Família que procurava por jovem desaparecido encontra outro corpo em Paripe

Os dois foram vítimas de afogamento, mas a história do primeiro corpo ainda é um mistério

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  • Gil Santos

Publicado em 11 de outubro de 2021 às 16:12

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/ CORREIO

Um corpo foi encontrado boiando na praia de São Tomé de Paripe, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, quando outro corpo estava sendo procurando no mesmo local. Na manhã de domingo (10), o adolescente Henrique Silva de Oliveira, 16 anos, desapareceu quando estava dentro do mar. A família acionou os bombeiros e durante a tarde um corpo foi avistado boiando na mesma praia, mas ao retirar o homem da água os familiares perceberam que se tratava de outra pessoa.

O corpo não apresentava sinais de violência, como tiros ou facadas, e por isso a polícia suspeita que seja mais uma vítima de afogamento. Ele foi encaminhado para o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), no bairro dos Barris, onde foi identificado como Luís Alberto da Conceição, 38 anos. A polícia ainda não tem informações sobre a família dele e nem os detalhes do acidente. O corpo está aguardando por familiares no IML.  

Já Henrique foi encontrado no dia seguinte, na manhã de segunda-feira (11), boiando na mesma região. Ele foi reconhecido pelos familiares logo após ser retirado da água, quando ainda aguardava pelos peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) nas areias da praia. O corpo foi coberto para evitar a atenção dos curiosos. Corpo de Henrique aguardando pela Polícia Técnica (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) A tia do adolescente, a auxiliar administrativa Cida Oliveira, contou que o jovem é natural de Cravolândia e que estava visitando os familiares em Valéria, em Salvador. Na manhã de domingo, a família resolveu ir à praia e alugou uma boia para que Henrique e uma adolescente de 14 anos, prima dele, pudessem se divertir. O brinquedo foi arrastado pela correnteza e quando os dois perceberam já estavam distantes da costa.

“A prima dele conseguiu voltar. Ela tentou ajudar mantendo o rosto dele para cima, mas ela também não sabe nadar, se afogou e foi retirada da água com a ajuda de um rapaz. A gente fincou impressionado porque a maré não estava tão alta, estava raso para a altura dele, mas ele se desesperou”, contou. Cida contou que ela e o sobrinho eram muito próximos (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) Henrique era o mais velho de quatro filhos, e deixa mãe, pai e três irmãos. O sepultamento será em Cravolândia para onde o corpo dele seguir no final da tarde desta segunda-feira. A tia descreveu o jovem como uma pessoa alegre. “Ele sempre vinha para Salvador. Tinha 15 dias que ele estava aqui, passando os dias na minha casa, e era meu xodozinho. Muito alegre, brincalhão e muito amoroso. Era um bom menino”, afirmou.

Clima A presença de banhistas nas praias é grande aos fins de semana, mas nos últimos dias está ainda mais intensa por conta do ferido de Nossa Senhora Aparecida e do Dia das Crianças. No domingo, dia da tragédia, a praia estava lotada e diversas crianças brincavam na água enquanto os pais estavam distraídos na areia.

Nesta segunda, os primeiros banhistas começaram a chegar pouco antes do corpo de Henrique ser retirado da areia e encaminhado para o IML. Cerca de duas horas depois a região estava lotada. Segundo a Coordenadoria de Salvamento Marítimo (Salvamar), apenas o mês de setembro registrou 164 afogamentos, foi o segundo mês com o maior número de ocorrências, atrás apenas de janeiro (175). Equipe que trabalhou no resgate de Hernique (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) Em agosto, o CORREIO fez uma reportagem mostrando que o número de afogamentos tinha crescido 15% até aquele momento, na comparação com o ano passado. Especialistas contaram que os erros mais comuns cometidos pelos banhistas são ingerir bebida alcóolica em excesso antes de entrar no mar, deixar as crianças sozinhas e correr riscos desnecessários por saber nadar.

Para o vendedor de água de coco, Rafael Nascimento, todo cuidado é pouco. Com cerca de 20 anos atuando nas praias, ele contou que já presenciou muito casos de afogamento. “É uma morte horrível, e sinto pena das famílias que passam dias esperando por uma notícia. As pessoas precisam entender que mesmo quem sabe nadar não tem experiência com afogamentos, por isso é preciso que todo mundo tenha cuidado”, disse.  

Outubro está só começando, mas já tem 20 casos registrados. Entre janeiro e setembro, 558 pessoas sofreram afogamentos nas praias de Salvador e oito banhistas morreram. O órgão atua entre o Jardim de Alah e Ipitanga, na fronteira com Lauro de Freitas.

A região da Pituba até a Barra e as praias da Baía de Todos os Santos, como a de São Tomé de Paripe, onde Henrique e Luís foram encontrados, são de responsabilidade do Corpo de Bombeiros. Procurado, o órgão ainda não se manifestou.

Em nota, sobre o caso dos dois afogamentos ocorrido no domingo, a Polícia Militar informou que foi acionada e fez a preservação do local onde os corpos foram encontrados, enquanto aguardava a chegada da Polícia Civil para perícia e remoção.

Também em nota, a Polícia Civil disse que a 5ª Delegacia Territorial (DT/ Periperi) registrou o caso, confirmou as identidades das vítimas e disse que as duas ocorrências são investigadas como afogamentos.

Confira o número de afogamentos registrados pela Salvamar:Janeiro: 175 Fevereiro: 70 Março: 25 Abril:  20 Maio:  34 Junho: 07 Julho:  09 Agosto: 54 Setembro: 164 Outubro: 20 *Dados são referentes a casos ocorridos entre o Jardim de Alah até Ipitanga.

Confira como evitar afogamentos:Procure praias em que há a presença de salva-vidas; Converse com os profissionais para saber quais regiões da praia você deve evitar; Não entre no mar se tiver ingerido bebida alcóolica; Não deixe crianças sozinhas na água e mantenha elas sempre por perto; Evite o perigo, como áreas de mar agitado ou água acima da cintura, mesmo se souber nadar; O que fazer em caso de afogamento:Nade junto com a corrente; Fique o mais próximo da costa que consegui; Tente identificar pontos de saída, como bancos de areia e pedras; Sinalize que precisa de ajuda, mas mantenha a calma; Tente boiar e economizar o máximo de energia; *Dicas de salva-vidas.