Feminicídio é doença social do machismo

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  • Andreia Santana

Publicado em 1 de dezembro de 2019 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Acervo Correio

O escritor Lima Barreto, em 1915, escreveu para o jornal carioca Correio da Manhã uma crônica intitulada ‘Não as matem’. Ele começa o texto chamando os homens - em uma época em que as mulheres ainda passavam da tutela dos pais e irmãos para a do marido - à responsabilidade por um caso de feminicídio ocorrido no Rio de Janeiro. Na crônica, Lima Barreto conversa com seus leitores e afirma que o sentimento que move os feminicidas é persistente no coração de muitos homens, o de que são donos das mulheres com quem se relacionam.

Mais de 100 anos depois da publicação da crônica de Lima Barreto, feminicídios ainda acontecem -  a Bahia, até setembro deste ano, registrou 117 casos - e pelo mesmo motivo apontado pelo escritor: o machismo. O feminicídio é uma doença social cultivada pelas muitas manifestações de machismo no cotidiano das mulheres. As vítimas de feminicídio, geralmente, também sofreram outras formas de agressão e tentativas de controle por parte de parceiros ou ex-parceiros.

O caso mais recente no estado é o da estudante do 7º semestre do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), Elitânia de Souza da Hora, assassinada, na cidade de Cachoeira, por José Alexandre Passos Góes Silva, um homem com quem ela havia se envolvido no passado e contra quem tinha medida protetiva por ter sido agredida. Elitânia saiu de um relacionamento abusivo e tentou se proteger.  José Alexandre não podia se aproximar de Elitânia porque havia uma medida protetiva concedida pela Justiça em vigor (Foto: Reprodução) Boa parte das vítimas de feminicídio têm medidas protetivas que são descumpridas pelos agressores. Mesmo com a lei Maria da Penha, que prevê punições para a violência contra as mulheres, ainda falta fiscalização suficiente para impedir que um homem que recebeu da Justiça a ordem de se afastar de uma mulher ameaçada por ele, de fato cumpra a medida. Ou seja devidamente punido em caso de descumprimento. 

As autoridades esperam tempo demais para tomar medidas mais enérgicas para proteger as vítimas de agressão  doméstica e, portanto, potenciais vítimas de um assassinato. O tempo que se leva para coletar provas suficientes de que aquela mulher necessita de uma medida protetiva custa muitas vidas femininas por ano no Brasil.

A sociedade brasileira vive ecos de um tempo em que crimes como o feminicídio eram chamados pela Justiça de ‘passionais’. Mas não existe nada de paixão em quem tira a vida de outra pessoa. Como disse a promotora Márcia Teixeira, coordenadora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos (Caodh), ‘os feminicidas não matam por ciúme, mas por ódio’. E como lembrou Lima Barreto, em 1915, matam porque sentem que têm poder para isso. 

Cabe a toda a sociedade fazer sua parte para que os homens com potencial de tornarem-se feminicidas percebam que as mulheres não são suas propriedades.

Brigadistas detidos e a Amazônia agoniza 

A crise ambiental na Amazônia persiste, agora alimentada pela indústria das ‘fake news’. Quatro brigadistas do Pará foram presos e acusados de tocar fogo na mata para conseguir doações. Já foram soltos e a investigação saiu da Polícia Civil paraense para uma delegacia especializada, na tentativa de desvendar o caso em que a acusação não oferece provas concretas. Os policiais que prenderam os voluntários chegaram a afirmar que a WWF, uma das maiores entidades de defesa ambiental mundial, havia sido roubada pelos brigadistas. A WWF negou tudo e ainda chamou a afirmação de ‘mentira irresponsável’.

Águas de novembro quase afogam Salvador Moradores de localidades como o Bate Facho, no Imbuí, tiveram de nadar ou improvisar transporte em pranchas (Foto: Betto Jr. / CORREIO) Uma tempestade desabou sobre a cidade. Em três horas, choveu 170mm, muito mais que o esperado para novembro. Pela primeira vez na história, Salvador acionou as sirenes de 10 das 11 áreas de risco monitoradas. O metrô parou e um alerta máximo foi emitido diante dos alagamentos que transformaram as ruas da cidade em rios.

Presidente contra o Dia da Consciência Negra

A nomeação do novo presidente da Fundação Cultural Palmares preocupa os integrantes dos movimentos negros no Brasil. Isso porque o escolhido, o jornalista Sérgio Nascimento de Camargo, já fez controversas afirmações sobre racismo, as cotas nas universidades e datas representativas como o Dia da Consciência Negra, que ele, inclusive, defende que seja extinto.

Frase: Cacau Protásio interpreta uma sargento do Corpo de Bombeiros no filme Juntos e Enrolados (Foto: Divulgação) “Sou negra, sou gorda, sou brasileira, sou atriz, eu conto história, eu conto ficção. Eu não mereço ser agredida, assim como nenhuma pessoa. Sei que eu sou uma pessoa forte, mas ouvir tudo isso de um ser humano é horrível, muito triste”. (Cacau Protásio)Atriz gravou uma sequência de desabafos em vídeo, nas redes sociais, após ser vítima de racismo e gordofobia. Ela gravou cenas de seu novo filme 'Juntos e Enrolados', no quartel do Corpo de Bombeiros do Rio, e virou alvo de ofensas em áudios de WhatsApp compartilhados por integrantes da corporação.

Juros limitados no cheque especial

1 - Perde e ganha - O Banco Central (BC) limitou em 8% ao mês os juros do cheque especial cobrados pelos bancos. O adendo é que agora, as instituições financeiras estão autorizadas a cobrar uma taxa mensal para os clientes com limite acima de R$ 500,00. A medida entrará em vigor a partir de 6 de janeiro de 2020.

2 - Benefício aos mais pobres - O BC justificou que a medida vai "penalizar menos os mais pobres", já que o produto é usado por quem tem menos poder aquisitivo. Desde julho do ano passado, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200,00.

3 - Valores impossíveis - Em outubro, o BC divulgou que o juro médio do cheque especial ficou em 305,9% ao ano. A mudança reduz esse percentual para quase a metade. A questão, porém, é incentivar a educação financeira do brasileiro, porque limite de cheque, que devia ser para as emergências, vira complemento de renda para muitos.

Manchas de óleo investigadas, finalmente Pesquisadores do Ibio/Ufba apontam embranquecimento de corais como consequência da contaminação por petróleo (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) As manchas de óleo continuam a chegar às praias baianas. Mais 800 quilos do petróleo cru, que ninguém sabe até agora de onde vazou, foram recolhidos em Santa Cruz Cabrália. Na Ufba, pesquisadores do Instituto de Biologia (Ibio/Ufba)  apontam a diminuição de quase 47% no número das espécies de invertebrados que habitam os recifes de corais na costa da região da Linha Verde. E o óleo chegou ao Rio de Janeiro, já ameaça Angra dos Reis. E agora, finalmente, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instaurada na Câmara Federal para apurar, afinal, de onde partiu esse vazamento desastroso para o meio ambiente.

*Em Dezembro, durante as férias do editor Divo Araújo, a Entrelinhas será assinada pela subeditora Andreia Santana.