Emoção marca sepultamento de PMs mortos em Canabrava

Militares caíram da motocicleta quando patrulhavam a região

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  • Gil Santos

Publicado em 27 de novembro de 2017 às 21:57

- Atualizado há um ano

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Os corpos dos dois policiais militares que morreram em um acidente de trânsito no domingo (26) foram sepultados na tarde desta segunda (27), no cemitério Bosque da Paz, bairro de Nova Brasília, em Salvador. A movimentação de viaturas e policiais fardados, incluindo altas patentes da Polícia Militar, indicavam muito antes da entrada do local do enterro que algum integrante da corporação havia morrido. Policiais de diversas unidades lotam o cemitério (Foto: Betto Jr/ CORREIO) Os dois sepultamentos aconteceram às 17h, mas por volta das 16h um porteiro já avisava para quem estava chegando que o estacionamento estava lotado. Muitos motoristas precisaram deixar os carros do lado de fora e seguiram a pé até as capelas 5 e 6, onde os corpos de Davi Simões Borges, 31 anos, e Juclei Moraes da Silva, 27, eram velados.

Os dois militares morreram depois de caírem de uma motocicleta, por volta das 20h, na frente da entrada principal do Estádio Manoel Barradas (Barradão), no bairro de Canabrava. Eles trabalhavam na 50ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Sete de Abril) e estavam fazendo o motopatrulhamento da área quando sofreram o acidente. Davi tinha três anos na corporação, e Juclei estava há sete anos na profissão. Militares fazem homengens às vítimas (Foto: Betto Jr/ CORREIO) Para o soldado Ribeiro, que trabalhou com os dois, a dor da perda era indescritível. "Eu conhecia os dois, mas tinha mais contato com Borges (Davi). Todo dia de manhã a gente sempre se encontrava na hora de assumir o serviço. Ele era brincalhão e a gente tinha uma boa relação. Assim como Juclei, que também foi abraçado pela companhia. Ótimos policiais. A gente nunca imagina que vai perder a vida em um acidente de moto. Agora, a lembrança que fica é da alegria que eles nos deram", contou Ribeiro, emocionado.

Uma multidão acompanhou o cortejo até o final do sepultamento. Os familiares e amigos dispensaram os carrinhos e carregaram nas mãos os caixões até as duas sepulturas, ao som de músicas religiosas e orações. No meio do trajeto, as canções e preces foram interrompidas para uma salva de tiros em homenagem aos policiais. Emocionadas, as mães dos dois PMs precisaram ser amparadas. O enterro foi encerrado ao som do Hino da Polícia Militar e sob aplausos. Familiares emocionados durante o enterro (Foto: Betto Jr/CORREIO) Investigação Comandantes de diversas unidades da Polícia Militar, investigadores da Polícia Civil e guardas municipais foram até o cemitério dar o último adeus aos dois militares. O acidente aconteceu por volta das 20h, alguns minutos antes de Davi e Juclei deixarem os serviços, o que ocorreria às 21h. Davi pilotava a moto enquanto Juclei estava na garupa. Eles estavam fazendo o motopatrulhamento com mais dois militares que estavam em outra motocicleta.

O comandante da 50ª CIPM, major Sérgio Malvar, trabalhava diariamente com Davi e Juclei e contou que estava no local quando tudo aconteceu. Ele não viu o acidente, mas chegou alguns minutos depois da queda e encontrou as vítimas no chão. Uma das pistolas 380 estava no coldre de Davi, enquanto a de Juclei estava desarmada.

"Acreditamos que ela desarmou com a queda, mas não houve disparo como foi informado pela SSP. Eu estava lá quando eles receberam socorro e em nenhum momento vi, nem os socorristas e o médico informaram, que havia perfuração de tiro. Estávamos e continuamos trabalhando com hipótese de acidente de trânsito, cuja causa deve ser esclarecida", afirmou. A mãe de uma das vítimas é amparada (Foto: Betto Jr/ CORREIO) A polícia vai ouvir as testemunhas nos próximos dias, e já solicitou as imagens de câmeras de segurança da região. Está sendo investigado também se as vítimas estavam carregando uma arma longa no momento do acidente, como uma carabina ou uma submetralhadora, que são usadas no motopatrulhamento, mas não foram encontradas com os militares.

O soldado Davi foi levado para o Hospital São Rafael, mas na unidade hospitalar teve duas paradas cardíacas e não resistiu. Já o soldado Juclei foi levado pela ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Geral do estado (HGE), onde já chegou sem vida. O comandante geral da PM, Anselmo Brandão, também esteve no sepultamento e lamentou o ocorrido.

"Eram dois excelentes policiais. É sempre uma tristeza um comandante enterrar um dos seus comandados, porque a gente cuida deles como pai. Hoje eles estão sendo enterrados como heróis. Estamos todos muito sentidos, e estamos aqui para dar o último adeus e dizer para eles que não vamos esquecer. Os policiais são os guardiões da sociedade e nesse momento o comandante e toda a sociedade baiana precisa se solidarizar e mostrar pra ela e os familiares a importância deles para todos nós", afirmou. Um multidão foi se despedir dos policiais (Foto: Betto Jr/ CORREIO) O pai de Davi, o missionário Elito Pereira Filho, 51, contou no Instituto Médico Legal (IML), horas antes do sepultamento, que o filho era um homem tranquilo. "Ele gostava muito de trabalhar e nós nunca nos preocupamos com ele no trabalho, porque era um rapaz bem tranquilo, que não se envolvia em nada. É uma dor muito grande", pontuou. O policial deixou duas filhas. Juclei era pai de um menino.