Em encontro com o agro, Neto defende regionalização para alavancar o setor 

"O Estado precisa chegar na ponta", defendeu pré-candidato

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  • Da Redação

Publicado em 24 de maio de 2022 às 15:17

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Pré-candidato ao governo da Bahia, ACM Neto (União Brasil) firmou compromisso de diálogo permanente com o setor agropecuário baiano em um eventual governo. Durante encontro na sede da Federação da Agricultura e Pecuária – Bahia (Faeb), em Salvador, na manhã desta terça-feira (24), o pré-candidato defendeu a descentralização dos comandos de decisões estatais como modelo de desenvolvimento estratégico para a área, o que movimentaria a base econômica do estado, gerando emprego e renda a partir das cadeias produtivas do setor: pecuária, grãos, frutas e outros. Em 2021, o agronegócio foi o campo de maior crescimento na Bahia, superando a indústria e os serviços. Com provimentos da ordem de R$ 94 bilhões, representou 27,1% do PIB estadual. 

O evento contou ainda com a presença do vice-governador João Leão (PP), do pré-candidato ao Senado Cacá Leão, além de deputados estaduais, do presidente da Faeb Humberto Miranda e dezenas de produtores rurais das mais diversas regiões baianas. 

Ao citar a reestruturação no modelo de gestão, Neto apontou especialmente para o redesenho da Secretaria Estadual de Agricultura, que durante os governos petistas perdeu importância e destinação de recursos em função da criação da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), voltada ao desenvolvimento e apoio dos pequenos produtores e da agricultura familiar.“Mexer na base econômica e olhar o estado como um todo. O caminho está no agro, na agricultura. Olhar para o pequeno e para o grande produtor sem divisão, sem sectarismo”, disse.O ex-prefeito de Salvador também criticou o fim da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), implementado pelo governo Rui Costa (PT), e a falta de investimentos na estrutura da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab). 

“Nós vamos reestruturar completamente a gestão pública e vamos mudar a postura e a cultura no posicionamento do governo em relação à agricultura na Bahia. O que nós temos hoje, e as ações e omissões dos últimos anos, está trazendo prejuízos para a agricultura da Bahia. Tudo isso será revisto. É providência a ser tomada na transição, caso eu seja eleito. Vamos redesenhar completamente a Secretaria de Agricultura, vamos afastar a politização, priorizar os elementos técnicos. Será uma secretaria técnica, voltada para a produtividade, para as metas de gestão”, enfatizou. 

Neto listou também listou como prioridades as ações de suporte e capacitação técnica, investimento em tecnologia e telecomunicações, em infraestrutura, a exemplo da recuperação de estradas e construção de vias que permitam a interligação de regiões, facilitando o escoamento e a segurança dos produtores, assim como uma visão amplificada da logística como perspectiva de expansão. Segurança jurídica, fundiária e aumento do volume de regulamentação de terras integram as propostas de crescimento do setor.  

“Eu pretendo levar para o governo do Estado algo que eu trouxe para Salvador, que é uma gestão descentralizada. Temos 4017 municípios. O Estado precisa chegar na ponta. No caso da agricultura, o Estado precisa estar perto de quem produz. Temos a ideia de traçar um modelo de desenvolvimento para cada região e vamos precisar ter um braço de gestão que se aproxime, não só levando serviços, mas também descentralizando decisões nas regiões do estado”, acrescentou Neto. As regiões oeste e extremo sul podem ser as pioneiras na proposta de gestão regionalizada.  (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Palanque aberto  Durante coletiva de imprensa ao final do evento, o pré-candidato comentou as alianças e apoios políticos, reforçando a decisão de independência, configurada na não adoção de apoio restrito a nenhum pré-candidato à Presidência. A ideia á manter o “palanque aberto” e o “foco na Bahia”.

“Nós não temos neste momento nenhum tipo de entendimento ou diálogo com qualquer candidato a presidente que seja. Nós temos uma linha que eu apresentei desde o começo do ano passado, e que nós vamos seguir, de não ter nenhuma candidatura exclusiva para presidente da república. Deixar o nosso palanque aberto e manter o compromisso de governar o nosso estado com qualquer presidente que o Brasil venha a escolher. Fora isso, qualquer coisa é mera especulação”, destacou. 

A postura foi ratificada pelo por Cacá Leão: “Especulação. A gente tem sido alvo desse tipo de ataque tentando nacionalizar a disputa aqui no estado. Isso não está no nosso radar. Não estamos fazendo nenhum tipo de diálogo com candidato A ou B. O nosso foco é a Bahia, são os baianos”.  

As falas fazem referência à informação veiculada pelo Jornal Valor Econômico, segundo a qual, nos bastidores, haveria uma movimentação para desarticular a pré-candidatura de João Roma como sinal de apoio à Neto. A ação estaria, segundo a publicação, com o aval do presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Terceira via Para Neto, ainda é muito cedo para se demarcar a viabilidade de uma terceira via para a disputa presidencial brasileira em outubro próximo. O posicionamento do ex-prefeito de Salvador vem à reboque da desistência da pré-candidatura oficializada pelo ex-prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). O anúncio foi feito nesta segunda-feira (23).

Ele avalia que Doria tomou a decisão em reconhecimento às suas condições políticas “Ele estava sem o apoio do PSDB e tomou essa decisão de decidir da pré-candidatura. Temos de respeitar a decisão dele. Não me cabe fazer qualquer tipo de juízo”, destacou. Doria foi o segundo pré-candidato a desistir da corrida eleitoral pelo Palácio do Planalto. Sergio Moro, hoje União Brasil, deixou a disputa quando decidiu pela saída do Podemos. 

“Moro desistiu, Doria desistiu. Isso vai deixando o cenário mais claro. Vai mostrando quem são os nomes que efetivamente podem continuar nesse processo. É cedo para a gente poder dizer qual vai ser a viabilidade ou não de uma terceira via, se vai conseguir juntar todo mundo ou se vai continuar ainda fracionado. É prematuro. As coisas só vão ficar mais claras em julho. Hoje se tem uma pré-campanha marcada pela presença de dois nomes muito conhecidos, dois nomes que estão polarizando esse debate desde o ano passado, que é o atual presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula. Então, não vejo espaço neste momento, e nem se deve ter neste momento, expectativa de que uma terceira via possa aparecer com intensidade e consistência . Depende do eleitorado e só vai acontecer quando a campanha começar”, avaliou Neto durante a entrevista.