Em matéria de Bahia ao quadrado, só podia dar Bahia

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  • Gabriel Galo

Publicado em 22 de abril de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Realizado fosse estudo energético sobre o terreno sagrado da Fonte Nova, a constatação seria óbvia. Flui ali axé azul, vermelho e branco em cascata, com a proteção dos orixás do Dique do Tororó.

Afastado precocemente da contenda o lado rubro-negro da força, restou a confluência de baianidade na finalíssima estadual. Era, pois, Bahia x Bahia, na Bahia, dentro da velha cidade da Bahia, em cores que não haviam de variar e somariam três.

Garantiu-se no ineditismo do confronto derradeiro também a manifestação da baianidade elevada às últimas (in)consequências. Em verde campo, aos olhos dos envolvidos e romantizadores de instantes, bateria-se um BaxBa de catiguria profissional.

Em domingo santo, era Bahia demais para ignorar o que matemática afirma: em matéria de Bahia ao quadrado, só podia dar Bahia.

À validade estatística seria acrescida a ingerência divina na criação do mito fundador da religião que prega em causas de acréscimos do segundo tempo. Com o Bahia em campo, o jogo não tem definição até se esgotarem as fichas da esperança.

Diz-se que o mito nasceu assim: Datam os primeiros movimentos construtivos da mitologia ao famoso xaréu da abertura dos portões da velha Fonte aos quarenta e tantos minutos da segunda etapa. A massa invadia o sacro aposento pela região onde a ferradura não se juntava. Aos milhares, desvalidos sedentos pela alegria minguante levavam consigo injeção substancial de ânimo que contagiava o escrete em campo e os conduzia, no grito de suas vozes, à vitória quando a esperança se esvaía. Ouviam-se comentários entre temerosos e empolgados - a depender de seu lugar na arquibancada -, no ocaso do baba, “alapalá” (beijo, Gil) “ó paí, ó”.

Os tantos, eguns de espírito evoluído na resistência à desvalença, atraíram a simpatia de Xangô Aganju. De caráter violento e vingativo, o orixá passou a emprestar seu poder a elementos acusados de incapacidade. Provia-lhes elevação e glória, embora única feita da carreira. Dilema aceito por Raudineis e Rogerios, sob sua intercedência.

No BaBa ponto final, o Bahia de Feira quis seu quinhão. Pediu à quintessência para conquistar um tento mais. Xangô Aganju, apesar de afeiçoar-se com a bravura dos novatos, riu-se.

Levou o heroísmo ao vilão do futebol, o goleiro Anderson e o penal defendido. Buliu-se quando o arqueiro feirense se postou na área para buscar o empate, mas se conteve. Arguiu que o tento a mais estava nas escrituras do hino do maior. Fez valer-se também a fidelidade de décadas da parceria. E respeitou a matemática que somou mais um título ao recheado salão de troféus do gigante baiano.

Parabéns, Bahia de Feira. Mas só podia dar Bahia. Com merecimento e sofrimento.  

Gabriel Galo é escritor