Família busca ex-cobrador raptado por homens encapuzados em São Caetano

No último domingo (25), homens encapuzados invadiram a casa de rapaz e o levaram à força

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  • Fernanda Santana

Publicado em 31 de março de 2018 às 11:40

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Do bolso, Ademir retira o celular que rompe o silêncio da sua ansiedade, visível no rosto cansado, e atende à ligação. Mal cumprimenta o sobrinho, dá a notícia, o motivo da inquietação: “Reginho sumiu. Desde segunda-feira que eu ando atrás dele”. Reginho, outro sobrinho, é Reginaldo dos Santos Araújo, 33 anos, desaparecido desde a madrugada do último domingo (25). Segundo testemunhas, o ex-cobrador de ônibus foi retirado da casa onde mora à força, em Capelinha de São Caetano, e empurrado por homens encapuzados até um carro. 

O paradeiro de Reginaldo é um mistério para todos. Também a resposta para quem são os invasores de sua casa, onde mora sozinho, em plena madrugada. As únicas pistas do caso dizem pouco a amigos e parentes. O que sabem é que os suspeitos levaram a televisão, o video-game, o Home Theater e perfumes de Reginaldo. E que um amigo chegou a falar ao telefone com um dos encapuzados ao ligar para o telefone de Reginaldo.

“Mas, quando ele atendeu, só respondeu: ‘Você é advogado? Tem dinheiro? Vou levar [Reginaldo] para delegacia’", relatou. Por que levar para delegacia ninguém entende, já que Reginaldo, segundo a família, não tinha passagens pela polícia. Seis dias depois, o carro não retornou, nem Reginaldo deu notícias à família, que mora no bairro de Valéria.                      Reginaldo dos Santos Araújo, desaparecido desde o último domingo (25)  (Foto: Fernanda Lima/CORREIO) Os pais e o tio, aposentado de 66 anos, empreenderam, então, uma busca quase diária. O tio, inclusive, foi neste sábado (31), ao Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML), tentar descobrir o desfecho da história. Não conseguiu.“Não tem nada aqui, fiquei até preocupado porque recebi uma ligação de que tinham chegado corpos no IML. Mas nenhum corpo que chegou aqui é o dele”, conta ele.

Na delegacia onde registrou o desaparecimento, a 4ª Delegacia Territorial, em São Caetano, o tio foi avisado de que voltasse na segunda-feira (2), quando os investigadores poderiam ter alguma atualização do caso. Lá, Reginaldo não estava. E quem poderia ter falado com o amigo de Reginaldo? “Que eu saiba ele não tinha desentendimento com ninguém. Todo mundo adora ele”, responde Ademir. Acionada, a delegacia não atendeu à ligação da reportagem. No IML, tio de Reginaldo mostra foto do sobrinho desaparecido (Foto: Fernanda Lima/CORREIO) No dia em que foi tirado de casa, Reginaldo já completava mais de três anos desempregado. Do último trabalho, como cobrador de ônibus, saiu no dia 13 de janeiro de 2015. A família, no entanto, desconhece um possível envolvimento de Reginaldo com o crime. “A gente não tinha a convivência diária, a família toda mora em Dom Avelar. O que eu sei é que todo mundo gosta dele”, reafirma o tio.

Na próxima semana, ele deve ir ao Ministério Público tentar conseguir a autorização para ver os extratos bancários de Reginaldo e, assim, descobrir o paradeiro do sobrinho. “A gente está tentando muito ver se acha ele”, desabafa.