Empresas declaram guerra ao plástico

Santander e A M. Dias Branco são algumas das empresas que buscam alcançar meta de redução do plástico

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 16 de março de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Almiro Lopes

Algumas empresas começaram 2019 declarando guerra ao plástico. O banco Santander, por exemplo, anunciou a decisão de ser o primeiro banco plastic free do País. Já a M. Dias Branco, dona de marcas de massas e biscoitos do país, como Adria, Vitarella, Fortaleza e Piraquê, segue diretrizes de sustentabilidade em todo o seu processo produtivo. A partir da modernização dos equipamentos ou readequações nas dimensões e design das embalagens, a companhia reduziu em 3,4% o consumo total de embalagens plásticas, o equivalente a 457 toneladas de plástico. 

Para se ter uma ideia da importância dessas iniciativas, basta lembrar que o Fórum Econômico Mundial, realizada em janeiro em Davos, na Suíça, colocou pela segunda vez a poluição por produtos plásticos entre as pautas principais do encontro de líderes mundiais. Antes disso, na edição de 2016, os especialistas apontaram que, mantido o ritmo atual de descarte, o número de resíduos plásticos irá superar o de peixes nos oceanos até 2050.

Banco de soluções No caso do Santander, o plano prevê, no primeiro momento, atacar o consumo chamado de single use, que vai de copos de água e café a garrafas, e representa 73% do total de plástico utilizado a cada ano pela instituição, ou 207 toneladas. O fim do uso de descartáveis começará, neste ano, pelas áreas administrativas, e, até o fim de 2020, a medida será aplicada a toda a rede de cerca de 3,5 mil agências e pontos de atendimento do Banco.

“É fundamental que organizações de grande porte, como a nossa, dêem o exemplo para a sociedade e rompam a inércia que nos leva a utilizar no dia a dia soluções que são simples, mas insustentáveis no longo prazo”, explica José Paiva, vice-presidente executivo sênior da área de Meios do Santander Brasil. “Trata-se de uma operação complexa, porque exige a busca de alternativas reaproveitáveis para alguns produtos, além de renegociações com fornecedores. Nossa idéia é justamente seguir adiante com toda a cadeia”, completa.

Outra preocupação do banco é reduzir o impacto da medida para os 48 mil funcionários e mais de 22 milhões de clientes que frequentam suas instalações. “Vamos atuar fortemente na conscientização das pessoas. Mostraremos que todos ganham ao utilizar uma caneca em vez de um copo plástico para tomar o cafezinho ou a água, ou ao abolir o uso do canudinho descartável”, afirma Vanessa Lobato, vice-presidente executiva de Recursos Humanos do Santander Brasil. “Precisamos estimular novos hábitos e transformar atitudes, a partir do entendimento de que há boas razões para isso.”

De acordo com Karine Bueno, head de Sustentabilidade do Santander Brasil, a eliminação dos plásticos single use é parte de um compromisso mais amplo da organização que já resultou na redução do consumo de água, luz e papel nos últimos anos. “Outra frente em que atuamos é o uso de energia renovável, que já representa 100% do consumo das agências de Minas Gerais e 70% no Rio de Janeiro”, acrescenta a executiva.

Redução no consumo A M. Dias Branco possui, desde 2015, sete grupos de trabalho voltados para as práticas sustentáveis, além do Grupo de Trabalho específico para embalagens. São focados em Energia; Resíduos, Águas e Efluentes; Cultura; Insumos; Nutrição e Saudabilidade; Comunidades e Investimento Social; Segurança e Saúde Operacional. Os grupos têm como objetivo direcionar o desenvolvimento corporativo rumo à sustentabilidade, em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Apesar do uso do plástico na embalagem ser necessário para a proteção do produto, a redução no consumo precisa ser aliada à manutenção da alta qualidade oferecida ao mercado. A iniciativa de reduzir já possibilitou uma economia de 26% na produção dos bolinhos das marcas Richester, Treloso e Pellagio. Como exemplo, os bolinhos da linha Animados Zoo, de Richester, ou das marcas Treloso e Pelaggio, que atingiram o maior percentual de economia de plástico, são resultado do processo produtivo modernizado na fábrica de Maracanaú, no Ceará. Dessa forma, foi eliminado o plástico que envolvia o display do produto na linha de produção, de maneira imperceptível ao consumidor.

Yara Alves, líder do Grupo de Trabalho focado em Embalagens da M. Dias Branco explica que mesmo com o crescimento do volume de vendas, a empresa consegue atuar nas embalagens, sejam elas primárias, secundárias ou terciárias.  “Anualmente, reduzimos essa necessidade de plástico, sem impactos à qualidade do produto”, comemora.