Empresa que organizou concurso em Alagoinhas deve apresentar perícia em 48h

Candidatos denunciaram nas redes sociais várias irregularidades

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  • Da Redação

Publicado em 23 de abril de 2019 às 23:55

- Atualizado há um ano

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A empresa que organizou o concurso para a prefeitura de Alagoinhas terá prazo de 48h para apresentar o resultado da perícia sobre os fatos denunciados por candidatos, além de informar as providências que serão tomadas com relação ao caso. O prazo não é prorrogável e a empresa Nosso Rumo foi notificada nesta segunda-feira (22), segundo a prefeitura. Participantes relataram diversas irregularidades que teriam ocorrido durante a aplicação da prova. A falta de infraestrutura e suporte aos candidatos foi denunciada pelos concurseiros nas redes sociais e até a polícia foi chamada.

Enquanto todos os procedimentos de investigação não forem concluídos, o concurso "não será anulado, suspenso ou interrompido", diz nota divulgada pela prefeitura. O texto ainda destaca que "todas as etapas do procedimento administrativo pela gestão municipal estão sendo conduzidas de forma adequada". Pela prefeitura, acompanham a situação a Procuradoria Geral do Município e a Secretaria de Administração (Semad). Ministério Público e Polícia Civil também estão acompanhando.

Nesta quarta (23), segundo cronograma da prefeitura, a Nosso Rumo será notificada extrajudicialmente pelo descumprimento de cláusulas do contrato. Veja a cronologia divulgada:

15/04 –Notificação da Comissão à empresa Nosso Rumo

16/04 – Abertura de Processo Administrativo para apuração

17/04 – Apresentação de Notícia-Crime à Polícia Civil

17/04 – Resposta da Prefeitura ao Ofício do Ministério Público

22/04 – Notificação da Comissão de Acompanhamento e Fiscalização do Concurso solicitando que a Nosso Rumo apresente resultado da perícia  referente às fotos das provas divulgadas nas redes sociais, juntamente com as providências que serão tomadas.

23/04 –Notificação Extrajudicial da Secretaria de Administração à Nosso Rumo referente aos descumprimentos de cláusulas contratuais

O CORREIO não consegui contato da empresa Novo Rumo para comentar a notificação.

Entenda O Ministério Público da Bahia (MP-BA) irá investigar o concurso público da prefeitura de Alagoinhas, realizado na manhã deste domingo (14). Participantes relataram diversas irregularidades que teriam ocorrido durante a aplicação da prova. A falta de infraestrutura e suporte aos candidatos foi denunciada pelos concurseiros nas redes sociais e até a polícia foi chamada.

Atrasos no início da prova, salas insuficientes para a quantidade de alunos, não recolhimento de aparelhos celulares e falta de detector de metal nos banheiros foram algumas das falhas apontadas por quem prestou o concurso. Ao todo, 7.442 pessoas fizeram a prova em 18 lugares de Alagoinhas e Salvador.

Um vídeo postado no Facebook mostra alunos sentados ao redor de uma mesa de plástico, em grupos de quatro, após terem sido avisados de que teriam que fazer a prova no local. A candidata que grava a situação protesta: “Estamos sem sala. Colocaram a gente para fazer em grupo, tá certo isso? Prova coletiva”, diz. "Na cantina está cheio de gente fazendo prova", responde uma das candidatas que aparecem na filmagem.

O fato ocorreu na Faculdade Santo Antônio, em Alagoinhas. A contadora Flávia Vasconcelos, 32, foi uma das pessoas afetadas com a confusão. Ela contou ao CORREIO que duas salas que iriam funcionar para o concurso estavam fechadas e que os participantes acabaram ficando sem cadeiras para fazer a prova.

A situação foi regularizada apenas às 9h30, 1h30 depois do início oficial, marcado para as 8h. “Mandaram a gente aguardar porque eles iriam providenciar cadeiras. Só que isso não aconteceu. A coordenação nos colocou em uma sala com cabines na lateral e várias mesas com quatro cadeiras que eles disponibilizaram para que fizéssemos a prova, só que nós unimos e não aceitamos isso”, contou.

O grupo resolveu chamar a polícia para registrar a situação. Apenas às 9h30 uma sala foi providenciada para que as pessoas pudessem iniciar o concurso. Policial foi chamado para registrar a situação (Foto: Arquivo Pessoal) A técnica em enfermagem Queithiane Ramos, 31, e seu marido fizeram a prova no Centro Territorial de Educação Profissional (Cetep), em Alagoinhas. Ela conta que a primeira irregularidade que reparou foi o material fornecido para colocar os pertences pessoais proibidos, como celular, que era transparente e sem lacre.

“Era o mesmo saco que usamos para colocar verduras em supermercados. Não tinha como fechar nada. Depois pedi para ir ao banheiro e, para minha surpresa, não fui revistada e nem passei em detector de metais. Se eu tivesse com um segundo celular, poderia usar lá dentro. Ainda vi várias pessoas de salas diferentes que foram ao banheiro ao mesmo tempo”, contou.

Uma das participantes, que preferiu não se identificar, afirmou que viu um dos candidatos escondendo um celular na cueca durante a prova e pedindo para ir ao banheiro. Ela afirmou que ficou receosa de denunciar por medo de represálias.

Cerca de cem candidatos que foram atingidos com as irregularidades criaram um grupo no WhatsApp para organizar ações contra a continuidade do concurso. Eles discutiam a possibilidade de abrir uma ação na Justiça e ir pessoalmente ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciar o caso. Alguns membros já acionaram o MP através da denúncia online.

A prefeitura de Alagoinhas abriu 505 vagas, sendo 97 para contratação imediata e outras 408 para formação de cadastro reserva. A taxa de inscrição custou R$ 44 para os cargos de nível médio e R$ 58 para nível superior. Os salários iniciais variam entre R$ 1.198,47 e R$ 2.715,63.