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Da Redação
Publicado em 23 de abril de 2019 às 11:40
- Atualizado há 2 anos
Há cada vez mais jovens profissionais na faixa de 5 a 15 anos de atividade com nostalgia de um passado que mal conheceram ou apenas ouviram falar. Não de trata de saudosismo, como seria no caso de gerações que os antecederam e levaram a publicidade, aqui e nos principais mercados do mundo, a um patamar exuberante de qualidade, eficiência, eficácia e rentabilidade.>
A revolução tecnológica-digital, que trouxe todo um universo de possibilidades, facilidades e esperança, colocou abaixo muito do que havia sido edificado e conquistado e, contrariando as previsões mais otimistas, não deu muito certo - com raríssimas exceções.>
A esmagadora maioria dos empreendimentos digitais simplesmente não decolou ou vem operando aos trancos e barrancos, com baixa ou nenhuma rentabilidade, alguns vivendo de capital especulativo, na espera do milagre da sustentabilidade que não acontece.>
No caso dos consumidores, eles já se mostram cansados dos truques baratos, do amadorismo, da inconsequência e da falta de encantamento que estavam esperando da avalanche de disponibilidade e possibilidades do mundo digital.>
Entre os anunciantes, estes estão engatando a marcha a ré. Depois do sonho da publicidade gratuita ou barata, dos consumidores engajados com suas marcas e da alta velocidade de se chegar ao sucesso, que simplesmente não vem acontecendo.>
As agências descobrem-se em uma bad trip, após a euforia de um ambiente com menos regras, baixa barreira de entrada e possibilidade de todas atenderem a qualquer gênero de cliente, de qualquer tamanho. Na concorrência predatória em que se meteram, como maior ou menor sanha, a maioria opera com dificuldades, entrega pouco e vê o mercado perto de desandar.>
Os meios tradicionais de comunicação oscilam entre os muito prejudicados, que vivem um terrível pesadelo, como os jornais e revistas; outros que se safaram razoavelmente, como o rádio; ou que até têm ido bem, como a TV e a mídia OOH, que estão incorporando com sucesso parte dos novos recursos. E a mídia digital, que entrou no modelo de que o vencedor leva tudo, busca desesperadamente uma saída para a armadilha na qual se enfiou.>
De um modo geral, porém, quase todos do setor publicitário, tanto empresas como profissionais, estão trabalhando mais, faturando menos e perdendo inspiração, vontade e esperança.>
Os profissionais de todas as áreas, em particular, se descobrem ganhando menos do que sonhavam, trabalhando muito mais e sofrendo um nível de stress alarmante. O eldorado na nova economia está se mostrando mais para uma madrasta perversa do que um pai amoroso (ou mais para um padrasto mau que uma mãe dedicada).>
A realidade é que quando havia menos recursos e facilidades existia maior empenho, inteligência e esforço na estruturação de soluções>
Até pela limitação de alternativas, os anunciantes experimentavam menos, investiam com maior segurança e obtinham retornos mais previsíveis.>
Na proporção do volume de competidores daqueles tempos áureos da publicidade, mais marcas com maior força, rentabilidade, sustentabilidade e permanência foram construídas, com menos "unicórnios", que são a exceção da exceção, e mais solidez na estruturação de mercados de relevância.>
Não se trata, evidentemente, de propugnar um retorno aos "bons velhos tempos", porque eles realmente não voltarão mais, mas olhar com atenção e senso crítico para o que era bom no passado e deve permanecer e ser resgatado, seja em sua forma tradicional, com uma roupagem moderna, ou até radicalmente transformado pelos recursos digitais, mas sem perder sua essência vencedora de décadas ou, mesmo, secular.>