Empresário é investigado por fraude no auxílio emergencial em Salvador

Ele foi apontado como mentor do crime por dois comparsas que já estão presos

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  • Gil Santos

Publicado em 17 de junho de 2021 às 12:01

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO

A prisão de dois homens por fraudes no auxílio emergencial pago pelo Governo Federal para a população mais carente e impactada pela pandemia revelou que um empresário pode estar por trás dos golpes em Salvador. Nesta quinta-feira (17), a Polícia Federal apresentou os detalhes da operação que resultou na prisão temporária de duas pessoas e no cumprimento de quatro mandados de busca e apreensão na capital.

A delegada Suzana Jacobina contou que, primeiro, os fraudadores abriam uma conta virtual no aplicativo Caixa Tem em nome das vítimas. Depois que o depósito era realizado pelo Governo Federal eles criavam boletos falsos em bancos digitais e usavam o dinheiro para pagar essas falsas contas, mas o benefício, na verdade, era transferido para a quadrilha. A estratégia era uma forma de tentar despistar a polícia.

"As contas eram abertas sem o conhecimento dos reais beneficiários. Quando as vítimas tomaram conhecimento, entraram em contato com a Caixa e a Polícia Federal iniciou a investigação, por isso, é importante que as pessoas que sofreram esse tipo de fraude avisem ao banco", contou.

Os policiais começaram a trabalhar nos casos de fraudes um mês após o início do pagamento dos benefícios, ou seja, em maio de 2020. Seis pessoas foram presas na Bahia deste então e existem dois mandados de prisão em aberto. Os fraudadores presos nesta quarta-feira (17) não tiveram os nomes divulgados, mas são familiares e moram próximos. Os celulares deles foram apreendidos. A PF não deu detalhes, mas contou que os mandados de prisão e apreensão foram cumpridos nos bairros de Cidade Nova, Pernambués e no Centro. 

Segundo a delegada, os presos colaboraram com a investigação. Eles são suspeitos de fraudar 98 contas e desviar R$ 60 mil em benefícios. O valor está subestimado, porque a análise inicial dos investigadores foi para um período de oito dias. Os dois admitiram os  crimes e apontaram outros dois comparsas que fazem parte do esquema: uma  mulher e um empresário, que seria o líder do grupo. 

"Eles informaram que os dados das vítimas usados no golpe eram passados pelo mentor da fraude, pelo chefe da associação criminosa, que nós estamos a procura. O chefe já está identificado, mas ainda não foi encontrado. De que forma o chefe conseguiu esses dados nós ainda não sabemos, mas o que podemos dizer é que em experiências em operações anteriores, geralmente, é no ambiente virtual que eles conseguem esses dados", contou.  

A polícia não forneceu mais detalhes sobre o empresário. A prisão dos dois homens é temporária e tem duração de cinco dias. Eles estão na sede da Polícia Federal, em Salvador, e vão responder por furto mediante fraude e associação criminosa. 

Investigação  Essa foi a sexta etapa de três investigações deflagradas pela Polícia Federal para apurar fraudes no pagamento do auxílio emergencial desde maio do ano passado. Segundo a polícia, a estimativa é de que 7,3 milhões de pagamentos tenham sido fraudados, até março, gerando prejuízo de R$ 54 bilhões aos cofres públicos. 

Hoje, foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão, 2 mandados de prisão temporária, 1 mandado de prisão preventiva e 12 mandados de sequestro de bens, perfazendo um total de aproximadamente de até R$ 410 mil bloqueados por determinação judicial. As ações ocorrem nos Estados da Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Rondônia, Roraima e São Paulo, com a participação de aproximadamente 140 Policiais Federais