EUA: investimento em energia renovável evitou 12 mil mortes

Dado consta de estudo publicado na revista científica Nature Energy; óbitos seriam causados por problemas de saúde relacionados à poluição do ar

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  • Murilo Gitel

Publicado em 15 de outubro de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Substituição de combustíveis fósseis por energia solar reduz número de óbitos relacionados aos efeitos da poluição do ar (foto: José Cruz / Agência Brrasil)

Substituir o uso de combustíveis fósseis (originários do petróleo e do carvão) por alternativas menos poluentes contribui para a melhoria da qualidade do ar, o que reduz os riscos de mortes prematuras. A conclusão é de um estudo da Universidade de Berkeley, na Califórnia (EUA), publicado em agosto na conceituada revista científica Nature Energy.

A pesquisa demonstra que, entre 2007 e 2015, a melhoria na qualidade do ar de várias cidades americanas levou a uma economia entre US$ 29,7 bilhões e US$ 112,8 bilhões - dependendo da região - e poupou de 3 mil a 12,7 mil mortes prematuras que seriam causadas por problemas de saúde relacionados à poluição do ar. Os investimentos em energia solar e eólica teriam sido, portanto, fundamentais para esses números, aponta o estudo.

Enquanto no Brasil a maior fonte de geração de energia são as hidrelétricas, os Estados Unidos têm o gás natural e as termelétricas movidas a carvão como principais vetores de sua matriz energética.

O principal autor do estudo, Dev Millstein, afirmou que o maior benefício da melhoria na qualidade do ar reside no fato de que a redução na emissão de poluentes ajudou a evitar milhares de mortes. “Também houve diminuições na incidência de asma, bronquite, enfartes não-fatais, visitas ao pronto-socorro por problemas respiratórios, cardiovasculares e nas faltas ao trabalho e escola”, acrescentou.

E no Brasil?

Aqui no Brasil, apenas na cidade de São Paulo, 12.796 vidas seriam poupadas até 2050 caso houvesse 100% da substituição do diesel pela matriz elétrica. A mudança também evitaria gastos da ordem de R$ 3,8 bilhões por causa da perda de produtividade decorrente das mortes, segundo estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), divulgado no último mês de maio.

A pesquisa analisou três cenários elaborados pela organização não governamental Greenpeace. O pior reflete a continuidade das políticas públicas atuais. Se mantida essa situação até 2050, seriam contabilizadas 178.155 mortes que podem ser atribuídas à poluição do ar por causa da emissão de material particulado fino, uma característica do uso do diesel.

De acordo com um dos autores do estudo, o médico Paulo Saldiva, diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), os poluentes da queima do diesel podem aumentar o risco de derrame, além de câncer de pulmão e bexiga.