Em reunião com governador, União reconhece decreto de emergência da Bahia

Ministro do Desenvolvimento Regional se encontrou com Rui Costa e o vice-almirante André Luiz Santana, comandante do 2º Distrito Naval

Publicado em 21 de outubro de 2019 às 21:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Manu Dias/GOVBA

O decreto de situação de emergência da Bahia foi reconhecido sumariamente, nesta segunda-feira (21), pelo governo federal, informou o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto. A decisão foi anunciada após reunião com o governador da Bahia, Rui Costa, e o Vice-almirante André Luiz Santana, comandante do 2º Distrito Naval, onde ocorreu o encontro.

Agora, o estado pode apresentar para a União um pedido de envio de recursos federais. Segundo o ministro, o governo vai enviar mil equipamentos para a Bahia. “Queremos chegar nas praias mais isoladas e difíceis. A ideia é limpar assim que o óleo chegue, se chegar. Trabalhamos quando o resíduo chega e investimos cada vez mais nisso, por isso o envio dos EPIs, o apoio do exército e da Defesa Civil”, afirmou.

Com 900 toneladas de óleo retiradas das praias nordestinas, a preocupação de Canuto é o turismo da região. O chefe da pasta afirmou que grande parte da economia local depende do setor. “A gente precisa deixar claro para todos aqueles futuros banhistas que virão para o Nordeste que fiquem tranquilos, estamos olhando as praias. Trabalhamos para uma resposta rápida”, falou sem deixar de completar que a maioria das praias da região estão limpas.

O governador disse que sete dos nove estuários do Litoral Norte estão contaminados com óleo. Para lidar com a situação, o estado pediu, durante a reunião, que a União auxilie a Bahia no acompanhamento das ações nos mangues. “O problema são nos mananciais, que são um local de reprodução da vida marinha, especialmente nos manguezais. É uma área muito sensível e é muito difícil retirar os óleos destes locais”, avaliou. Os especialistas devem ainda estudar se é possível conter os resíduos com barreiras. O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) vai passar a acompanhar as discussões técnicas.

De acordo com o ministro, o governo federal vai disponibilizar uma equipe para realizar uma vistoria nos locais para saber se a limpeza é a única possibilidade de impedir ou minimizar a contaminação pelo óleo.

Até o momento, as ações de combate ao óleo se restringem à limpeza, porque o petróleo cru se movimenta abaixo da superfície da água. O governador contou que a Marinha explicou o empecilho durante a reunião. “A Marinha esclareceu que eles, com toda tecnologia que possuem, não conseguem localizar as manchas de óleo, porque, pela densidade do material, fica um pouco submersa, o que não permite que os instrumentos existentes capturem a imagem ainda no mar. E só é possível, infelizmente, captar quando já toca na areia”, disse. 

Para o próprio governo federal, essa característica de movimentação do óleo reduz as possibilidades de ação. Segundo ele, o governo faz o monitoramento constante da costa para ter uma ação rápida de limpeza. “Temos limitações, que são relacionadas a natureza do desastre. É algo inédito. São 2.500 km de costa, imagine verificar a situação nesse litoral imenso”, pontuou.

Por parte do governo estadual, Rui afirmou que uma empresa foi contratada para fazer o descarte do produto na capital e em outros municípios baianos afetados. “A partir de amanhã, o material que já foi retirado das praias começará a ser recolhido para ser descartado de forma correta. Queremos evitar que a população fique exposta ao produto”, falou. O governo vai entregar para os municípios equipamentos para auxiliar o trabalho de retirada do óleo nas praias e containers para armazenar os resíduos de forma segura.   Também estiveram presentes na reunião o superintendente do Ibama-BA, Rodrigo Santos Alves; membros do Grupo de Acompanhamento do Plano Nacional de Contingência do Derramamento de Óleo no Litoral Nordestino, secretário do Meio Ambiente do Estado (Sema), João Carlos Oliveira da Silva; o chefe da Casa Civil da Bahia, Bruno Dauster; entre outros representantes do Estado e da União.

Apoio do Exército O Exército colocará à disposição das operações de limpeza das praias do Nordeste, atingidas por manchas de óleo, cinco mil homens das tropas da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, sediada em Recife. Os militares também devem oferecer equipamentos para apoio a órgãos de defesa civil dos Estados.

A informação foi dada, nesta segunda-feira (21), pelo presidente em exercício, o general Hamilton Mourão, após reunião no Ministério da Defesa sobre as ações para conter o avanço da mancha. Segundo o general, ficarão à disposição entre 4 a 5 mil homens do Exército.

Segundo Mourão, foram recolhidas até agora cerca de 900 toneladas de óleo, misturado com areia e outras substâncias, em 207 áreas dos 2.500 km da costa nordestina. O material está sendo entregue para aproveitamento em fábricas de cimento, disse o general.

Não há previsão do governo sobre quando irá cessar o avanço do óleo, mas o volume que chega às praias está diminuindo, disse Mourão. “Vamos aguardar investigações, usando todos os sistemas de inteligência, não só nosso, mas também internacional. Esse acidente é inédito no mundo”, disse Mourão.

Óleo no Rio Joanes O Ibama foi acionado nesta segunda para vistoriar a situação do Rio Joanes, em Lauro de Freitas, após a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH) da cidade ter identificado vestígios de óleo em pontos do estuário.

Veja também: Manchas de óleo aparecem na sede do Rio Joanes

O curso d’água é é um dos principais mananciais que abastece a Região Metropolitana. Em Lauro de Freitas, as equipes de contingência da Prefeitura de Lauro de Freitas continuam com o trabalho de remoção das manchas de óleo em toda a orla municipal.

Em Salvador, não é registrada a chegada de novas manchas desder a última sexta (18). As equipes trabalham na retirada de vestígios e fragmentos do que ainda restou nas pedras e areia.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro