Fisioterapeuta, motorista de aplicativo é esfaqueada em assalto durante corrida

Crime aconteceu em Brotas

  • Foto do(a) author(a) Tailane Muniz
  • Tailane Muniz

Publicado em 29 de março de 2018 às 09:34

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

A fisioterapeuta e motorista de aplicativo Lohanne Nouara Lima, 23 anos, foi esfaqueada em várias partes do corpo após conduzir dois passageiros por meio do aplicativo de transporte 99 POP, na noite desta quarta-feira (28), no bairro de Brotas, em Salvador. A vítima foi socorrida por uma amiga até o Hospital Geral do Estado (HGE), onde passou por uma cirurgia na mão e permanece internada em observação. Segundo a amiga que deu socorro à fisioterapeuta, a estudante de psicologia Kennya Monteiro, 22, Lohanne Nouara é natural de Teresina, no Piauí, e está em Salvador há cerca de um ano e meio. Embora atue como fisioterapeuta na capital, a vítima costuma rodar com o próprio carro, um Fiat Uno, com o 99 POP e o Uber, para complementar a renda. 

Kennya contou ao CORREIO que a amiga havia acabado de deixar ela na faculdade, no Comércio, quando começou a rodar. "Ela me largou na aula, era por volta de 18h50. Quando foi, mais ou menos, 19h30, me ligou e disse: 'estou sangrando, levaram meu celular e me deram algumas facadas, mas não sei onde'. Eu fiquei nervosa, mas continuei conversando para tranquilizar ela", lembra. 

Lohanne contou à amiga que aceitou a corrida de uma mulher, na Avenida D. João VI, em Brotas, com destino à região do Posto Ipiranga, na mesma avenida. A vítima, então, ligou para a passageira para confirmar a corrida. "A mulher atendeu e disse que, na verdade, não era para ela, e sim para dois rapazes. Ela encontrou os rapazes. Um sentou no carona e o outro no fundo", conta. A vítima contou a Kennya que eram dois homens jovens."Ela me disse que, em minutos, eles pediram para ela descer a rua da UPA de Brotas, que dá acesso à Bonocô. Foi então que, sem sequer anunciarem o assalto, um deles deu um a gravata e o da frente já começou a esfaquear ela", relatou Kennya, acrescentando que a amiga só entrou em contato ao recobrar a consciência, minutos depois, já após os bandidos fugirem.Ainda de acordo com a estudante, Lohanne dirigiu até o Comércio para chegar até ela. "Mesmo ferida, ela chegou lá em 20 minutos. Eu assumi a direção e, então, levei ela pro Hospital Roberto Santos, onde negaram atendimento. Disseram que deveríamos vir para o HGE, que é referência em traumas. Já era por volta de 21h quando chegamos aqui", contou Kennya ao CORREIO.

Embora não seja Salvador, Lohanne nunca teve medo de dirigir na cidade, de acordo com a amiga. "Eu sou daqui e ela conhece Salvador mais do que eu. Ela nunca teve medo, mas agora está traumatizada, ela está muito assustada e eu também. Minha ficha ainda não caiu", completou a estudante, acrescentando que a vítima mora no bairro de Tancredo Neves.

99 POP Conforme o coordenador de comunicação da Associação dos Motoristas Profissionais por Aplicativo do Estado da Bahia (Ampaba), Cláudio Sena, que esteve com outros motoristas no HGE para prestar apoio à vítima, Lohanne rodava com o aplicativo 99 POP no momento do crime. 

Cláudio confirmou que a corrida foi solicitada na região do Hospital Aristides Matez e que Lohanne chegou a ligar para a mulher que solicitou. "Geralmente, a gente liga. Ela contou que chegou a ouvir a voz, falar com a mulher. Mas, na hora, não tinha mulher nenhuma. Infelizmente, são coisas que acontecem diariamente", relata.

"O importante é que ela está bem, consciente  e recebendo cuidados médicos. O que aconteceu é que ela aceitou uma corrida por dinheiro, e é esse é um dos maiores problemas de quem dirige hoje o aplicativo. A Uber corrigiu, eu diria, 100% essa questão quanto à segurança. O POP, infelizmente, não oferece nenhuma segurança ao motorista neste sentido", completou Cláudio.

Ainda conforme o representante dos motoristas, a média de assaltos contra motoristas do POP é superior ao registrado contra quem roda no Uber. "Enquanto temos dez assaltos no POP, apenas um é registrado no Uber. Porque eles corrigiram esse problema. Hoje é necessário o CPF para a viagem solicitada com o dinheiro, o que não há no POP", explica.

Em nota, 99 POP informou que após o assalto o perfil do passageiro responsável pela chamada foi bloqueado da plataforma. "Estamos abertos para colaborar com as autoridades", disse a empresa. O crime vai ser investigado pela 6ª Delegacia (Brotas).

Mapa do barril Em janeiro, o Sindicato dos Motoristas por Aplicativos e Condutores de Cooperativas do Estado da Bahia (Simactter) divulgou um mapa com as áreas onde os crimes eram mais frequentes. Os destaques principais eram na região do Miolo, que inclui bairros como Valéria, Águas Claras, Cajazeiras, além de Pau da Lima e Castelo Branco; e a maior parte do Subúrbio Ferroviário, entre Ilha Amarela e Fazenda Coutos. Os bairros vizinhos ao Cabula, além do CIA, Liberdade, Bonfim, Itapuã e Brotas, também apareciam em destaque nas manchas criminais divulgadas pela associação.