Em sua 26ª edição, Prêmio Braskem de Teatro celebra a arte, a cultura e a sociedade

Por Que Hécuba, O Mundo das Minhas Palavras e O Teatro é de Cordel são os espetáculos vencedores da premiação

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  • Do Estúdio

Publicado em 17 de maio de 2019 às 15:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Carlos Casaes / Bapress

A voz de Jorge Amado (1912-2001), eternizada em um vídeo ecoou muitas vezes durante a noite na sala principal do Teatro Castro Alves (TCA).  Na 26ª cerimônia do Prêmio Braskem de Teatro, realizada nesta quarta-feira (15), uma equipe especial celebrou o que de melhor foi feito no teatro baiano no ano de 2018.

O escritor baiano não foi somente um dos homenageados da noite, ele foi, antes de tudo, o cerne da cerimônia, dirigida por Luiz Marfuz, que tinha como tema Jorge Amado na Batida da Cena. Coube aos atores Amaurih Oliveira, Frank Menezes, Zeca de Abreu e Larissa Luz darem vida à arquétipos característicos das obras de um dos escritores mais populares do Brasil.

Um coro cênico-musical, composto por Anderson Dantas, Clara Paixão, Ela Nascimento, Danilo Cairo, Daniel Farias, Fernanda Silva, Fernando Santana, Josy Varjão, Mariana Borges, Ridson Reis, deu ritmo à tipos que com certeza já foram vistos em alguma página de Dona Flor e Seus Dois Maridos, Capitães da Areia, Tenda dos Milagres, Gabriela e Cravo e Canela.

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Realizado pela Caderno 2 Produções e patrocinado pela Braskem e Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda, o Prêmio Braskem de Teatro avaliou 61 peças teatrais baianas profissionais e inéditas, que estiveram em cartaz em Salvador de 11 de abril a 23 de dezembro de 2018. Além disso, nesta edição, uma parceria com o Festival de Teatro do Interior da Bahia selecionou cinco espetáculos do interior do estado que concorreram na Categoria Espetáculo do Interior.

Para a diretora de Marketing Institucional da Braskem, Claudia Bocciardi, o evento é uma ação de valorização da cultura baiana. “A Braskem patrocina o prêmio há 26 anos porque acredita no poder de transformação da cultura, no poder de fortalecimento da sociedade através da cultura. A gente vê a vocação cultural da Bahia, especialmente nas artes cênicas, e isso faz muito sentindo quando a gente busca entender o valor da cultura para o estado. O prêmio celebra e valoriza essa cultura”, avaliou.

A difícil decisão de escolher os vencedores ficou nas mãos da comissão julgadora formada por Adelice Souza, diretora teatral, dramaturga e escritora; Fernanda Tourinho, produtora cultural; Fernando Marinho, músico, ator, diretor, artista visual e presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado da Bahia (SATED Bahia); Paulo Henrique Alcântara, dramaturgo, diretor teatral e professor doutor da Escola de Teatro da UFBA; e Zuarte Júnior, artista plástico e cenógrafo.

Melhor texto Antes mesmo de que o envelope com o resultado do primeiro vencedor da noite fosse aberto, o ator Leno Sacramento, baleado em uma abordagem policial no ano passado, apresentou uma crítica social em forma de encenação destacando o preconceito sofrido por pessoas negras e da periferia, dando o tom de reflexão que seguiu por toda a cerimônia. Foi ele, inclusive, quem entregou o troféu ao primeiro vencedor, o diretor e dramaturgo Gil Vicente Tavares, que conquistou o prêmio da categoria Texto pelo espetáculo As Tentações de Padre Cícero. Sem poder estar presente, Gil Vicente Tavares deixou o seu agradecimento em texto. “Agradeço a todos do Teatro NU porque juntos fizemos a nossa versão de Padre Cícero”, destacou.

Categoria Especial O segundo vencedor da cerimônia, o músico Luciano Bahia, recebeu o troféu da Categoria Especial pelo conjunto das direções musicais do ano de 2018. Em seu discurso ele lembrou de como começou a trabalhar com espetáculos teatrais e agradeceu à Braskem “por manter esse prêmio vivo por tanto tempo”.

Revelação Depois de uma performance emocionante sobre o sofrimento e apagamento do povo negro feita pelo poeta Kuma França, foi a vez da atriz Bárbara Machado levantar o troféu pela categoria Revelação, por sua atuação em Jack - A do Mal! Ou Não... Nem Tudo é o Que Parece. Comovida, ela agradeceu aos pais. “É por eles e para eles que estou aqui”, disse. A atriz Bárbara Machado levantar o troféu pela categoria Revelação (Foto:Arisson Marinho / CORREIO) Homenagem póstuma Além de celebrar quem faz o teatro baiano, o Prêmio Braskem de Teatro também brindou àqueles que abriram caminho para os artistas e profissionais de hoje. Nomes como o de Mãe Stella de Oxóssi, Amarílio Salles, Makota Valdina, Walter Seixas Jr., Gildásio Leite, Ednéia Santos, Bira Reis, Antonio Saja, Paulo Gaudenzi, Nonato Freire, Rosana Almeira e Mestre Moa do Katendê fizeram parte da homenagem póstuma da cerimônia.

Espetáculo Infantojuvenil O primeiro espetáculo consagrado da noite foi O Mundo das Minhas Palavras que venceu a categoria Infantojuvenil. Autor do texto, o dramaturgo Wanderley Meira agradeceu ao Museu de Arte da Bahia que abrigou a peça. “É muito caro fazer teatro, então muito obrigado ao Museu de Arte da Bahia por abrir as portas do espaço para nós fazermos o nosso espetáculo”.

A atriz da peça Fernanda Beltrão destacou a importância da formação de plateia através das crianças. “Quero agradecer às crianças que foram ver o espetáculo e que nos inspiraram. A gente sempre fala da formação de plateia e muitas vezes esquecemos dos pequenos. As crianças são muito importantes para esta formação”, falou.

Cobrinha Foi pelas mãos da socióloga e ouvidora-geral da Defensoria Pública do Estado da Bahia, Vilma Reis, que o ator e diretor Hilton Cobra, o Cobrinha, recebeu o troféu como um dos homenageados desta edição. Sem titubear na memória, Cobra agradeceu à amigos, colegas e profissionais das artes cênicas que fizeram parte da sua carreira. Ele também destacou a importância da Companhia dos Comuns, fundada por ele. “Não posso esquecer de agradecer à minha queridíssima companhia que foi feita para desenvolver o fazer teatral dos negros”, celebrou.

Intolerância religiosa As religiões de matriz africanas, tão presentes nas obras de Jorge Amado, também foram lembradas na cerimônia em uma crítica à intolerância religiosa. Em uma menção à invasão e violência sofrida no início do ano pela Casa do Mensageiro, o Terreiro Ilê Axé Ojisé Olodumare, em Barra do Pojuca, o babalorixá do terreiro, Rychelmy Imbiriba, e o alagbê, Gilmar Sampaio, foram recebidos no palco do TCA. “O teatro e o ritual religioso tem muitas coisas em comum em beleza e consciência e, também, ambos sofrem constantemente uma perseguição histórica”, explicou o babalorixá que, em seguida, afirmou: “vamos continuar essa corrente ancestral porque nossa fé nunca será abalada”.

Melhores ator e atriz Como muito humor, o ator João Guisande subiu ao palco para receber o prêmio da categoria Ator por sua performance em Por Esse Amo e Retratos Imorais. “Eu sou o único torcedor do Vitória bicampeão”, brincou. Guisande agradeceu à Bahia, “obrigado minha terra por me fazer ator”, disse, e dedicou a conquista a sua mãe. Já a categoria Atriz ficou com Evelin Buchegger, por sua encenação em Teatro La Indenpendencia. Citanto Dom Quixote, Evelin falou: “o teatro continuará mesmo que ao seu redor se construam mil moinhos de vento”. A atriz também agradeceu à Braskem pelo patrocínio ao projeto. “Graças a Deus essa empresa incentiva esse prêmio. Porque os tempos estão difíceis”, garantiu. A categoria Atriz ficou com Evelin Buchegger, por sua encenação em Teatro La Indenpendencia (Foto: Carlos Casaes / Bapress) Diversidade A diversidade também foi lembrada na cerimônia em uma performance do ator transformista André Luiz, mais conhecido por Bagagerie Spielberg. Com toda elegância, Bagagerie representou os vários artistas baianos que se destacam na arte do transformismo. A diversidade também foi lembrada na cerimônia em uma performance de Bagagerie Spielberg (Foto: Carlos Casaes / Bapress) Melhor diretor Em seguida, foi a vez do cubano e baiano Luis Alonso receber o prêmio pela categoria Diretor. Luis, que ganhou o troféu pela direção do espetáculo Teatro La Independencia, subiu no palco cantando uma música da sua terra natal. “Como não posso voltar à minha ilha, eu trago um canto de lá. E trago para trazer proteção ao Brasil por esse momento que está passando”, disse. Ele também agradeceu a Bahia, terra que o acolheu há 16 anos. “Quero agradecer à Bahia, onde virei diretor e onde sou muito feliz por isso. Obrigado, axé”, falou.

Zezé Motta Como uma força dos palcos, a atriz e cantora Zezé Motta surgiu em um espetáculo musical de tirar o fôlego. A artista foi mais uma homenageada desta edição do Prêmio Braskem de Teatro e recebeu das mãos do amigo e ídolo – como ela chamou –, Hilton Cobra, o troféu desta homenagem. “Ainda bem que não sofro do coração, porque receber um prêmio dessa importância, das mãos de um ídolo, é pra mexer com o coração”, disparou. “Por isso, quero agradecer aos organizadores desse evento, à Braskem e a todas as pessoas que nunca me deixaram desistir, especialmente, Marília Pêra e Leila Gonçalves”, mencionou. A atriz e cantora Zezé Motta foi mais uma homenageada desta edição do Prêmio Braskem de Teatro (Foto: Carlos Casaes / Bapress) Jorge Amado Familiares de Jorge Amado também estiveram presentes para receber o troféu em sua homenagem. A filha, Paloma Amado, as netas Cecília e Maria João Amado, e a bisneta Júlia, foram juntas ao palco do TCA. Emocionada, Paloma agradeceu ao diretor do evento pela forma como a obra de seu pai foi representada na cerimônia. “Quando cheguei, eu não podia imaginar a presença viva de meu pai e minha mãe aqui”, revelou. Paloma também destacou a luta da população em prol da educação. “Eu vou ter anotado nas minhas agendas que o dia 15 de maio de 2019 foi um dia perfeito. Porque desde que acordei eu vi os estudantes e o povo brasileiro nas ruas em buscas dos seus direitos e quando cheguei aqui tive essa presença de meu pai e minha mãe. ”, ponderou.

Espetáculo do Interior Quando menos se esperou, a Banda Municipal de Camaçari (Bamuca) invadiu a plateia e foi até o palco ao som de clássicos da música baiana. A performance antecedeu à premiação da categoria Espetáculo do Interior. Foi das mãos do diretor Industrial da unidade de Químicos da Braskem na bahia, Carlos Alfano, que o autor e diretor de O Teatro é de Cordel recebeu o troféu pela conquista da peça. “Quero agradecer a todos que permitiram nos encontrar em Jequié, em 2011, e também quero agradecer à todas as pessoas que contribuíram para o espetáculo, em especial às nossas famílias que também sonham com a gente”, destacou o ganhador do prêmio.

Espetáculo adulto Por fim, o vencedor da principal categoria da noite, a de Espetáculo Adulto, foi anunciado pelo diretor de Relações Institucionais da Braskem, Carlos Parente. Parente lembrou que seu pai foi diretor de uma escola de teatro e o ensinou o amor pela arte e pela cultura. Em seguida, revelou que a peça Por Que Hécuba foi a vencedora da categoria. Ao lado do elenco e dos profissionais que fizeram o espetáculo, o diretor da montagem, Marcio Meirelles, destacou a importância do Teatro Vila Velha, onde a peça nasceu. “Hécuba existe porque existe o Teatro Vila Velha. É um espaço de acolhimento e colaboração, e só assim a gente consegue fazer teatro. O Teatro Vila Velha, por ser independente, sempre deu muitos frutos para a Bahia, para o mundo e para a arte”, celebrou.

Vencedores do 26º Prêmio Braskem

Espetáculo Adulto: Por que Hécuba?Espetáculo Infantojuvenil: O Mundo Das Minhas PalavrasEspetáculo do Interior da Bahia: O Teatro é de Cordel (Jequié)Direção: Luis Alonso (Teatro La Independência)Ator: João Guisande (Esse Amor e Retratos Imorais)Atriz: Evelin Buchegger (Teatro La Independência)Texto: Gil Vicente Tavares, (As Tentações de Padre Cícero)Revelação: Bárbara Lais (pela atuação em Jackie - A do Mal ou Nem Tudo é O Que Parece)Categoria Especial: Luciano Bahia (pelo Conjunto das Direções Musicais de 2018)

As avaliações para o próximo prêmio já começaram A Comissão da 27ª. Edição do Prêmio Braskem de Teatro já está formada e iniciaram as atividades desde o dia 4 de abril. Andrea Elia, Elaine Cardim, João Lima, Marilza Oliveira e Marcos Uzel compõem a nova comissão que terá como desafio avaliar as produções teatrais de Salvador concorrentes ao próximo prêmio até 23 de dezembro deste ano.

Sobre o Prêmio Braskem de Teatro O Prêmio Braskem de Teatro, que é uma realização da Caderno 2 Produções e patrocinada pela Braskem e Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda, é um evento tradicional já consolidado no cenário cultural da Bahia e tem o objetivo de valorizar, reconhecer e premiar a produção teatral do estado, abrindo espaço para o surgimento de novos talentos. A premiação, que em 2019 chega a sua 26ª edição, exemplifica a estratégia de atuação social da Braskem na valorização e promoção da cultura e das artes, com foco no desenvolvimento humano.

Sobre a Braskem Os 8 mil Integrantes da Braskem se empenham todos os dias para melhorar a vida das pessoas por meio de soluções sustentáveis da química e do plástico, engajados na cadeia de valor para o fortalecimento da Economia Circular. Com 41 unidades industriais no Brasil, EUA, México e Alemanha e receita líquida de R$ 58 bilhões (US$ 15,8 milhões), a Braskem possui produção anual de mais de 20 milhões de toneladas de resinas plásticas e produtos químicos e exporta para Clientes em aproximadamente 100 países.

Sobre o Fazcultura Parceria entre a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) e a Secretaria da Fazenda (Sefaz), o mecanismo integra o Sistema Estadual de Fomento à Cultura, composto também pelo Fundo de Cultura da Bahia – FCBA, CrediFácil Bahia (em parceria com a Desenbahia) além das linhas especiais de apoio, como os Pontos de Cultura e o Carnaval Ouro Negro. O objetivo é promover ações de patrocínio cultural por meio de renúncia fiscal, contribuindo para estimular o desenvolvimento cultural da Bahia, ao tempo em que possibilita às empresas patrocinadoras associar sua imagem diretamente às ações culturais que considerem mais adequadas, levando em consideração que esse tipo de patrocínio conta atualmente com um expressivo apoio da opinião pública.

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