clube Bahia”.

Nestor Mendes Jr. é jornalista, autor de “Nunca Mais! 25 Anos de Luta Pela Liberdade no Esporte Clube Bahia”.