Execução de meninos de Belford Roxo foi antecedida por sessão de tortura

Um chegou a morrer em decorrência da surra e outros dois foram executados em seguida

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  • Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2021 às 15:12

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Lucas Matheus, de 9 anos; Alexandre, de 11 anos e Fernando Henrique, de 12 anos, foram capturados por traficantes por causa de um suposto roubo de passarinhos. Eles passaram por sessão de tortura tão violenta que um chegou a morrer em decorrência da surra. Os outros dois foram executados por isso. O crime ocorreu em dezembro de 2020.  Eles desaparecem no dia 27 daquele mês e foram vistos pela última vez a caminho da Feira de Areia Branca, em Belfort Roxo, Rio de Janeiro. 

Os detalhes da ação dos criminosos foram divulgados nesta quinta-feira (9) pela Polícia Civil. Uma ação policial foi realizada na comunidade denominada Castelar, com a finalidade de encerrar o inquérito da morte dos garotos. A ação visava cumprir 56 mandados de prisão. 

As investigações da Polícia Civil indicaram que os meninos foram mortos por traficantes da comunidade com autorização de um chefe de facção que controla a venda de drogas na região. O motivo seria um suposto roubo de uma gaiola de passarinho pelas crianças. Moradores da comunidade do Castelar, os meninos foram vistos pela última vez, como mostraram imagens de câmeras de segurança, próximos de uma feira livre da região.

A polícia apurou que o chefe da facção na Castelar não foi informado de que se tratavam de meninos quando recebeu o pedido do gerente para a autorização. O desaparecimento dos meninos teve muita repercussão e, por isso, o traficante apontado pelo assassinato foi morto como queima de arquivo no Conjunto de Favelas da Penha, na zona norte, para não atingir os integrantes do grupo.

“Eles foram torturados. Pode-se chamar de tortura. Em algum momento um deles falece, e eles acham que a solução daquele caso seria matar os outros dois e chamar alguém para levar os corpos para fora da comunidade”, afirmou o titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, Uriel Alcântara.

A polícia indiciou cinco pessoas por participação nas mortes das crianças. Destes, três já estão mortos, um foragido e uma quinta pessoa está presa. Um sexto responde em liberdade apenas por ocultação de cadáver.

“Essa facção é a mesma que já torturou e matou jornalista, matou uma jovem menina e cortou ela porque não queria namorar um traficante, que matou um menino na Nova Holanda, que incentiva roubos de automóveis e cargas no Rio de Janeiro”, afirmou Ronaldo Oliveira, subsecretário de Planejamento Operacional da Polícia Civil.

“A Polícia Civil foi cobrada sobre esse crime. Houve insinuações que a polícia priorizava investigações cujas vítimas são ricas, em detrimento de investigações cujas vítimas são pobres. Hoje foi demonstrado que isso não é verdade. É um fato difícil de investigar”, disse Roberto Cardoso, diretor do Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa.