“Estou destruída, sem chão, sem dormir”, diz bisavó de menino morto no Recôncavo

Suspeito pelo assassinato é o padrasto da criança

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  • Bruno Wendel

Publicado em 9 de fevereiro de 2022 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A mão cobrindo os olhos era uma das tentativas de abafar o sofrimento. Mas foi em vão. Em meio às lágrimas, dona Maria das Dores Rosa Silva, 59 anos, buscava forças para lidar com a realidade: seu bisneto, Adrian Benjamin, de 2 anos, foi brutalmente assassinado. “Estou aqui destruída, sem chão, sem dormir, sem comer. Que perversidade ele fez com o menino”, desabafou. A família acusa o padrasto, de prenome Tiago, pelo assassinato. Até o momento, ele não foi localizado. A morte de Benjamin aconteceu em Saubara, região do Recôncavo baiano, segundo parentes da vítima. O garoto estava lá desde o Natal do ano passado, após ter sido levado pela mãe, Eulane Beatriz Santana, 19, para uma chácara onde o padrasto trabalha como caseiro. 

Benjamin teria sido morto com o uso de uma pá, segundo a avó de criação. Ela disse que a mãe do menino chegou em Quingoma, localidade de Lauro de Freitas, contando como Tiago cometeu o crime - elas são vizinhas. Porém, só o laudo do Departamento de Polícia Técnica (DPT) para apontar a causa da morte.  Segurando os brinquedos do bisneto, Maria das Dores lembrava do menino. “Todo domingo ele ficava aqui. Almoçava, brincava, tomava banho. Às vezes ele ia para casa somente à noite. Passei a manhã com os carrinhos dele. Ele gostava também de moto. Não podia ver uma que queria subir”, contou ela, bastante emocionada. Maria das Dores Silva mostra os carrinhos de Adrian, morto aos 2 anos (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) A família ainda não tem informações sobre o enterro da criança, cujo corpo permanecia no Instituto Médico Legal (IML). Momentos antes de ir para Saubara, Benjamin disse à madrinha que não queria ir por causa das agressões do padrasto. Mas a mãe não deu ouvidos. Em outro momento, o menino já havia relatado à bisavó sobre as violências que sofria. No entanto, ela também ouviu da neta que nada disso era verdade. Porém, somente com a morte da criança surgiram outros relatos das agressões. “Os vizinhos da mãe disseram que todos os dias Tiago judiava do menino, que batia nele sem motivo algum”, contou a bisavó. 

Adrian Benjamin é fruto de um relacionamento anterior da mãe, que possui um bebê - uma menina de dois meses - com o atual companheiro, Tiago. O casal está junto há um ano e meio. 

Premeditado A chácara onde Tiago é caseiro fica na Praia de Cabuçu. No local, há um estábulo, onde o menino teria sido encontrado caído. O tio de Benjamin disse que o crime foi premeditado. "A mãe disse que Tiago chamou ele para ir ver os cavalos. Benjamin era doido por cavalos. Horas depois, Tiago voltou sem o menino. Eulane perguntou e ele disse que não sabia. Ela foi procurar e encontrou o filho no chão do estábulo", contou Uanderson Santana, 23, que também é padrinho do garoto.   Os parentes não souberam dizer exatamente quando, de fato, ocorreu a morte de Benjamin. Eles apenas reproduzem as declarações de Eulane. Eles acreditam que ela ainda não falou toda a verdade. "Ela não é direta no assunto. A gente perguntou, mas ela não fala tudo. A gente não sabe quando ele morreu, como ela trouxe ele para cá e por que não ligou para nos pedir ajuda. Tem muita coisa sem explicação e nós queremos respostas e que a justiça seja feita", desabafou a bisavó do garoto, Maria das Dores. Eulane foi ouvida na delegacia de Itinga ontem, mas o conteúdo do depoimento não foi divulgado. Ela disse ainda que outra pessoa que pode ajudar a esclarecer o que realmente aconteceu é a mãe de Tiago, que viajou junto. "Ela estava lá, ela deve saber de mais alguma coisa. Se fosse para defender o filho, ela não teria voltado com Eulane. Mas a gente não está no coração de ninguém. Antes de tudo, ela é mãe de Tiago", declarou a bisavó.