Estudante acusado de racismo tentou usar cota para entrar na UFRB

Ele teve o pedido negado, mas tentou recurso para conseguir vaga

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  • Gil Santos

Publicado em 11 de dezembro de 2019 às 18:29

- Atualizado há um ano

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O estudante da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) denunciado por racismo contra uma professora do curso de Ciências Sociais, Danilo Araújo de Góis, tentou entrar na universidade através de cotas raciais. Ele se autodeclarou preto ou pardo, mas teve o pedido indeferido pela banca avaliadora.

Segundo a assessoria da UFRB, Danilo tentou conquistar uma das vagas residuais do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) através da categoria L4. Essa classificação reserva vagas para pessoas que cursaram todo o ensino médio em escola pública, independente da renda, e são autodeclaradas pretas, pardas ou indígenas. 

Leia também: Estudante é hostilizado em residência: 'Vamos ver com quantos paus se mata um racista' Aluno se negou a pegar prova entregue por professora negra (Foto: Reprodução) Ele foi até a banca participar da seleção, mas teve o pedido indeferido pelos avaliadores. Danilo não ficou satisfeito e entrou com recurso, mas o pedido foi novamente negado. Ele então tentou uma das vagas remanescentes de ampla concorrência e foi assim que conseguiu entrar para o quadro de estudantes da UFRB. O caso aconteceu em 2018.2.

A situação que resultou na acusação de racismo foi registrada em vídeo na noite de segunda-feira (9). Nas imagens é possível ver que Danilo se recusa a receber um papel das mãos da professora Isabel Cristina Ferreira dos Reis e pede que ela coloque o material na mesa. A docente diz que não está entendo o comportamento dele, mas o estudante insiste em não querer receber a avaliação das mãos da professora.

Tanto Isabel quanto os outros estudantes que estavam na sala no momento da confusão afirmam que o motivo da recusa foi o fato dela ser negra. Segundo a direção do curso, Danilo tem uma predileção a fazer críticas a essa professora em específico e alunos já tinham percebido o comportamento dele em relação a ela em outros momentos.

Depois que foi acusado de racismo, Danilo deixou de frequentar as aulas. Ele também saiu da residência estudantil em que morava, em São Félix, no Recôncavo, e estava abrigado em uma instituição religiosa. Representantes da universidade tentaram localizá-lo, mas foram informados que ele foi embora sem dizer para onde iria. 

Em nota divulgada um dia após o ocorrido, a UFRB afirmou que é uma instituição de ensino superior comprometida com os valores democráticos, o respeito à diversidade e implicada com os territórios de identidade em que está presente. A universidade disse também rechaçar todo e qualquer ato de racismo, sexismo, LGBTfobia, intolerância e/ou violência, seja no âmbito acadêmico ou no cotidiano em geral. E criou uma comissão para apurar o caso. 

A professora Isabel procurou a Polícia Civil e prestou queixa. O caso está sendo investigado, mas os policiais ainda não localizaram Danilo. 

O CORREIO também não conseguiu contato com o estudante.