Está na hora de Salvador ligar o sinal vermelho!

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  • Leo Prates

Publicado em 30 de abril de 2020 às 12:24

- Atualizado há um ano

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Muito antes do dia 13 de março, quando o primeiro caso da Covid-19 foi confirmado na cidade do Salvador, me vi diante do maior desafio da minha vida. Não apenas enquanto gestor público, com uma carreira política em construção, mas, principalmente, como homem, também em processo contínuo e infinito de construção. Nestes processos pessoais de evolução espiritual e humana, muitas vezes nos deparamos com sentimentos e emoções que nos provocam profundas reflexões e transformações. Atravessar este momento trabalhando e acompanhando diuturnamente cada detalhe da sua ação no âmbito da nossa cidade, articulando ações, medidas, estratégias e unindo forças em prol de salvar vidas, é a maior e mais desafiadora das missões que até hoje Deus me oportunizou. (Foto: Divulgação) Aprendi no início da caminhada que administrar é também a arte de prevenir. E, embora uma pandemia desta natureza jamais pudesse ser prevista, aconteceu e está acontecendo exatamente agora. Trabalhamos intensamente para nos prepararmos de todas as formas, antevendo cenários que nos ajudaram a chegar até aqui com uma taxa de infecção de 8,6% de casos do coronavírus. No entanto, o momento é de total atenção, pois precisamos baixar este número para 6%, a custo de chegarmos a um colapso na saúde entre os dias 31 de maio e 15 de junho, conforme projeção realizada pela estimada e referenciada pelos Epidemiologistas da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Existe ainda a possibilidade de o crescimento ocorrer de forma desenfreada e avassaladora na região do Subúrbio. Precisamos evitar! Sabemos que o início do coronavírus na cidade aconteceu nos bairros da Barra e Rio Vermelho, mas hoje temos significativo aumento em Brotas, caminhando para a Boca do Rio e Itapuã. Este conjunto de fatores nos acende o sinal amarelo, e requer total atenção.

Sou testemunha do empenho e do brilhante trabalho que realiza o prefeito ACM Neto na tentativa de minimizarmos as consequências, e viabilizarmos todas as ferramentas de atuação profissional para esta batalha. Adquirimos todos os insumos que era possível em caráter de urgência, e assim continuamos a fazer. Reforçamos o nosso contingente e contratamos mais profissionais completamente entregues às suas heroicas funções. Ampliamos os leitos de UTI, adquirimos respiradores, construímos hospital de campanha. Garantimos dentro do possível, considerando as dificuldades globais, que os equipamentos de proteção individual para (EPIs) cheguem a absolutamente todos os profissionais da saúde, para que tenham o mínimo de proteção para suas preciosas vidas. Seguimos acompanhando e visando assegurar, do ponto de vista material, o que for necessário para o êxito neste enfrentamento. Medidas essenciais foram previamente implementadas e Salvador alcançou merecidamente o destaque internacional por sua atuação.

Entretanto, a realidade é que, até então, perdemos quase cinquenta vidas soteropolitanas. Lamento profundamente por cada uma delas e me solidarizo com os familiares e amigos. Todas as vidas importam e muito! Por isso, clamo a atenção de todas e todos para que cumpram as diretrizes que visam preservar suas vidas bem como daqueles que amam. Nossas atenções agora se voltam para evitarmos o pior, pois não queremos de forma alguma vivenciar o sofrimento que têm acometido inúmeras pessoas em cidades como Manaus, Fortaleza, Belém e outras capitais do Nordeste, que já enfrentam o drama do colapso na saúde, com a lotação e escassez dos leitos de UTI, além do caos nos respectivos sistemas funerários. Definitivamente, a cidade de Salvador, com seu povo forte, determinado e alegre, precisa entender que a continuidade das nossas histórias está também nas nossas mãos. 

 Não posso me refutar de agradecer ao Governo do Estado, em nome do governador Rui Costa, e ao secretário de saúde Fábio Vilas Boas, pelo trabalho incansável que realizam. Tenho convicção de que a união e a parceria concretizada neste momento mostram ao Brasil que é possível pertencermos a lados diferentes dos campos da política, e atuarmos no mesmo sentido: o de salvar o máximo de vidas possível. Esta é mola propulsora do nosso trabalho e o nosso principal compromisso enquanto gestores públicos neste delicado momento.

Essa travessia não tem sido fácil para ninguém e comigo não é diferente, confesso. Lidamos a cada instante com diferentes emoções e incertezas. Mas, por hora, apenas cumprindo o isolamento social e o afastamento necessário de muitos dos quais amamos, é possível que cada um contribua para que o nosso sistema de saúde consiga ganhar tempo para receber cada pessoa que precisa de cuidados especiais. Esta é a única certeza, testada e comprovada por pesquisadores, cientistas, pela Organização Mundial da Saúde, por muitos gestores púbicos de outros países que choram a morte de milhares de compatriotas, e por nós, que estamos atuando de perto nesta batalha.

Até o presente momento, já são mais de três milhões de casos de coronavírus e quase 210 mil mortos em todo o mundo. A demanda em Salvador já tem sido intensa, e tende a se amplificar nos próximos dias. Desde já, expresso em nome de toda equipe da SMS, o nosso reconhecimento aos profissionais da saúde pelo indizível trabalho que realizam. Eu não tenho palavras para transmitir o quanto vocês são fundamentais e admirados. O meu sincero muito obrigado! A história também se incumbirá de reconhecê-los. 

Há muito tempo o isolamento social deixou de ser opcional, e se transformou em uma necessidade urgente. Ninguém está imune. Só a compreensão, a empatia, o respeito e o amor pelo próximo pode colaborar para que consigamos atravessar a pandemia, garantindo a assistência à saúde de forma justa e igualitária. Continuaremos trabalhando ininterruptamente para que todas e todos tenham a oportunidade de lutar por suas vidas, e contamos com a crucial colaboração da população soteropolitana no combate à pandemia: é hora de Salvador ligar o sinal vermelho!

Leo Prates é secretário municipal da Saúde de Salvador