Florestas dentro de casa

Projetos de arquitetura e design de interiores que imitam a natureza viram tendência para imóveis

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 14 de novembro de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução/shutterstock

Estudos realizados pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, mostraram que uma hora de contato com a natureza promove 20% de aumento na produtividade de qualquer profissional. Nas escolas e nos ambientes de trabalho, o contato com a natureza melhora as performances até 25%.

Pensando nessa afinidade biológica dos seres humanos pelo mundo natural, nos anos 1980, o biólogo Edward O. Wilson desenvolveu uma teoria sobre essa máxima e a arquitetura passou a trabalhar com o Biophilic Design, que consiste em mimetizar a natureza nos mais diversos espaços, das residências aos hospitais.

A possibilidade de ter uma floresta dentro de casa ou no ambiente de trabalho, enquanto estuda ou até mesmo no processo de recuperação da saúde vem ganhando adeptos, usuários e se transformou numa tendência para os diversos tipos de imóveis. 

Benefícios Os especialistas afirmam que adicionar projetos biofílicos em grandes metrópoles poderia gerar uma economia de U$ 470 milhões com o aumento da produtividade. Apesar disso, a maioria das pessoas se acostumou a viver em locais fechados. Quarenta e cinco por cento dos escritórios não possuem acesso à luz natural e 90% do tempo diário das pessoas é vivido em locais fechados. 

De acordo com a diretora criativa Alessandra Lippel, do canal Limão ou Limonada, design biofílico leva essa ideia um passo adiante: trazer o ar livre para dentro e criar ambientes internos que façam referência à natureza de maneira óbvia e sutil.

O Biophilic Design já tem sido aplicado com sucesso em espaços de trabalho como escritórios, hospitais, escolas, aeroportos e até em projetos residenciais. “No geral, o biophilic design promove uma diminuição do stress, reduzindo os índices de cortisol no organismo e aumento o da imunidade das pessoas. No trabalho, contribui para o aumento da concentração e produtividade”, explica. Em hospitais, a tendência promove o aumento da tolerância a dor, resultando em um uso menor de medicamentos e estadias mais curtas.

Projetos  Alessandra ressalta que nos projetos, os profissionais de biologia, arquitetura e áreas afins trabalham em conjunto procurando uma integração entre suas especialidades.

“É interessante notar como isso se reflete no futuro do trabalho, pois a atividade de biólogo, por exemplo, que estava mais conectada com o universo acadêmico ou científico pode agora ser extremamente útil dentro de ambientes corporativos”, completa, ressaltando que, quando aplicado a cidades inteiras, recebe o nome de Biophilic Urbanism. “Acredita-se que seja possível ampliar a capacidade emocional dos habitantes em lidar com os desafios da vida, diminuindo até os índices de criminalidade”, diz a especialista.   Quando o assunto são os custos que envolvem a incorporação dessa tendência, Alessandra salienta que um projeto que incorpore o Biophilic Design pode custar um pouco mais em virtude da adição de elementos naturais que requerem manutenção, e itens orgânicos com preços mais altos, no entanto, os benefícios percebidos à saúde e ao meio ambiente compensam o investimento.

“O Biophilic Design vai muito além de colocar plantas em um espaço. É um espírito que coloca o design de interiores não apenas como uma disciplina estética ou funcional, mas como uma maneira de melhorar o bem-estar físico e mental das pessoas”, diz, pontuando que na arquitetura e no design de interiores, essa proposta leva em consideração outros aspectos da natureza, como promover espaços de luz e sombra, áreas abertas e fechadas, diferentes texturas e cores, presença de água, variedade de ventilação e temperatura e até prever geometria de mobiliários que simulem elementos da natureza.