Em todos os seus caminhos, Carmen Penido sempre se expressou livremente

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  • Cesar Romero

Publicado em 16 de maio de 2022 às 05:05

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Faleceu semana passada a artista plástica Carmen Penido. Carmen era generosa, refinada no trato, tinha sua arte como missão da vida. Sempre prestigiou as exposições dos colegas e era ávida por novas informações. Trabalhava muito e em cada exposição sua tinha algo a apresentar.  

Nascida em Campinas, São Paulo, em 1940, transferiu-se para a Bahia, onde se graduou em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia em 1991 e completou sua formação em vários cursos na Art Students League de Nova York de 1989 a 2001. Foi aluna de artistas famosos como Knox Martin, Phillip Shrrod, Pousette-Dart e Larry Poons. Em 1988, realizou sua primeira exposição individual na Galeria do Aluno da Escola de Belas Artes e sua primeira coletiva foi na Muse Gallery na Filadélfia, EUA. Depois, fez uma sequência de mostras em museus e galerias nacionais e internacionais. Participou ainda de diversos projetos e bienais. Seus trabalhos estão em várias coleções no Brasil e no exterior. 

Suas telas são uma combinação abstrata de grandes formas com o realismo detalhado de pequenas imagens repetidas que formam uma composição singular, um paradoxo provocante. Seus trabalhos investigavam o que está antes e durante o processo criativo ao invés de focar o trabalho final. 

Seus quadros buscavam a exuberância de formas e a dramaticidade do barroco, resgatando o gosto pelo pictórico, pela movimentação e pelo jogo incessante de planos. As pinturas eram alegorias e símbolos que formavam um fluxo contínuo. Releituras de signos que povoam o cotidiano de Salvador. 

Em todos os seus caminhos, sempre se expressou livremente, numa busca por novos meios de traduzir seu amor pela arte. A pintura de Carmem Penido apresentava uma infinidade de imagens, num minucioso realismo de pequenos desenhos contracenando com formas abstratas que serpenteavam em cercaduras decorativas, numa alusão aos azulejos portugueses. Um de seus temas eram mandalas, que tiveram origem no Tibet, por volta do século VIII, uma representação geométrica da dinâmica relação entre o homem e o cosmos. 

Carmem Penido traz como referência a vida e a gente da Bahia, fruto da liberdade de expressão da artista. Sua opção de mostrar o colorido e a força da cultura popular revelava sua índole de pesquisadora. As cenas que Carmen elaborava constituíam jogos visuais onde se observam muitos elementos,

inclusive alguns recursos decorativos aproveitados do barroco, como azulejos, grades, anjinhos, janelas coloniais e flores. Com um gestual e uma linguagem absolutamente pessoais, Carmen Penido imprimia ao resultado do seu trabalho um efeito singular.