Feiras voltam a movimentar economia criativa em Salvador

Pandemia modificou a proposta das feiras, que buscaram mudanças e adaptações para apoiarem a economia criativa

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 6 de dezembro de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Moara Rocha/Divulgação

Em novembro de 2019, o empresário Hori Leal, 38, do Estúdio Agá, estava investindo alto no mercado interno e turístico. Além da presença nas feirinhas realizadas na cidade, tinha acabado de inaugurar uma loja colaborativa no Santo Antônio Além do Carmo.  “Logo depois do Carnaval de 2020 se instalou o caos, fechamos a lojinha em março, devido à crise sanitária mundial e o lockdown local. O prejuízo foi enorme, todo o estoque estagnou e as vendas despencaram”, relembra.  Hori Leal retornou as feiras e reabriu um novo espaço. Para o futuro, espera um novo momento de estabilização, de reorganização econômica e retomada (Foto: Moara Rocha/Divulgação) No último final de semana, Hori voltou a experimentar a agitação das feiras, durante a primeira edição do BaZá RoZê desde o início da pandemia. “Estou vivo e pronto, mas é preciso destacar que o preparo vai muito além das finanças, exige reparos e adaptações no modo de oferecer e organizar os produtos, questões emocionais e físicas também contam”, analisa. 

A idealizadora da iniciativa surgida em 2017, Brenda Medeiros afirma que o retorno das feiras representa a permanência e a sobrevivência dessa e de outras iniciativas que foram duramente atingidas durante esses últimos dois anos. Aliado a isso, a perspectiva de retorno fortalece as iniciativas de economia criativa que, como inúmeros setores, precisaram se reinventar durante esses últimos meses. 

Retorno em rosa

“Sonhei com uma retomada linda, tanto os expositores quanto clientes e amigos estavam ansiosos, com saudades e com expectativa boa dessa troca que aconteceu depois de quase dois anos lidando com essa situação pandêmica”, avaliou Brenda. 

Para ela, além da retomada das atividades econômicas, o retorno das feiras também tem exigido uma nova postura ainda mais sintonizada com o outro, sejam expositores, parceiros ou clientes. “Não deixamos de ser gentis e calorosos uns com os outros, mas agora tudo isso precisa respeitar distanciamento físico, manutenção de máscaras nos rostos e mãos limpas”, reforçou. Com passagens por diversos locais da cidade, como os Barris, onde nasceu (Casa Rosada), Rio Vermelho (Casa Ninja Bahia- Mídia Ninja), Santo Antônio Além do Carmo (Rua Livre), Barra (Aliança Francesa), Pelourinho (em parceria com a OSBA Verão – evento da Orquestra Sinfônica da Bahia) e agora no Palacete das Artes (Graça), o BaZá RoZê, enquanto coletivo de empreendedores, se manteve presente durante os últimos meses como forma de apoio, gerando conteúdos entre si, incentivando trocas de informações, gravando videoclipes para as redes sociais, intensificando o marketing para o e-commerce para gerar mais vendas, apoiando e acolhendo uns os outros em momentos mais leves e também em momentos tristes com as perdas de amigos e familiares.  Brenda Medeiros comemora o retorno das feiras e do seu BaZá RoZê no Palacete das Artes, possibilitando que empreendedores voltem a comercializar no modo presencial (Foto: Moara Rocha/Divulgação)  “Acima de tudo, estivemos nos escutando e escutando o coração para entender e buscar autoconhecimento para lidar com a situação da pandemia e suas consequências”, diz a idealizadora da proposta. Ela faz questão de reforçar que o BaZá não é só mais uma feira, mas uma atitude. “Atitude de fazer com que essa relação se fortaleça, de muita ajuda, de muita cooperação entre uma e outra, sempre torcendo que a outra esteja bem para conquistar e obter vitórias. É uma rede solidária mesmo, independente de quantos somos, a depender dos espaços que ocuparemos mais ainda daqui pra frente”, garante Brenda.

Na Sé e no futuro

Quem também está retomando as atividades repletas de novos planos é a Feira da Sé, realizada na Praça da Sé, no Centro Histórico. De acordo com a responsável Cláudia Vaz, no caso da Sé, que é uma iniciativa que surgiu em 2018, dentro da dentro da Semana de Ação, Cidadania e Memória, e que até a pandemia, havia realizado 16 edições, a retomada surgiu a partir do convite da Flipelô 2021, que já foi parceria da feira anteriormente. 

“Acreditamos nessa colaboração entre as iniciativas que valorizam o Centro Histórico. Esperamos que, com a retomada da possibilidade de realizar eventos presenciais, possamos voltar a ocupar regularmente esse espaço, colaborando não só com o fomento da economia local, dos pequenos negócios e marcas que participam da Feira, mas também com a visibilidade do trabalho de tanta gente talentosa e empreendedora que atua na Economia Criativa da cidade”, afirma.  

Cláudia conta que enquanto as feiras estiveram suspensas, os organizadores aproveitaram para se reorganizar e planejar um site coletivo, uma espécie de market place, que levará os produtos dos artesãos e artistas baianos para outros estados e para o mundo. “O projeto está em fase de desenvolvimento e estruturação e deve ser lançado em breve”, anuncia Cláudia.

As perspectivas para o próximo ano, se o panorama da pandemia se mantiver dentro dos padrões de controle, será a consolidação da Feira da Sé como um equipamento turístico e cultural fixo, aos finais de semana, no Centro Histórico. “Queremos que o turista e o visitante saibam e já coloquem a feira como uma atração a visitar dentro da sua programação na cidade, como já ocorre com as feiras de ruas em diversas outras cidades ao redor do mundo”, completa a representante da Feira da Sé. 

Para participar como expositor

Feira da Sé: As inscrições podem ser feitas enviando um e-mail para [email protected] BaZáRozê:@bazaroze