Ford passou 20 anos na Bahia, onde chegou a produzir 250 mil carros por ano

Modelos que eram produzidos aqui, como o Ka e o Escosport, vão sair de linha

Publicado em 17 de janeiro de 2021 às 07:00

- Atualizado há um ano

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Ford se instalou em Camaçari em 2001. Por ano, empresa chegou a produzir 250 mil unidade só na fábrica; foto mostra produção em 2003 (Foto: Jorge Cordeiro/Agecom/Arquivo CORREIO) Em um único ano, a fábrica da Ford em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, chegava a produzir 250 mil carros. Em 2015, a empresa alcançou a marca de 1 milhão de unidades produzidas só na fábrica baiana. Fazia 14 anos que a americana havia chegado à Bahia, mas a Ford já estava no Brasil desde 1919 - foi a primeira do ramo a se instalar por aqui.

Agora, os veículos da empresa vendidos no Brasil virão de países vizinhos, como Argentina e Uruguai. Na última segunda-feira (11), a Ford anunciou o fechamento de todas as suas fábricas no país. Só na Bahia, o impacto da saída da montadora é de cerca de 12 mil empregos. Sem contar com o baque na economia do estado, que deve girar em torno e R$ 5 bilhões. Veículos como o Ford Ka e o Ecosport, feitos aqui, sairão de linha.

Na última terça-feira, funcionários da montadora em Camaçari fizeram um ato na fábrica. As histórias de anos de empresa se espalharam. Os repórteres Daniel Aloisio e Donaldson Gomes contaram algumas delas, como a de Darleide Santos de Sá, 52 anos, que entrou na Ford em 2002, um ano após a fábrica se instalar em Camaçari.

Darleide viveu, nos últimos 19 anos, alegrias e dores dentro da Ford. Lá, sofreu uma lesão por acidente de trabalho e, durante a pandemia, foi afastada, assim como outros colegas na mesma situação. Mesmo assim, não esperava uma ruptura das relações assim. "O fato dessa demissão ser na pandemia é muito mais doloroso. Deixar uma empresa dessa fechar, a primeira do ramo no Brasil, é muito triste. A gente via que essa fábrica tinha um grande potencial. Demos muito sangue, passamos por altos e baixos, mas nunca desistimos deles”, disse a funcionária.

Não bastasse a tristeza e falsa de rumo diante do fechamento da fábrica, que era posto de trabalho para 12 mil pessoas, a decisão da montadora norte-americana ainda foi alvo de desinformação. No mesmo dia do anúncio, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub publicou um tuíte afirmando que o fechamento não tinha relação com a situação do Brasil e que a Ford fecharia fábricas de carros de passageiros em todo o mundo. O tuíte foi desmentido aqui pelo Projeto Comprova, do qual o CORREIO faz parte.