Em biografia, Luiza Brunet conta sua história e não esconde detalhes polêmicos da vida

Filha de dona Alzira e seu Luiz, Luiza nasceu em uma choupana de sapê, em Itaporã, no Mato Grosso do Sul

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  • Da Redação

Publicado em 8 de fevereiro de 2014 às 14:03

- Atualizado há um ano

Quem iria imaginar que Luiza Brunet, 51 anos, que ficou famosa na década de 1980 e se acostumou a desfilar em passarelas mundo afora, passou a infância entre cafezais da Vila Montese, no município de Itaporã, no Mato Grasso do Sul?A infância no Pantanal é apenas uma parte da história de vida da modelo que está descrita na biografia Luiza (Primeira Pessoa/R$ 39,90/288 págs), escrita pela jornalista Laura Malin. O livro tem prefácio de Fernando Henrique Cardoso. Fã do político e filiada ao PSDB, Luiza o convidou e ele, surpreso, aceitou. “É difícil parar de ler a história da vida de Luiza Brunet, contada por ela mesma através da escrita talentosa de Laura Malin”, resume FHC.Filha de dona Alzira e seu Luiz, Luiza nasceu em uma choupana de sapê, em Itaporã. Seu pai trabalhava em uma fazenda de café e sua mãe cozinhava para os lavradores. Crescer no meio do mato e com poucos recursos permitiu a Luiza e seus seis irmãos brincar com o que a natureza oferecia. “Subíamos em árvore, brincávamos de correr atrás dos pintinhos, fazíamos bonecos de espiga de milho”, conta.Violência O conflito sempre esteve presente na relação dos pais de Luiza. A mãe se tornou “um bicho do mato” que, apenas, cuidava dos filhos e da casa. O pai, um homem frustrado, se tornou alcoólatra e passou a agredir a esposa. Em uma das várias discussões que ela e os irmãos presenciaram, o pai tentou atingir a mãe com um facão. “Vou te matar, Alzira!”, ela recorda do seu grito. Em busca de uma vida melhor, a família se mudou para o Rio de Janeiro: com apenas 14 anos, Luiza trabalhou como babá em uma casa de família. Foi nesse emprego que ela conheceu o assédio. Um vizinho do prédio em que trabalhava esperou os patrões dela saírem e entrou no apartamento, mesmo contra a vontade da modelo. Ele levantou sua blusa e a beijou à força. “Ele me encurralou na parede da sala. Era uma figura horrorosa”, lembra. Vida NovaCom 17 anos, na época ainda Luiza Botelho da Silva, conheceu o primeiro marido, Gumercindo Brunet. Ele era filho dos donos do posto de gasolina em que seu pai trabalhava. Casou-se e foi morar na zona sul do Rio com o homem que lhe mostrou um novo mundo. “Com Gugu, conheci a vida que jamais havia imaginado que existisse”, revela.Sua carreira de modelo começou por acaso. Fã de Rose di Primo, foi convidada por um amigo para conhecê-la em uma sessão de fotos. Lá, o fotógrafo pediu para que ela posasse também, e daí em diante não lhe faltaram propostas de trabalho. Estampou várias capas de revistas - como Manchete, Claudia, Ele Ela e Vogue  - e desfilou em cidades como Paris e Nova York. E em uma viagem de trabalho, vivenciou sua única experiência homossexual com outra modelo com quem dividiu um quarto. “Ela estava na minha cama e me abraçava por trás. Senti seu perfume e, em seguida, seu beijo. Me deixei levar”, confidencia Brunet.De volta ao Rio, descobriu que estava grávida. Porém, não estava preparada para ser mãe e decidiu interromper a gestação. Esse foi o seu primeiro aborto. Brunet, 51 anos, lança biografia: infância pobre, assédio, abortos, sucesso fashion e experiência gayO ápice da carreira foi quando se tornou garota-propaganda da marca de calças jeans Dijon, de Humberto Saade. “A Dijon era uma das melhores marcas do Brasil”, elogia.Sua carreira se fortalecia, mas dentro de casa a história era diferente. O casamento estava desgastado e, em uma tentativa de salvá-lo, ocorreu o oposto: ela conheceu o homem da sua vida. Em uma viagem com Gumercindo para a casa de uma amiga, ela conheceu Armando. “De cara, nossos olhares cruzaram-se sem que conseguíssemos desviá-los. Armando era com certeza o homem da minha vida”, assume. Duas semanas após se separar, Armando foi morar com ela.Em 1987, nasceu a primeira filha, Yasmim. “Foi a maior mágica da minha vida quando a vi pela primeira vez”, revela Luiza. Onze anos depois, já com 36 anos, teve o segundo filho: Antônio. O parto foi complicado e o bebê teve que ir para a UTI. “Foi uma dura caminhada até sairmos de lá, oito dias depois. Mas o principal estava nos meus braços: Antônio”, diz.Oito meses depois do nascimento de Antônio, Luiza descobriu outra gravidez. Ainda traumatizada com o último parto e com um filho ainda bebê, ela optou mais uma vez por encerrar a gestação.MaturidadeO segundo casamento também chegou ao fim. A filha, que seguiu seus passos, foi morar e trabalhar como modelo em Nova York, e o filho ficou com ela. Madura, Luiza decidiu se dedicar à vida de empresária e a projetos sociais, e encontrou um novo amor. “A vida é como o mar que eu vejo todos os dias da janela da minha alma: sempre o mesmo e sempre diferente”, filosofa.