Filho mais novo de Jair Bolsonaro é investigado pela Polícia Federal

Há denúncia de tráfico de influência e lavagem de dinheiro

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  • Da Redação

Publicado em 17 de março de 2021 às 08:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Jair Renan Bolsonaro, filho caçula do presidente Jair Bolsonaro, está sendo investigado pela Polícia Federal. Um inquérito foi aberto a pedido do Ministério Público Federal (MP) após denúncia de possível tráfico de influência e lavagem de dinheiro feita contra Jair Renan por parlamentares de oposição ao governo. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

A investigação recai sobre o o filho '04' e a suposta atuação de empresa dele junto ao governo federal. Criada no fim do ano passado, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia teve uma festa de inauguração do escritório, que ocupa uma sala no estádio Mané Garrincha, em Brasília, com cobertura de fotos e vídeos feita de graça por uma produtora que prestava serviços para o governo federal.

Nas redes sociais do negócio, há fotos de duas peças de mármore que decoram o escritório. A empresa Gramazini, do ramo de mineração e construção, foi marcada nessa publicação, e um dos sócios dela estava presente na festa.

Um parceiro comercial do filho do presidente, Allan Lucena, disse que ganhou um carro elétrico da empresa Neon Motors, ligada a esse mesmo grupo empresarial, como revelou o jornal "O Globo".

Em um vídeo, Allan Lucena aparece saindo do carro que, segundo ele, foi doado pelas empresas "Gramazini e grupo WK".

Em outro vídeo, publicado na rede social de uma empresa envolvida na doação, é possível ver o caçula do presidente caminhando no pátio de uma empresa de granito do grupo. Ao fundo, aparece um carro igual ao que foi doado ao parceiro do filho do presidente.

A denúncia, que será agora apurada pela Polícia Federal, em novembro do ano passado, aponta que Renan Bolsonaro teria atuado para que o grupo empresarial conseguisse duas reuniões no Ministério do Desenvolvimento Regional para falar sobre um projeto de construção de casas populares.

Segundo com o Ministério do Desenvolvimento Regional, os encontros foram marcados a pedido de Jair Fonseca, um assessor especial do presidente da República

Renan Bolsonaro e o parceiro comercial dele, Allan Lucena, participaram pessoalmente das duas reuniões no ministério, ao lado de empresários, um deles da Gramazini, em novembro do ano passado.

Em uma dessas reuniões, o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) estava presente. Na agenda pública, só o nome do assessor da presidência aparece — não há menções ao filho do presidente ou aos empresários.

Em nota enviada ao G1, o ministério disse que na ocasião, técnicos do ministério esclareceram que "propostas de sistemas construtivos inovadores para a construção habitacional precisam ser avaliadas" e que "os proponentes foram orientados quanto aos procedimentos e etapas necessárias para tal avaliação, pré-requisito para a inclusão de moradias construídas com essas técnicas em programas habitacionais do governo federal ou para financiamento com recursos do FGTS".

O ministério também informou que Renan Bolsonaro, que conhecia o projeto previamente, participou da reunião na qualidade de ouvinte.

A Polícia Federal tem 30 dias para fazer as primeiras diligências e entregar um relatório com as conclusões ao Ministério Público Federal.

A defesa de Jair Renan Bolsonaro disse que ele não marcou reunião nem ajudou a empresa Gramazini na relação com o governo federal; que Allan Lucena é apenas um colega e personal trainer e que não existe relação societária entre os dois. Segundo a defesa, Jair Renan Bolsonaro não ganhou carro de presente.

Allan Lucena afirmou que é amigo de Jair Renan Bolsonaro, que o ajudou na empresa nessa condição e que os dois não tinham relação comercial contratual. Disse ainda que o carro foi doado ao que chamou de projeto Mob, na base da confiança, porque o projeto ainda não tinha sido formalizado. Sobre a reunião no ministério, declarou que ele e Renan participaram apenas como ouvintes.

Os representantes do grupo Gramazini e do grupo Neon não responderam às tentativas de contato.