Festa de Iemanjá evidencia relação do homem e de Salvador com o mar, diz historiador

Rafael Dantas foi o convidado do CORREIO em uma live sobre a história da festa de Iemanjá, nesta terça-feira (2)

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  • Da Redação

Publicado em 2 de fevereiro de 2021 às 12:18

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

A terça-feira amanheceu com chuva e a Praia da Paciência, no Rio Vermelho, em Salvador, praticamente vazia. Uma cena comum nos últimos meses, mas pouco imaginada para um 2 de fevereiro, dia de saudar Iemanjá. Há décadas, as homenagens à rainha do mar reúnem milhares de pessoas no bairro do Rio Vermelho.

A relação do baiano e da cidade de Salvador com o mar e com a festa de Iemanjá foi o tema de uma live do CORREIO, na manhã desta terça-feira (2), com o historiador Rafael Dantas, pesquisador da iconografia de Salvador nos séculos XIX e XX. Rafael falou sobre como o culto a Iemanjá foi inserido no contexto de formação da cidade e como os africanos conseguiram trazer a tradição para cá."É do mar, é do Atlântico que a cidade de Salvador nasceu. E isso é muito simbólico. Salvador é uma cidade atlântica, fundada no século XVI com a ótica de ser um lugar de vista para o Recôncavo, para a Bahia de Todos-os-Santos e para o Oceano Atlântico. Esse link entre homem e mar sempre esteve presente na ótica da cidade, mas durante muito tempo, o que vigorava eram os festejos católicos, portugueses", disse Rafael.O historiador falou sobre como uma festa de agredecimento dos pescadores - incialmente em diversos pontos da cidade, como a Ribeira e Itapuã - se tornou um símbolo de baianidade capaz de atrair milhares de turistas todos os anos, e também sobre como, com o passar do tempo, a imagem de Iemanjá passou a ser de uma mulher branca, diferente da figura original cultuada na África, de uma negra.

"Iemanjá não tem necessariamente uma forma, é uma entidade, uma força da natureza. É provável que essa representação da Iemanjá branca faça um link com a linha da Umbanda, principalmente da região sudeste, ou mesmo com a ideia sincrética ligada à Nossa Senhora. E com uma imagem europeia, né? Tem várias interpretações", aponta.

Estes e outros aspectos sobre as transformações da festa e uma perspectiva para o futuro estão na conversa com a jornalista Clarissa Pacheco. Confira: