Festa de Iemanjá com restrições: confira como fica a celebração em meio à pandemia

Amantes da festa procuram outras formas de reverenciar a Rainha do mar

Publicado em 30 de janeiro de 2021 às 16:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Alexandre Lyrio/CORREIO

A tradicional cena de uma multidão depositando flores no mar do Rio Vermelho e milhares de pessoas pelas ruas do bairro não pode se repetir no dia de Iemanjá de 2021, comemorado na próxima terça-feira (2). A pandemia do coronavírus impôs restrições a essa que é uma das maiores festas populares de Salvador. Até o presente deste ano, que será mais modesto e sem grandes estruturas, vai ser levado ao mar mais cedo, às 8h.

Uma das principais mudanças para esse ano é que os acessos à praia do bairro serão interditados, no trecho que vai do Buracão ao restaurante Sukiyaki, a partir da meia-noite da segunda (1º) até meia-noite de quarta-feira (3) para evitar a aglomeração de pessoas que desejam colocar flores e presentes para a Rainha do Mar.

Para quem não pode deixar de levar presentes ao mar, a indicação da prefeitura é que a entrega seja feita em outras praias da capital. Desde pequena, a estudante Nathália Teles, 23 anos, tem a tradição de depositar uma flor nas águas do Rio Vermelho no Dia de Iemanjá, neste ano, ela deve fazer o ritual em outro ponto da orla.

“Não abro mão de jogar minha flor para Iemanjá e devo fazer isso esse ano em outro lugar. Eu acho a festa do 2 de fevereiro a mais linda de Salvador, especialmente, por reverenciar uma divindade que tem raízes africanas. A beleza da comemoração é ver as pessoas fazendo seus rituais próprios”, comenta a jovem, que há cerca de 2 anos também vai para a parte profana da festa com os amigos.

Para ela, as restrições trazem uma nostalgia das festas de anos anteriores, mas a estudante compreende que esse não é o momento de permitir aglomerações. A jornalista Lara Araújo, 23, também fica saudosa por não poder manter a tradição de acompanhar a alvorada no dia de Iemanjá.

“Eu não fico muito para a parte da tarde, que tem mais festa e cerveja mesmo. Eu sempre acordo cedão, quando ainda está escuro, para acompanhar a alvorada. Essa celebração religiosa é a parte mais bonita da festa. Sei que as restrições são necessárias e espero que a gente possa celebrar da forma tradicional no ano que vem”, diz Lara. Ela ainda não sabe como vai comemorar a data neste ano. Francielle vai depositar seu presente na praia do Farol da Barra em 2021 (Foto: Vinicius Nascimento/CORREIO) A estudante de psicologia Franciele Luz, 21 anos, também une o sagrado ao profano, mas vai ter que deixar parte da tradição iniciada em 2018 de lado em 2021. A ideia é apenas ir ao Farol da Barra para depositar sua oferenda no dia 2.

“Geralmente, eu chego no Rio Vermelho muito cedo, deixo minha oferenda no mar e vou para a festa. No ano passado, eu passei a virada do dia 1º para o dia 2 no bairro. Pra mim, a Festa de Iemanjá é uma das melhores festas de largo que existem. Ela é realmente muito bonita e dá visibilidade para as religiões de matriz africana, apesar da existência de alguns desencontros como Iemanjá ser retratada como uma branca mesmo não sendo branca”, comenta a jovem.

Os devotos também não poderão ver a oferenda principal, que não será exposta. O presente deve ser depositado no oceano pela manhã, não por volta das 16h como acontece tradicionalmente.

Em 2021, as festas no Rio Vermelho também não devem acontecer. O decreto estadual que suspende shows e festas, públicas ou privadas, em toda a Bahia foi estendido até 7 de fevereiro de 2021. Com isso, no dia de Iemanjá, estes eventos ainda não poderão ocorrer independentemente do número de participantes.

Os bares e restaurantes do bairro também só podem abrir a partir das 19h no dia 2. Já em 1º de fevereiro, os espaços podem funcionar de acordo com o protocolo setorial para o setor das 11h às 0h.

No dia 2 de fevereiro, todos os depósitos de bebidas do Rio Vermelho não poderão funcionar e será suspensa a venda de bebidas alcoólicas em lojas de conveniências dos postos de combustível, delicatessens, padarias e similares.

Os food trucks, o comércio informal, os ambulantes e os carros de som serão proibidos no bairro no dia da Festa de Iemanjá. Esse ano, o trânsito de veículos estará liberado, sem barreiras da Transalvador.

Já os comércios e serviços essenciais estarão abertos normalmente, a exemplo de supermercados, padarias, açougues, farmácias, agências bancárias e lotéricas, estabelecimentos que funcionam em regime de delivery (sem retirada no local), estabelecimentos de saúde e clínicas veterinárias. Além disso, os pescadores do Rio Vermelho poderão exercer atividade de pesca e venda de mercadorias sem restrições.

Confira o que mudou:O presente deste ano será mais modesto, sem grandes estruturas como acontece todos os anos; Não haverá exposição do presente; Esse ano, a entrega do presente será às 8h, e não por volta das 16h como acontece tradicionalmente; Todos os depósitos de bebidas do Rio Vermelho não poderão funcionar no dia 2 de fevereiro; Bares e restaurantes terão que passar o dia fechados, e só poderão abrir a partir das 19h; Food truck e comércio informal estará proibido; A suspensão de venda de bebidas alcoólicas vale também para as lojas de conveniências dos postos de combustível; As praias do trecho que vai do Buracão até a região do Restaurante Sukiyaki estarão fechadas a partir da meia-noite de segunda (1º) até meia-noite de quarta-feira (3). Os comércios e serviços essenciais estão autorizados a funcionar; Esse ano, o trânsito de veículos estará liberado, sem barreiras da Transalvador; Festas e shows estão proibidos independente do número de participantes. *Com a orientação da subchefe de reportagem Monique Lobo