Fiéis saem em procissão com imagem de Nossa Senhora da Conceição da Praia

Última missa acontecerá 17h

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  • Nilson Marinho

Publicado em 8 de dezembro de 2017 às 13:40

- Atualizado há um ano

No santuário à direita da nave da Basílica Nossa Senhora da Conceição da Praia, no Comércio, a aposentada Cecília Souza, 70 anos, permance por alguns minutos calada. Com as mãos repousadas no peito, ao pé da imagem da Nossa Senhora da Conceição, ela acende uma vela, que se junta a tantas outras, depositadas pelos fiéis que foram até à basílica homenagear a padroeira da Bahia. 

O silêncio da aposentada só foi quebrado para uma prece, antes de ir até à missa campal realizada às 8h pelo arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, dom Murilo Krieger. Até o final do dia, serão realizadas seis celebrações - a última acontece às 17h. "Estou aqui porque tenho muita fé, desde pequena tenho contato com a religião e amo isso. Não quero deixar a minha santinha órfã", brinca Cecília.  (Foto: Marina Silva/CORREIO) Os religiosos mais dedicados chegaram à basílica por volta das 7h para escutar o sermão do acerbispo e acompanhar a procissão. Todos querem ficar próximos ao palco, montado em frente à igreja, mas só as senhoras e senhores da Irmadade têm visão privilegiada. Para eles, foram reservados os primeiros assentos a pouco menos de um metro de dom Murilo. 

A professora Uiara Carneiro, 70, passou a servir à irmandade há 14 anos. À santa ela atribui a cura do filho, que depois de sofrer um grave acidente de moto, passou a conviver com fortes dores. Em uma das procissões, convencido pela mãe, ele tocou o andor. Depois, as dores, de uma forma inexplicável, sumiram. "Ela já fez muitas coisas, não só isso", resume a fiel. "Maria nos ensina que, quando fazemos uma pequena coisa a Deus, ele faz maravilhas e transforma em coisas grandiosas. Que saibamos dar 'sim' a Deus aos irmãos e assim encontrar a felicidade que tanto procuramos", disse dom Murilo Krieger antes de começar a missa campal.Sincretismo Enquanto a missa era celebrada, nas escadarias da basílica, pais e mães de santos convidavam os fiéis para um banho de folha. Para alguns, até mesmo antes de pisar os pés na igreja, é preciso livrar-se das más energias que atrasam a vida.   

Mãe Janete de Oyá armou o tabuleiro às 5h. Contou com a sorte de encontrar o irmão perdido em meio à multidão. Não exitou em chamá-lo para o banho. "Agora esfrega isso aí (pó de pemba) com as duas mãos e enfia no bolso, meu irmão, pra atrair muito dinheiro, prosperidade e saúde", disse Mãe Janete. Com o dinheiro que recebe dos banhos, ela prepara festas durante todo o mês em homenagem a Iansã e Oxum.  (Foto: Marina Silva/CORREIO) Procissão As orações, o cântico do coral e a música da banda da Irmandade cessaram por volta das 9h. Neste horário, todos os olhos dos fiéis se voltaram para porta principal da basílica, de onde o andor da santa saiu, carregado por marinheiros, homens e mulheres de fé. 

Nossa Senhora da Conceição desfilou sob uma chuva de pétalas e aplausos dos devotos, que, juntos, entoaram o mesmo cântico. No frenesi da celebração, pombas brancas lançadas no ar procuravam um lugar seguro para pousar. Enquanto isso, lá embaixo, na multidão, os devotos tentavam abrir caminho para tocar no manto da santa.   "Junto às águas do eterno oceano/Da montanha sagrada ao sopé/Fostes a luz do teu povo baiano/No trabalho/no amor e na fé", cantava a multidão em uma única voz pelas ruas do Comércio.