Escolas particulares entram em fase de transição para aulas 100% presenciais

Governador Rui Costa disse que retorno pleno às aulas já pode acontecer em outubro

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 22 de setembro de 2021 às 05:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Matrículas abertas, menos distanciamento entre alunos e maior adesão ao ensino presencial. As escolas particulares de Salvador estão em fase de transição para ofertar aulas 100% presenciais, influenciadas, em parte, pela declaração do governador Rui Costa, na última terça-feira (14), do retorno pleno às aulas já acontecer em outubro. "Se continuar caindo como está hoje, números caindo, se continuar, em outubro a gente pretende voltar com as aulas normais", afirmou. 

Esse retorno, no entanto, não significa voltar a como era antes da pandemia, mas ainda seguindo uma série de protocolos rígidos ou até sendo ofertado as aulas online para os alunos que ainda estão em casa. A Escola Tempo de Criança, localizada na Pituba, atende até o Ensino Fundamental I, ou seja, o 5º ano. Larissa Machado é a vice-diretora pedagógica do espaço. Ela conta que já foi emitido um comunicado informando os pais desse movimento de transição para o presencial. 

“A partir de agora, só ofertamos online para crianças que precisam por quadro de saúde ou decisão da família de não voltar oficialmente. Os demais, que decidiram pelo retorno, devem ter o compromisso com as aulas presenciais”, explica. Segundo a professora, as aulas no formato híbrido (online e presencial ao mesmo tempo) permitiram que o aluno ou a família escolhessem quando queriam ou não ir para a escola.  

    “O online abriu a brecha de, por exemplo, famílias viajarem e deixarem o aluno, que ia presencialmente, participar da aula a distância. Isso não queremos, pois já temos turmas com todos estudantes indo para e escola. Precisamos criar um desenho de movimento de volta, até porque são diferentes os planejamentos de uma aula presencial e presencial com online. São estratégias diferentes”, aponta a educadora.  

Nas turmas 100% presenciais, Larissa reforça que, quando a criança não puder ir para a escola e tiver que participar das aulas virtuais, os pais podem solicitar, mas com antecedência e justificativa. “Para ter acesso ao online, tem que ter uma solicitação prévia, informando um caso de saúde ou explicando as razões. Vai ficar assim até o final do ano ou, pelo menos, até quando a pandemia perdurar”, projeta.  

Essa possibilidade da turma está toda em sala de aula se tornou possível graças ao Decreto Municipal 34.410, publicado na semana passada, que permite reduzir o distanciamento mínimo entre as carteiras dos estudantes de 1,5 metro para apenas um metro. “A queda nos números de contaminação e o avanço da vacinação dão segurança para essas decisões”, comenta Márcia Khalid, diretora do colégio Oficina. Por lá, a partir desta segunda-feira (20), só não vai para sala de aula quem realmente preferir ficar no online.  “Estaremos com quase a totalidade dos alunos na escola obedecendo um protocolo rígido de segurança, pois os cuidados têm que continuar. Antes, um grupo da turma vinha uma semana e outro vinha noutra. Agora, não vai precisar mais ter o rodízio, justamente por causa do menor distanciamento”, afirma Márcia.Somente a prova continuará sendo online, para que seja feita em condições de igualdade para todos. Dos 600 alunos do Oficina, aproximadamente 40% estão em casa. 

Localizado em Lauro de Freitas, o Colégio Perfil segue nessa mesma linha. “A maioria das turmas já estão 100% presencial, pois nossas salas são grandes. Nas que não conseguimos, estamos fazendo o rodízio e tem os alunos que optaram por ficar 100% online. Por prudência, ter literalmente todos os alunos em sala de aula, ou seja, sem o ensino online, só no ano que vem, com todos vacinados, o que vai dar segurança para o retorno total”, defende o diretor Wilson Abdon.  

O Colégio Villa Global Education também está funcionando 100% presencial para as famílias que optaram na educação infantil e no ensino fundamental. No ensino médio, isso será a partir da segunda. “Quem quiser, ainda pode deixar seu filho em casa. A lei protege, dá essa condição para a família e nós a cumprimos”, diz Selma Brito, diretora de unidade.  

Outra opção disponível no Villa é o ensino virtual assistido, feito para os pais que querem os filhos frequentando somente o online, mas não podem acompanhá-los nas aulas ou deixá-los sozinhos em casa. Esses pais podem levar os filhos para a escola e lá eles ficarão numa sala reservada e separada dos alunos e professores da turma, tendo apenas a assistência de um tutor. Esse modelo vai continuar durante e é visto como uma forma de trazer o aluno para a escola.  “Enquanto numa sala tem um grupo assistindo a aula presencial com a professora, em outra sala tem outro grupo acompanhando a aula de forma virtual, sendo assistido pelo profissional”, explica Brito.  Na segunda-feira (13), o Colégio Antônio Vieira (CAV) enviou às famílias dos cerca de 3,5 mil alunos um comunicado e formulário, por e-mail, para que optem pelo modelo totalmente presencial de ensino ou exclusivamente remoto. Somente após a definição do quantitativo de alunos optantes pelo totalmente presencial é que será anunciada a nova configuração das aulas e se será necessário manter ainda algum tipo de revezamento.  

No Vieira, a escolha dos pais pelo modelo totalmente presencial ou exclusivamente remoto não poderá mais ser alterada até o final do ano letivo, a menos que haja alguma mudança de conjuntura pandêmica, devidamente regulamentada pelos órgãos oficiais. ”O aluno que escolher pelo modelo presencial terá registro de frequência somente se estiver na sala de aula”, diz a instituição, em nota.  

Já a Escola Cresça e Apareça, que atua no Ensino Infantil, não trabalhou em nenhum momento com aulas online. “Nós optamos por fazer um número de matrículas que obedece ao número do protocolo. Então, estamos 100% presencial desde a reabertura”, conta Mariana Mongenroth, diretora da instituição. Com a redução do distanciamento entre os alunos para apenas um metro, a escola já começou a receber novos alunos. “Teve duas matrículas novas essa semana. Na educação infantil, faz muita diferença estar na escola, nem que seja por alguns meses. Faz diferença muito grande para a formação da criança. Qualquer tempo em sala de aula é precioso e a pandemia foi traumática para algumas famílias, pois trouxe marcas no desenvolvimento dos pequenos”, diz Mariana.  A prefeitura de Salvador cogita retomar as aulas presenciais na próxima segunda (27). A secretaria de Educação da Bahia foi procurada, mas não respondeu até o fechamento do texto 

Pais divergem sobre retorno  A administradora Andréa Dantas, 41 anos, mãe de Gael Benício, 8 anos, e Constance Marrie, 11 anos, assim que pôde mandou seus filhos para a escola. Primeiro, eles estudaram no modelo híbrido. Depois, a família optou pelo virtual assistido ofertado pelo Villa, no qual os alunos já puderam ir todos os dias para a escola. Agora, com a redução do distanciamento para um metro, as crianças já estão no 100% presencial.  “Meus filhos ficavam triste quando não tinham que ir para escola. Eles mesmos diziam que era um dia sem aula, pois não entendiam que em casa, no online, era uma aula de verdade. Meu esposo não tinha como acompanhar por causa do home office dele super pesado e eu já tinha voltado a trabalhar presencialmente. Então, meus filhos estavam sozinhos e era bem complicado. Hoje observo uma diferença no aprendizado deles, pois na escola eles estão acompanhados de pessoas que são especializadas em ensinar”, diz Andréa.  Já a diarista Sirlete Santos da Silva, 43 anos, não deixará suas duas filhas irem para a escola em 2021. Elas estudam num colégio municipal do Resgate que está em reforma e, por isso, as aulas continuam sendo todas online. “Caso as obras fiquem pronta esse ano, eu não vou deixá-las retornarem”, diz a mãe, preocupada com a pandemia.  

“Elas não se sentem segura e eu também não. O vírus ainda está circulando e tem muita gente que não está se cuidando. Nas aulas online que pude presenciar, vi os próprios alunos comentando isso, dizendo que o pessoal da casa não usa máscara, vai para festa e não se cuida. Como eu vou deixar minhas filhas frequentarem a sala de aula com esses colegas?”, questiona.