Facções em guerra usam as redes sociais para intimidar rivais em Salvador

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  • Divo Araújo

Publicado em 21 de julho de 2019 às 07:00

- Atualizado há um ano

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O vídeo de 2m44s de duração, gravado por um dos integrantes da facção conhecida como Bonde do Maluco (BDM), no Jardim Santo Inácio (Salvador), é de arrepiar.  Com celular em punho, ele filma o grupo de pelo menos dez criminosos atirando pelas ruas do bairro,  enquanto repete a todo momento: “O Bonde é maluco, desgraça!! Bota a cara, desgraça! Vou derrubar”. 

Na ação, os integrantes da facção que comanda o tráfico na vizinha Mata Escura mataram Juarez Bispo Júnior, 34 anos, que, segundo a polícia, era irmão do traficante Jau, uma das lideranças do Comando da Paz, que atua em Santo Inácio. O vídeo mostra a vítima no chão, aparentemente já morta, enquanto é baleada repetidas vezes pelos bandidos, a maioria encapuzada. No dia seguinte à noite de terror, a polícia ocupou o bairro e fez incursões na Mata Escura, em  busca dos criminosos. 

Fenômeno que assusta um grande número de cidades brasileiras, as guerras de facções levam também terror a dezenas de bairros não só de Salvador, como também de várias regiões do estado. Outra reportagem publicada pelo CORREIO esta semana mostrou que a disputa pelo controle do tráfico de drogas entre o BDM e a facção Katiara vem se acirrando e apavorando quem vive ou veraneia nas praias do Recôncavo, como Saubara, Cabuçu e Bom Jesus dos Pobres.

Nessas rixas, os vídeos disseminados pelas redes sociais, sobretudo o WhatsApp, são usados para dissuadir criminosos rivais e aumentar a reputação da facção. E quanto maior a violência, maior a notoriedade no mundo do crime. Essa busca pelo reconhecimento é um dos motivos, por exemplo, que levam a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) a não mencionar os nomes das facções. Policiamento foi reforçado no bairro de Santo Inácio após ataque de facção criminosa (Foto: Evandro Veiga) Apesar de não haver   números oficiais, o Ministério da Segurança Pública estimou, no ano passado, que existam cerca de 70 organizações espalhadas pelo país. Na Bahia, segundo o anuário Brasileiro de Segurança Pública 2018,   seis grupos comandam atividades criminosas: Bonde do Maluco, Katiara, Comando da Paz, Mercado do Povo Atitude, PCC e Quadrilha do Perna. Como uma hidra - monstro da mitologia grega que fica  mais forte  a cada cabeça cortada,  porque duas outras nascem - esses grupos criminosos costumam se dividir quando perdem as sua principais lideranças. O BDM, por exemplo, nasceu de uma dissidência do Comando da Paz.

Para o cientista político  da Universidade de Chicago Benjamin Lessing, que pesquisa facções criminosas na América Latina e nos EUA, a  eliminação desses grupos é impossível. Ele vê a aposta exagerada no encarceramento como uma das explicações para o grave quadro da segurança pública no Brasil. “Ter como objetivo eliminar as facções é como querer acabar com o tráfico de drogas: ninguém nunca conseguiu.”

Nova liderança sai mais forte ao ser atacada

Muita gente  não conhecia Tabata Amaral até que a serena deputada federal do PDT, de 25 anos, enquadrou o então ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. Em meio ao bombardeio de perguntas e críticas numa audiência na Câmara, ela se destacou ao cobrar uma proposta do ministro para a área e sugerir a ele que, diante da falta de projetos, pedisse demissão do cargo. “Mude de atitude ou saia do cargo”. O vídeo viralizou.

Esta semana, a jovem parlamentar - que depois de confrontar o ministro se consolidou como uma das estrelas mais brilhantes dos movimentos de renovação política - voltou a estar sob os holofotes. Junto com outros sete deputados, ela foi suspensa pelo partido após ter votado a favor do texto-base da reforma da Previdência. Eles responderão a processo administrativo na Comissão de Ética do partido, que prevê uma decisão em até 60 dias. Tábata Amaral (Foto: Divulgação) Além da suspensão, a deputada sofreu uma série de ataques nas redes sociais (virou meme com hashtag #TabataTraidora) e dos principais líderes do PDT. Do ex-presidenciável Ciro Gomes, que antes se referia a ela como um “tesouro”, partiram os ataques mais veementes. “Não está no partido correto. Ela, pessoalmente, deveria ter a dignidade de sair”, disse Ciro, sem citar o fato de que Tabata poderia perder o mandato por infidelidade partidária.

No primeiro momento, a deputada se manifestou. “Meu voto pela reforma da Previdência é um voto de consciência, não é um voto vendido”. Depois, se recolheu e até trocou o número do telefone. Apesar da turbulência, a polêmica vem melhorando a imagem da filha de um cobrador de ônibus e de uma diarista, que deixou a periferia de São Paulo para cursar astrofísica e ciência política na Universidade de Harvard. Estudo da consultoria Ideia Big Data, com 2.010 entrevistados, mostrou que passou de 30% para 61% a aprovação dos que conhecem a atuação dela em Brasília.

“Quando políticos tradicionais confrontam uma liderança jovem, quem sai maior geralmente é a novidade”, disse o presidente do Ideia Big Data e professor da Universidade George Washington/EUA, Maurício Moura.

AÇÃO E REAÇÃO

Na sexta-feira, uma série de declarações polêmicas do presidente Jair Bolsonaro provocou reações pelo Brasil. Ontem, ao reagir às críticas, afirmou que a imprensa brasileira distorce as suas declarações e que os veículos de comunicação “morrem de saudades do PT”. Confira as polêmicas de sexta.

‘PARAÍBA’  Governadores de nove estados do Nordeste manifestaram, em carta, “espanto e profunda indignação” com a fala do presidente Jair Bolsonaro, captada pela equipe da TV Brasil, durante uma conversa informal com o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil). O presidente disse que “daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão; tem que ter nada com esse cara”. Na tarde de ontem, Bolsonaro disse que suas declarações foram mal interpretadas e que  sua intenção era se referir ao governador do Maranhão, Flávio Dino, e ao da Paraíba, João Azevêdo, e não ao povo nordestino.

ANCINE  Cineastas de todo o país manifestaram preocupação após o presidente afirmar que terá ‘filtro’ para as produções audiovisuais brasileiras, por meio da Agência Nacional do Cinema (Ancine). “Se não puder ter filtro, nós extinguiremos a Ancine”, disse. Para Bruno Barreto, diretor de filmes como O que É Isso, Companheiro? e Dona Flor e seus Dois Maridos, “nem na época da ditadura militar isso ocorreu”.

JORNALISTA  A Rede Globo apresentou nota de repúdio aos ataques de Bolsonaro à jornalista Miriam Leitão, profissional da emissora e colunista de jornais, inclusive o CORREIO. Em café da manhã com jornalistas da mídia estrangeira, ele disse que Miriam integrou a luta armada contra a ditadura militar de 1964 e dirigia-se à guerrilha do Araguaia quando foi presa. “Em defesa da verdade histórica e da honra de Miriam Leitão, é preciso dizer com todas as letras que não é a jornalista quem mente”, diz a nota.

AMAZÔNIA  Nesse mesmo café da manhã, Bolsonaro acusou o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Magnus Osório Galvão, de estar agindo “a serviço de alguma ONG” . O presidente fez essa afirmação ao questionar os dados sobre as taxas de desmatamento da Amazônia. “Se toda essa devastação de que vocês nos acusam de estar fazendo e ter feito no passado, a Amazônia já teria sido extinta, seria um grande deserto”. Em entrevista, ontem,  ao Estado de S. Paulo, Galvão se disse escandalizado com as declarações que, para ele, parecem mais “conversa de botequim”.  Déborah Secco como Bruna Surfistinha (Foto: Divulgação) Eu fiquei um pouco chocada do filme Bruna Surfistinha ter sido colocado nesse lugar, porque é um filme que retrata não só a história real de uma garota de programa (Raquel - conhecida como Bruna Surfistinha), mas de outras milhares de mulheres que se encontram nessa situação Deborah Secco

Em nota oficial, a atriz que deu vida  vida à personagem Bruna Surfistinha se disse chocada com as declarações do presidente Jair Bolsonaro, que afirmou não poder ‘admitir que, com dinheiro público, se façam filmes como o da Bruna Surfistinha’. Ela argumentou que o objetivo do filme era promover um debate. ‘Uma das funções da arte é essa’, escreveu.

Ana Marcela faz história na natação

Ao ganhar sua segunda medalha de ouro no Mundial de Esportes Aquáticos de Gwangju, a baiana Ana Marcela Cunha  fez história. A nadadora venceu pela quarta vez a prova da maratona aquática de 25 km, sendo a terceira consecutiva. Ana Marcela (Foto: Satiro Sodré/Divulgação)