Elza Soares volta a Salvador para apresentar seu novo disco Deus é Mulher

Com seis décadas de carreira, Elza se mantém atual tanto em sua música quanto em seus discursos

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  • Kalven Figueiredo

Publicado em 12 de abril de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Daryan Dornelles / Divulgação

Elza Soares volta a Salvador para apresentar, pela primeira vez na cidade, o repertório de seu novo álbum, Deus É Mulher. Cidadã soteropolitana, com direito a título para comprovar, ela garante que a expectativa para o encontro que acontece nesta sexta-feira (12) é a melhor de todas. “Eu quero que seja a melhor experiência para esse público lindo. E darei o melhor de mim porque a Bahia merece”, afirma Elza. 

Dizer que Elza Soares lançou um disco político e atual soa até redundante. Até porque seu fãs já esperam esse tipo de coerência entre vida pessoal e carreira. Com nome provocativo, Deus É Mulher retrata temas como o empoderamento feminino e negro, preconceitos religiosos e liberdade sexual. 

Dessa forma, a escolha do título do álbum se deu de forma natural. “Deus para mim é uma energia altamente positiva, porque se Deus fosse homem já tinha acabado com o mundo. E a mulher é quem gera, acaricia, amamenta. A mulher já nasce sangrando, sofrendo. Então Deus é mulher”, defende. 

A exaltação da figura feminina se mantém em todo o trabalho e fica evidente nos versos de Dentro de Cada Um, música assinada por Luciano Mello e Pedro Loureiro: “A mulher dentro de cada um não quer mais silêncios/ A mulher de dentro de mim cansou de pretexto”. A exaltação segue na canção que inspirou o nome do álbum, Deus Há de Ser, de Pedro Luís. “Deus é mãe / E todas as ciências femininas”.  

Embora aborde temas tão densos, na mesma linha do premiado A Mulher do Fim do Mundo (2015), Elza fez questão de que o trabalho fosse  alegre e dançante. O pedido veio da própria artista, após notar que o clima pesado e triste das músicas nos shows de sua turnê anterior. “Pensei que seria bom dar uma animada nas coisas”, explica.  

O pedido foi prontamente atendido pelo produtor Guilherme Kastrup. O som mais eletrônico, com uma pitada punk-rock, sem deixar de lado as influências de Elza da black music, foi o caminho utilizado para mudar a energia dos shows. 

Renovação - Com seis décadas de carreira consolidada, Elza se mantém atual tanto em sua música quanto em seus discursos. Isso se reflete na renovação de seu público. A voz rasgada, que lhe deu o prêmio de cantora do milênio pela BBC, chegou no presente com o desejo de ser a voz de dois milênios.

 “Me sinto orgulhosa, honrada e agradecida ao mesmo tempo. Porque não foi a todo mundo que Deus deu esse direito. Eu estou muito feliz com esse momento da minha carreira, em que consigo estabelecer esse elo com tantas gerações”, reflete Elza. 

Mesmo com tantos anos de carreira, cada apresentação se mantém única e mexe com seu emocional. “Sempre é emocionante. Principalmente, quando eu defendo a comunidade LGBT, as mulheres e os negros”, lembra. “Quando falo contra a homofobia, isso não deixa de mexer comigo. Eu tenho pavor dessa palavra, e vou para o palco para defender isso”.

Acompanhada de sua banda, formada pelos músicos Rafa Barreto, Marcelo Cabral, Luque Barros, Rodrigo Campos, Guilherme Kastrup, Mestre Dalua e Rubi, a cantora promete apresentar as 11 canções que compõem o disco lançado pela gravadora Deck. 

*Sob orientação da editora Doris Miranda

Serviço:

O que: Elza Soares - Deus é Mulher

Onde: Teatro Castro Alves (Campo Grande).

Quando: Sexta (12), às 21h.

Ingresso: R$ 150 | R$ 75 (filas A a W), R$ 120 | R$ 60 (X a Z6), R$ 90 | R$ 45 (Z7 a Z11). Assinantes do Clube Correio têm 20% de desconto.