'Falta de ar deve chamar atenção', diz médico em isolamento por Covid-19

Coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, David Uip conta como sente com o coronavírus

Publicado em 28 de março de 2020 às 13:33

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Governo de São Paulo

O médico David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, enviou um áudio a amigos na última sexta-feira (27) contando como se sente após ter sido diagnosticado com a Covid-19. O conteúdo circulou entre grupos de médicos. 

Na mensagem, Uip pede atenção à falta de ar como principal sintoma de Covid-19, a doença causada pelo coronavírus Sars-Cov-2. Uip está em isolamento domiciliar desde que foi diagnosticado com a doença, na segunda-feira (23).

"O que deve chamar a atenção de qualquer um, que deve procurar imediatamente o serviço de saúde: é a falta de ar. Aumenta o número de respirações, diminui a amplitude", destacou Uip."Então isto é um motivo de procura imediata do serviço de saúde - mais do que a febre. A febre já não está tão recorrente como em outros processos virais. O sintoma de agravo e de ida imediata ao sistema de saúde é o desconforto, a insuficiência respiratória", disse Uip.Ele também listou outros sintomas. "Os sintomas são curiosos. (...) Eu pouco espirrei, não tenho coriza. São fatos novos, do tipo: mudou meu olfato, mudou meu paladar. São dois sintomas novos que eu já vinha vendo nos meus pacientes, agora tô sentindo isso no dia a dia. A febre já não está tão recorrente como em outros processos virais", afirmou Uip.

Cansaço e medo O médico diz estar bem em seu 5º dia de isolamento. "A sensação é de que eu estou cansado, mas não tenho tido febre, não tenho tido tosse", diz Uip.

O médico declarou ainda que a intenção da mensagem não era gerar medo, mas que ele próprio teve que lidar com temores em relação à doença."Eu tive medo. Eu acho que, como qualquer outra pessoa, eu tive medo. Mas acho que eu controlei este meu medo de duas formas: uma, com fé. E a outra, paz na alma. Eu acho que ainda tenho uma missão para cumprir, eu acho que preciso voltar a trabalhar e eu acredito que as pessoas podem ajudar umas às outras. É sofrido? É sofrido. É doído? É doído. Mas nós vamos em frente", disse.