Ex-Vitória, David não pode viajar para a Ucrânia por causa da guerra

Negociado ao Metalist, jogador está em pré-temporada na Turquia

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  • Daniela Leone

Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 14:34

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Fotos: Sergey Bobok/AFP e Pietro Carpi/ECVitória

Quando deixou o Brasil para jogar na Europa no começo deste mês, David não imaginava que viveria momentos tão tensos fora das quatro linhas. Negociado pelo Vitória junto ao Metalist, da Ucrânia, o atacante está impedido de retornar ao país do clube que defende atualmente, mediante o ataque de tropas da Rússia. A invasão militar ocorreu nesta quinta-feira (24).    

David e todo o elenco do Metalist estão em Antalya, na Turquia, onde o time estava realizando a pré-temporada. A Copa da Ucrânia, que reúne clubes como Shakhtar Donetsk e Dínamo de Kiev, tinha jogos das quartas de finais agendados entre os dias 1º e 3 de março. O Metalist abriria as disputas diante do Zorya e, por isso, retornaria para a cidade ucraniana de Kharkiv, onde tem sede, nesta quinta-feira (24). 

Com a efetivação da guerra, os jogos de futebol foram cancelados, bem como os voos comerciais com destino à Ucrânia. David e a delegação do Metalist seguem na Turquia e com destino incerto.  

"A gente estava para ir para a Ucrânia agora dia 24, mas começaram a atacar lá na Ucrânia. Aí a gente vai continuar aqui na Turquia. Não sabemos quando a gente vai voltar para a Ucrânia. Até acabar essa guerra", afirmou David em entrevista à Tv Bahia. 

Apesar de já estar treinando com o Metalist desde o começo do mês, David ainda pertence ao Vitória, pois os trâmites da negociação não foram concluídos. O Leão também não recebeu o pagamento pela venda do jogador, mas, segundo o presidente rubro-negro, Fábio Mota, isso não se deve à guerra na Ucrânia.  

"Isso não está interferindo em nada, até agora não. O que está é a burocracia. Certidão de um lado, certidão do outro, mas a questão da guerra ainda não interferiu no pagamento, não. É por uma questão de burocracia, por ser dinheiro que vem de fora, então tem certidões que precisam ser traduzidas. Só fica apto (para pagamento) quando o processo estiver com todos os pré-requisitos preenchidos. Agora nós já entregamos todas as certidões, é uma questão de burocracia, os trâmites para receber dinheiro de fora", explicou o dirigente em entrevista concedida ao CORREIO na quarta-feira (23).

Mesmo que a Copa da Ucrânia não tivesse sido adiada, David não poderia entrar em campo, pois o Metalist ainda não tem autorização para regularizar o atleta. "Nós só vamos liberar o jogador quando receber o dinheiro. Ele continua jogador do Vitória. Só vai para o BID (Boletim Informativo Diário da CBF) quando o Vitória receber o dinheiro. Aí libera para a Fifa fazer a transferência. Nem a rescisão dele foi dado baixa", acrescentou Fábio Mota. 

Revelado nas categorias de base do Vitória, David deixou Salvador com 22 anos, após 11 na Toca do Leão. Detentor de 83% dos direitos econômicos de David, o Vitória receberá do Metalist 990 mil euros (cerca de R$ 6 milhões) à vista. O time ucraniano também pagará, em junho, o valor de 210 mil euros (cerca de R$ 1,3 milhão) pelos outros 17% que são divididos da seguinte forma: 7% dos agentes atuais do jogador e 10% do empresário Luciano Cortizo, que agenciou David no começo da carreira.

No negócio, também ficou acertado que o Metalist será dono de 80% dos direitos econômicos do jogador, enquanto o rubro-negro fica com 20%, percentual que significa mais receita em caso de uma venda futura.