Em Salvador, João Amoêdo defende unificação de impostos e critica Bolsonaro

Candidato do partido Novo a presidência também afirmou que é contra o aborto

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  • Tailane Muniz

Publicado em 20 de setembro de 2018 às 22:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Almiro Lopes/CORREIO

Candidato à Presidência da República pelo partido Novo, João Amoêdo afirmou, em entrevista coletiva na noite desta quinta-feira (20), no Clube Espanhol, em Salvador, que é diferente do candidato Jair Bolsonaro - embora ambos se autointituem liberalistas. Para ele, o candidato do PSL é liberal "apenas no discurso". "[Bolsonaro] nunca votou a favor de pautas liberais. Por enquanto, infelizmente, ele fica só no discurso. Acho que a semelhança entre nós fica nisso, porque olhando o histórico de Bolsonaro, em 29 anos de atuação no Congresso Nacional, ele não demonstrou ser uma pessoa liberal", salientou Amoêdo. O candidato, que atendeu à imprensa durante evento de seu partido, disse também que é contra o aborto, mas que respeita quem é favor - o que, segundo ele, caracteriza seu liberalismo. Amoêdo salientou, ainda, que o partido Novo, como um todo, é a favor da união homoafetiva.

"Eu nem gosto muito dessa classificação de conservador e liberal quanto aos costumes. Por uma questão religiosa, sou contra o aborto, porque eu acredito que o nascimento ocorre já no primeiro momento, que a vida humana já está existindo. Fora os casos previstos em lei, sou contra. Mas não seria liberal não aceitar que outras pessoas sejam a favor, respeito quem pensa diferente", disse ele.

Ainda sobre o discurso liberal, Amoêdo acrescentou que é importante manter essa vertente na economia."Acho importante sermos liberais na economia porque, no fundo, foi o que funcionou em todas as nações do mundo que prosperaram. Meu liberalismo significa que as pessoas devem ter direito às opinões". Segundo turno Questionado sobre quem apoiaria em um eventual segundo turno entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), Amoêdo afirmou que está concentrado no primeiro turno. Segundo ele, a possibilidade de seus eleitores migrarem para Bolsonaro é "irrelevante". 

"Eu estou num processo de disputa com ele [Jair], Haddad e com os outros. Não tem porque a gente antecipar uma eleição apra o segundo turno, acho um erro levar uma indução das pessoas, vamos nos concentrar no primeiro turno".  João Amoêdo disse que seus 3% de popularidade são "animadores" (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) Unificação de impostos Amoêdo pontuou que uma das principais metas do seu plano de governo é unificar os impostos já existentes no Brasil. "O ideal seria a redução de carga. Mas no primeiro momento, a ideia é unir PIS, Confins, ICMS e IPI num único imposto. O Brasil é o país do mundo onde mais se gasta em quantidade de horas só para calcular tributos. Fazendo isso, a gente dá uma simplicidade e ganha produtividade", explicou, acrescentando que a carga tributária do país é complexa e elevada.

"Seria o imposto sobre o valor agregado, que é o que já funciona nos Estados Unidos e Europa. E, claro, ter um prazo para a efetivação disso. Tem alguns estudos mostrando que isso pode ser implementado em uns dez anos, num processo gradual, para não haver tantas perdas entre os estados", acrescentou.

Reforma da Previdência A ideia do candidato é elevar a idade mínima a 65 anos e o tempo de contribuição, para casos de aposentadoria integral, segundo ele, em torno de 40 anos. "Claro, se a pessoa tiver uma contribuição menor, existir uma coisa proporcional. E ter, também, uma fase de transição de um modelo para o outro". "O principal é que a previdência seja sustentável, essa é a base do raciocínio. Para que a gente possa segurar as outras obrigações do Estado, como saúde, edução e segurança. Porque se não for uma previdência sustentável, ela vai levar quase toda parte de tributos só para pagar as aposentadorias e a gente compromete os outros direitos do cidadão", ressaltou o candidato. Questionado sobre a relação com o Congresso Nacional, João Amoêdo disse que o partido Novo pretende eleger, ao menos,  dez deputados federais. "Lançaremos mais de 220 candidatos [a deputado], temos a meta ambiciosa de 30 deputados. Dez [eleitos] já será uma bancada relevante para a primeira eleição do Novo", explicou ele, acrescentando que o partido vai investir em um "modelo de transparência". 

"A gente gostaria de fazer toda segunda-feira uma reunião com o Congresso, discutir as reformas e abrir para ouvir dos parlamentares as dúvidas e os questionamentos. Assim, decidir o que é melhor para o cidadão", concluiu. 

Popularidade O fato de não ter sido convidado por redes de televisão para os debates foi comentado pelo candidato, que afirmou que os 3% que o partido tem marcado nas pesquisas é relevante. 

"Fizemos uma abaixo-assinado que está caminhando para 800 mil assinaturas de pessoas que gostariam de me ver nos debates. Nossa posição nas pesquisas têm oscilado entre 3 e 4% dos votos totais, a minha percepção é de que podemos até ter números superiores a isso, porque dentro da margem de erro a gente poderia estar indo até a 6%". 

Amoêdo, no entanto, defende que a posição é "animadora" já que, segundo ele, alguns dos outros candidatos têm muitos anos na política e mais exposição midiática. O partido, em sua primeira eleição, está com 5 segundos de tempo de propaganda.