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Carmen Vasconcelos
Publicado em 28 de novembro de 2022 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Estudantes da disciplina Empreendedorismo Social, do curso de Ciências Econômicas, perceberam no início deste segundo semestre que as organizações não-governamentais da capital baiana encontravam algumas dificuldades para expandir suas ações. Surgia assim o hub de empreendedorismo social SalvaONG (@salva.ong), que tem como proposta intermediar a relação entre a sociedade e as iniciativas das ONGs por meio de uma plataforma digital.>
Embora, no início, fosse um projeto acadêmico, eles perceberam que havia possibilidade de crescimento, caso transformassem a iniciativa em algo capaz de ajudar pessoas. “Decidimos fazer a diferença, buscando diminuir as dificuldades encontradas para quem necessita e para quem quer ajudar”, explica o estudante Rian Breno da Silva, 20 anos. Rian Breno diz que a plataforma simplificará o processo de doação e intermediará a relação entre ONGs e a sociedade soteropolitana (Foto: Acervo pessoal) Ainda segundo Rian, o objetivo é mobilizar pessoas e gerar transformações positivas na cidade, através de uma plataforma digital gratuita, projetos sociais com empresas e fortalecimento entre camadas da sociedade.>
“Queremos simplificar os meios pelos quais se fazem as doações entre a sociedade e as ONGs, servindo como um intermediário entre as pessoas que querem contribuir com as instituições que aceitarem fazer parte da nossa iniciativa”, diz. >
Economia solidária A partir da criação dessa rede, os estudantes fizeram um site que ficará responsável por receber leads que irão atender a demanda específica de cada instituição cadastrada. “Vamos entender e qualificar cada voluntário que entrará na nossa plataforma”, explica o estudante.>
Para se ter ideia da importância de iniciativas como essa, basta lembrar que a economia solidária é responsável por movimentar 3% do PIB, envolvendo 3 milhões de pessoas em quase 30 mil empreendimentos.>
De acordo com o professor da disciplina, Anderson Freitas, os projetos baseados na economia solidária possuem a proposta de diminuir a desigualdade na sociedade e desenvolver uma forma de economia colaborativa ao invés de competitiva. O professor Anderson Freitas comemora o fato de que o projeto, inicialmente acadêmico, ganhou força ao unir tecnologia, inovação e cidadania (Foto: Acervo pessoal) “A partir do plano pedagógico da disciplina Empreendedorismo Social, propus aos alunos a construção de um projeto onde pudessem colocar em prática os ensinamentos de sala. Eles optaram pela criação do SalvaONG. Um projeto que associa aspectos tecnológicos e de inovação, além de trazer o fator cidadania para todos os envolvidos”, definiu. Para Freitas, poder contribuir minimamente para o olhar social desses jovens é motivo de grande orgulho.>
Inovação A estudante Tâmara Cardoso, 23, acredita que o hub trouxe uma visão mais coerente de como a união de sistemas beneficia organizações sem complexidade. “Com isso, a intermediação torna-se importante e eficiente nesse processo. A SalvaONG tem o propósito de unir as organizações sociais, servindo de profusão para todos aqueles que desejam beneficiar os parceiros”, reforça. >
"Como aluna, pretendo sempre contribuir com inovações e contatos que possam agrupar cada vez mais as organizações. Além disso, futuramente, tenho a visão de solidificar uma ONG que faça parte dessa estrutura", pontua. Tâmara Cardoso diz que o projeto do hub trouxe uma visão mais coerente de como a união de sistemas beneficia organizações sem complexidade (Foto: Acervo pessoal) Marcelo de Lima Nascimento, 22, destaca que a iniciativa é voltada para todo projeto social e pessoa voluntária que tenha interesse. “É muito simples: através de parcerias, captamos ONGs para compor nosso site, e através dessas instituições, pessoas voluntárias podem se cadastrar na plataforma”, esclarece. >
O estudante reconhece a necessidade e a realidade de instituições do terceiro setor na cidade e, por isso mesmo, o projeto abraçará a totalidade de Salvador, as ONGs parceiras, de forma totalmente gratuita. “As organizações teriam oportunidade de conseguir um novo meio de divulgação, com maior engajamento social, receberia apoio de empresas parceiras e estariam presentes na maior plataforma de agrupamento de organizações sociais. O projeto assim beneficiaria diretamente as ONGs, impactando diretamente as pessoas que são beneficiadas por essas instituições”, finaliza. >
Gênese de um sonho Durante a Primeira Revolução Industrial, entre os séculos XVIII e XIX, quando artesãos perderam seus postos de trabalho para as máquinas, o termo economia solidária aparece na Grã-Bretanha.>
A proposta era que todos pudessem se unir para produzir, consumir, comercializar ou trocar. A economia solidária prega a união entre iguais ao invés do contrato entre os desiguais. Dessa forma, não haveria competição entre os sócios, e caso a cooperativa precise de diretores, estes são votados diretamente. Se a cooperativa conseguir acumular capital, a divisão do lucro é igual entre todos os participantes.>
No Brasil, o desemprego, o êxodo rural e a constante exclusão fomentaram a criação de iniciativas com essa natureza. Em 1980, a confederação de 165 organizações humanitárias da Igreja Católica, a Cáritas, estabeleceu um movimento para formalizar as iniciativas. O movimento resultou na aprovação do Projeto de Lei PLC 137/2017 pelo Senado e a criação da Política Nacional da Economia Solidária (PNES), que auxilia e regulamenta o desenvolvimento de mais empreendimentos no modelo de economia solidária para que sejam verdadeiramente solidários, pois os empreendimentos precisam cumprir uma série de requisitos para entrarem na PNES.>
Na Bahia, há dez anos está em vigor a Lei nº 12.368/2011, que instituiu a Política Estadual de Economia Solidária. >
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A Equipe Felipe Lima Passos, 21 anos Gabriel Felipe do Nascimento Pereira, 24 Guilherme Santos Soares de Jesus, 23 Jaqueline Brito Barroso, 21 João Pedro Lopes, 27 Marcelo Antônio de Lima Nascimento, 22 Matheus Araújo Carvalho, 20 Renata Silva Coutinho, 19 Rian Breno da Silva, 20 Tâmara Cardoso, 23 Thais Andrade, 20 Thiago Teles Q Santos, 22. >