Existe cultura LGBT? Sim, existe e é  vibrante

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  • Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Está em tramitação na Câmara Municipal da Cidade do Salvador, prestes ser votado, o Plano Municipal de Cultura. O texto é fruto de indicativo das metas da Conferência Nacional de Cultura, que aponta que cada cidade e estado tenha o seu próprio Plano de Cultura.

O nosso, antes de chegar na versão final que será votado na Câmara, passou pelo Conselho Municipal de Cultura, em diversas audiências públicas, ouvindo a população, inclusive na Casa Legislativa. Por isso, é incompreensível que, agora, a bancada cristã rejeite a inclusão de "Cultura LGBT" no Plano. Em que mundo eles vivem? Não sabem o que é cultura, voilà!

Cultura é a ação do homem, mulher, gay, travesti, lésbicas, de forma consciente na natureza das coisas.

E a cultura LGBT existe, viva e pulsa muito forte no cotidiano das cidades, só quem não consegue ver são os que olham atravessado, quem tem preguiça mental ou quem ganha algum benefício em ignorar essa expressão.

A cultura LGBT em Salvador é forte e antiga. Na primeira capital do Brasil, data de 1591 a presença do escravo Xico Manicongo, que se vestia com trajes femininos e aparecia onde hoje é a Rua da Ajuda. Por conta disso foi denunciado ao Tribunal do Santo Ofício (Luiz Mott).

O livro A Inversão dos Sexos, do mestre Estácio de Lima, de 1930, já descrevia esse tipo de cultura na cidade.

Hoje, esse traço cultural está presente no cotidiano da cidade, nos bairros com a ação dos coletivos culturais, na favela, nas artes plásticas, dança, música e audiovisual graças ao poder das mídias sociais; existe uma linguagem específica criada pelos LGBT e adotada pela população da cidade.

Temos ainda o Carnaval, com os blocos de travestidos; nosso Dois de Julho, com as fanfarras estudantis e suas balizas acrobáticas gays; o São João com as quadrilhas juninas. A noite da capital tem inúmeras boates e bares onde cantores e artistas transformistas se apresentam difundindo a cultura drag queen. E, por tudo isso, turistas de todo o mundo vêm a Salvador por saber, a priori, que a nossa cidade é "friendly", que aqui são bem-vindos e por saber que existe proteção na cidade.

Na gestão do prefeito ACM Neto, a prefeitura de Salvador sancionou leis importantes, como a criação de um órgão municipal de combate à LGBTfobia e apoio à população LGBT, além de decretar o Combate à LGBTfobia Institucional nos serviços públicos. Por fim, ainda sancionou a Lei Teu Nascimento, que pune estabelecimentos comerciais que praticarem a LGBTfobia. 

A gestão atual do prefeito Bruno Reis mantém todas as conquistas e avança ainda mais com trabalhos para fazer de nossa cidade ainda mais inclusiva. Como eu acho que o conhecimento liberta, me coloco à disposição para ensinar aos vereadores que se opõem ao Plano e que acham que não existe uma cultura LGBT.   

Marcelo Cerqueira é membro do Grupo Gay da Bahia, professor e humanista.