Geladeira solidária arrecada alimentos em Nova Brasília

Projeto é do Coletivo Fábrica de Rimas e já ajudou mais de 50 famílias desde a sua inauguração

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  • Vinicius Harfush

Publicado em 6 de julho de 2020 às 21:00

- Atualizado há um ano

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“Quem não tem, tira. Quem tem, bota”. Esse é o lema que estampa a porta da geladeira solidária instalada há quase duas semanas na praça do loteamento Vila Mar, no bairro de Nova Brasília. O ponto de doação de alimentos idealizado pelo Coletivo Fábrica de Rimas, um espaço cultural e social que, através da cultura do hip hop, promove ações de integração na região. 

Entre os idealizadores está Welber Lopes, 30, que é jornalista e cuida da comunicação de todo o projeto, que não tem fins lucrativos. “O Coletivo cresce a partir dessas ações afirmativas, que reúnem arte e educação a partir do hip hop, mas percebemos que esse elemento social também deveria existir”, contou Welber. 

Ele lembra que a geladeira surgiu a partir de uma conversa com outros integrantes do grupo, o artista visual Josemar Oliveira, 27, que assina suas artes como Sagaz, e Eric Latro, 24, que é MC. Com duas semanas de funcionamento, Welber conta que mais de 50 famílias já foram beneficiadas com a ação, e que é uma “luta diária” para mantê-la funcionando. “Contamos sempre com a doação de quem se sensibiliza com a causa. E a gente costuma associar ela a vulnerabilidade social pelo desemprego, principalmente, que gera a fome”, avaliou o criador do projeto. 

E para fazer a doação é bem simples: a geladeira grafitada se encontra no centro da praça do loteamento Vila Mar. Na parte de baixo da geladeira, é recomendado que os doadores deixem sacos plásticos, para que facilite o transporte dos alimentos. São aceitos aqueles não perecíveis, de preferência, e que estejam lacrados, para garantir a segurança de quem está consumindo. 

Entre as figuras que doaram alimentos na manhã desta segunda (6), está seu Onesi Miranda, 48, que é dono de uma oficina de bicicleta bem próxima a praça. Ele contou que o movimento tem sido grande e que se sensibilizou, principalmente por saber que muitos moradores do bairro precisam. “Comecei a fazer doações agora durante a pandemia, nunca tinha feito. Resolvi porque sei da necessidade que muita gente passa”, afirmou Onesi.  

Já para Laurita Mascarenha, 57, a entrega de alimentos é uma rotina. Na igreja que frequenta, que fica em frente a praça, já promoveu diversas ações sociais, e todas as vezes que consegue ajudar o próximo se sente extremamente feliz: “A sensação é sempre a mesma de quando faço as doações na igreja. Se posso doar, por que não? Afinal, pode ser que seja eu amanhã”, avaliou Laurita. Welber e Sagaz fazem parte do Coletivo Fábrica de Rimas e idealizaram a geladeira solidária (Foto: Divulgação) E esse é justamente o intuito que Weber e o Coletivo Fábrica de Rimas querem levar. Ele reforça que não se trata de uma feira ou um supermercado: “a geladeira existe quem esteja necessitado neste momento. Pode ser que daqui a duas semanas a mesma pessoa que buscou doação hoje não vá novamente”, lembrou. Mas se alguém passa dos limites e pega mais do que precisa, a própria comunidade serve como ferramenta de alerta. “Se alguém retira alimentos sem precisar, os próprios moradores entram em contato com a gente vamos conversar com a pessoa, mostrar para ela que aquela geladeira não é para ela que tem condições de comprar comida”, declara o jornalista.    E somado a esse espírito de comunidade que a geladeira representa, o fato dde ter sido estilizada pelo grafite de Sagaz torna ainda menos alvo de possíveis depredações. “Desde que começou aqui na praça ela permaneceu intacta. Ela fica num ponto estratégico da praça, onde todos passam e podem ver. Quando ela foi grafitada, chamou a atenção de quem passava pelo local, e por ter os desenhos já inibe qualquer tipo de vandalismo”, afirmou Welber.