Em busca de Justiça: invasão e agressão a terreiro serão investigadas por grupo de órgãos

Babalorixá relata descaso e pede que crime seja visto como intolerância religiosa

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  • Bruno Wendel

Publicado em 14 de janeiro de 2019 às 16:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga

Integrantes do Terreiro Ilê Axé Ojisé Oludumare em reunão com Sepromi (Fotos: Evandro Veiga) O inchaço, os pontos e as dores no rosto parecem pequenos diante dos danos emocionais causados após a agressão ao sagrado. “Precisamos nos proteger, parar com essa intolerância”, declarou o babalorixá Rychelmy Imbirida. Ele levou uma coronhada no rosto neste sábado (12),quando bandidos invadiram o Terreiro Ilê Axé Ojisé Oludumare, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS).

O líder do terreiro e outros religiosos estiveram nesta segunda-feira (14) na Secretaria de Promoção de Igualdade Racial (Sepromi), que está à frente da Rede de Combate ao Racismo e a Intolerância Religiosa do Estado, que vai apurar o caso. A Rede é um centro integrado formado por representantes da sociedade civil e instituições públicas, onde são ouvidas as denúncias e passadas orientações às vítimas de racismo, com finalidade de propor ações que combatam a discriminação racial e a intolerância religiosa.

Entre os órgãos participantes estão a Sepromi, Secretaria de Segurança Pública (SSP), Polícia Civil (PC), Polícia Militar (PM), Ministério Público do Estado (MP-BA), Defensoria Pública do Estado (DE-BA), Tribunal de Justiça do Estado (TJ-BA) e outras entidades. De 2015 até hoje, Sepromi registrou 17 ocorrências de ataques à terreiros de candomblé – 2015 (4), 2016 (05), 2017 (03), 2018 (04) e 2019 (01).

Babalorixá relata descaso e pede que crime seja visto como intolerância religiosa Além de contar com a investigação do grupo de órgãos, nesta tarde, o babalorixá Rychelmy Imbirida irá à delegacia de Monte Gordo para acrescentar à ocorrência policial a intolerância religiosa sofrida pelos membros do terreiro.“Quando foram à delegacia, os integrantes do terreiro relataram a intolerância religiosa, os xingamentos, a violência contra os orixás no momento de transe, mas os policiais só queriam saber do que foi roubado, só a questão material”, explica o babalorixá.O líder religioso ficou incomodado com a postura dos policiais em relação aos demais danos causados ao local o que, para ele, soou como descaso.

Através da sua assessoria de comunicação, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que apenas a Polícia Civil se manifestará sobre a acusação do líder religioso. Até o momento do término desta reportagem, a PC não se manifestou.

Investigação pela Rede contará com apoio psicológico De acordo com a a secretária da Sepromi, Fábya Reis, falou sobre como funcionará a investigação, que acontecerá em paralelo com o apoio às vítimas.

“Colhemos os relatos e vamos encaminhar ao Ministério Público para que as devidas providências sejam tomadas. Eu relatei o caso também ao Secretário de Segurança Maurício Barbosa que disse que os agentes estão focados na identificação dos criminosos. Paralelo a isso, estamos oferendo toda a assistência as vítimas, inclusive apoio psicológico”, explica.

Segundo Fábya, em paralelo, a Sepromi dará continuidade aos debates na sociedade e campanhas apara alertar sobre o crescimento dos ataques aos terreiros, como uma forma de tentar coibir esses atos, já que racismo e intolerância são crimes. O caso é investigado pela Polícia Civil.