Fazenda baiana ganha prêmio de produtividade

Localizada em Riachão das Neves, ela produz 96,86 sacas de soja por hectare, sendo a mais produtiva do Norte e Nordeste

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  • Georgina Maynart

Publicado em 19 de junho de 2019 às 06:15

- Atualizado há um ano

O grupo Gorgen, que mantém a Fazenda Barcelona, no município de Riachão das Neves, Oeste da Bahia, é o grande destaque regional da 11ª edição do Desafio Máximo de Produtividade, promovido pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb). Usando o sistema de sequeiro, os produtores rurais do grupo atingiram uma produtividade de 96,86 sacas de soja por hectare. O resultado foi divulgado nesta terça-feira (18) no Paraná.

“O Oeste da Bahia tem as melhores tecnologias do Brasil e do mundo. Nós temos muitas dificuldades de chuva e de solo, mas com um bom perfil de solo conseguimos atingir os objetivos de produtividade. Foi a primeira vez que participamos do desafio. Este resultado é o reflexo do comprometimento de todos que trabalham no grupo Gorgen”, diz o produtor rural João Antônio Gorgen, que representou o grupo familiar na cerimônia de premiação. O produtor rural João Gorgen e o consultor Edinei Fugalli receberam o prêmio conquistado pelo Grupo Gorgen na categoria regional. (Foto: divulgação) O agricultor acredita que a alta produtividade foi favorecida pela rotação de culturas aplicada na fazenda. A estratégia vem contribuindo para melhorar a fertilidade do solo. Depois de cada safra de soja ele planta milheto. E a cada quatro anos, cultiva milho Santa Fé na mesma área.

“O manejo foi importantíssimo, para promover um bom solo. Temos o algodão no sistema também, que favorece o aumento de fertilidade”, revela.

A média nacional é de 53,4 sacas por hectare, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No ano passado, os agricultores do Oeste da Bahia atingiram uma produtividade média de 66 sacas por hectare. Mas há casos de produtores da região que atingem produtividade superior, de até 80 sacas por hectare.

No Desafio Produtividade do ano passado, quando as condições climáticas foram mais favoráveis, um outro produtor do Oeste da Bahia, Marcelino Flores, chegou a atingir a marca de 104,4 sacas por hectare. Na Bahia, cerca de 7% das lavouras são irrigadas, os outros 93% são de sequeiro.

“Com a tecnologia de hoje, a variedade de sementes e o clima favorável, se o agricultor conduzir a lavoura da forma correta, ele alcança grande produtividade”, diz o engenheiro agrônomo Luiz Stahlke, assessor técnico da Associação de Agricultores do Oeste da Bahia (AIBA).

Nacional

Este ano, o Desafio envolveu 4 mil produtores rurais de todos o país. Colhendo o dobro da média nacional, o produtor rural Maurício de Bortoli, do Rio Grande do Sul, foi o grande campeão no ranking geral. A fazenda fica em Cruz Alta, atingiu 123,88 sacas por hectare na safra 2018/2019, através do sistema irrigado de produção.

“Como sou produtor de sementes, tive um cuidado e atenção no controle de pragas e doenças que pudessem impactar em redução da produtividade e da qualidade do produto final”, conta Bortoli.

O segundo lugar também ficou com o Rio Grande do Sul. A família Tollotti, que mantem propriedade rural em Erval Seco, alcançou 123,50 sacas por hectare. Eles se tornaram vice-campeões e conquistaram o pódio na categoria regional.

Na região sudoeste, o campeão foi Matheus Grossi Terceiro, de Patrocínio, em Minas Gerais. Ele atingiu 110,45 sacas por hectare, apesar das intempéries que enfrentou durante a safra 2018/2019.

“No começo do ciclo houve períodos com grandes volumes de água e vários dias nublados, com baixa luminosidade, prejudicando o crescimento vegetativo da planta. No período da colheita ocorreram chuvas, que prejudicaram o peso a sanidade dos grãos”, explica Grossi. Recordistas nacionais em produtividade de soja foram premiados na durante a 11ª edição do Desafio nacional. ( Foto: André Moraes Página 1 Comunidação) Já no Centro-Oeste, a Fazenda Reunidas, em Rio Verde, Goiás, produziu 108,74 sacas por hectare.

“Para reestruturar o solo e realizar o aporte de matéria orgânica foi plantado capim nas últimas três safras e milho safrinha em 2018. Esse capim possibilitou a entrada de boi na sequência, aumentando a performance do uso da terra”, conta Alexandre Baungart, CEO do grupo.

Este ano, o Desafio contou com a participação de 11,5% das áreas plantadas de soja do Brasil, o que representa cerca de 4,14 milhões de hectares. A ideia é incentivar os produtores rurais a produzirem mais, sem precisar aumentar a área plantada.

“Esse índice alcançado pelo campeão do Desafio é uma amostra do potencial que a produção brasileira de soja possui, o que vem fazendo com que o País cresça no setor e se firme como um dos principais fornecedores de soja do mundo”, acrescenta o presidente do CESB, Leonardo Sologuren.

Estimativas para 2019

O período de colheita da soja já acabou nas principais regiões produtoras do país. Este ano, a produção brasileira da oleaginosa deve chegar a 114,8 milhões de toneladas, um volume 3,7% menor do que na safra anterior, segundo estimativas do Ministério da Agricultura, com base em dados da Conab. Com as oscilações frequentes nos preços, o valor da produção agropecuária também deve ser menor. A redução no faturamento das lavouras de soja deve chegar a 13,6%, o equivalente a R$ 20 bilhões a menos.

Na Bahia, o levantamento de safra do IBGE indica que os agricultores do estado devem produzir cerca de 4 milhões e 930 mil toneladas de soja, aproximadamente 20,9% a menos do que na safra anterior.