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Da Redação
Publicado em 24 de fevereiro de 2021 às 17:00
- Atualizado há 2 anos
Com o Brasil quase todo de olho no Big Brother Brasil para ver a eliminação da cantora Karol Conká, pouca coisa passou despercebida do público, na noite dessa terça-feira (23), e uma delas foi a demora para a cantora ser recebida pelo apresentador Tiago Leifert, já fora da casa. >
A Globo resolveu exibir um intervalo entre o anúncio da eliminação de Karol, com recorde de rejeição (99,17% dos votos), e o momento em que foi entrevistada.>
Segundo o colunista Maurício Stycer, do portal Uol, o intervalo comercial foi tema de muita especulação. Foi levantada a hipótese de que o break teria servido para orientar a cantora sobre o comportamento ideal na volta da atração. Ou seja, informá-la, ainda que brevemente, sobre o que aconteceu no programa e prepará-la para a interação com Leifert.>
A emissora, no entanto, negou que o intervalo tenha servido para ajudar Karol Conká. Os três intervalos foram exibidos conforme o previsto, mas não houve explicação sobre o porquê de o terceiro break ter sido colocado numa posição tão incomum. Foto: Reprodução/TV Globo Gestão de crise Apesar da negativa da emissora, ainda não é possível dizer se, de fato, alguém conversou com a rapper nos bastidores, ditando as palavras que deveriam ser ditas no primeiro contato com o mundo exterior. Apesar disso, o especialista em Relações Públicas, Rodrigo Almeida, disse ao CORREIO acreditar que a gestão de crise já ocorria naquele momento. >
"Dois pontos em sua atitude de saída apontam para isso. Ela assumiu seus erros, pediu desculpas, falou que erra como qualquer pessoa. Além disso, Karol também mencionou a família, dizendo que espera o perdão da mãe e do filho. Tudo isso a aproxima mais do público", analisa o RP.>
Essa tentativa de se humanizar foi vista também durante entrevista ao Mais Você, na manhã desta quarta-feira (24). Mas isso é apenas o começo. Afinal, o prejuízo de Karol Conká no BBB foi tão grande quanto a ansiedade por sua entrada.>
"É tudo uma questão de expectativa versus realidade. Durante toda a carreira dela foi construída uma reputação com base na representatividade, na figura de uma mulher negra de opinião forte. Esperava-se que ela fosse mocinha, não vilã. Justamente por conta disso o baque foi maior", detalha o especialista.>
Ainda durante o programa, alguns festivais cortaram a participação dela, fãs a abandonaram e a imagem dela passou a ser associada a tortura psicológica. Ela, que para o público deveria ser uma representante da pauta identitária, tornou-se a responsável pela opressão de um homem negro. Os prejuízos somados podem chegar a casa dos R$ 5 milhões, calculam alguns especialistas.>
Saídas A trajetória dela, que foi uma âncora puxando ainda mais para baixo a popularidade dela, pode tornar-se uma boia que a salvará do "afogamento". Na visão de Rodrigo Almeida, ela precisa mostrar para o público de onde veio, toda a sua trajetória que não pode ser apagada por conta de 4 semanas de reality."Ela precisa trazer toda a história e reputação que tem. Além de ponderar que ela estava vivendo em um ambiente de tensão, enclausurada com desconhecidos num lugar que incentiva a discórdia 24 horas por dia. A gente já está vendo essa iniciativa de pessoas dizendo 'ok, ela errou, mas todo mundo erra'. Esse é o caminho da redenção. Ressignificar toda sua trajetória dentro da casa", aconselha, Rodrigo.Outro ponto que pode ser abordado é a cultura do cancelamento - termo dado ao processo de linchamento virtual causado por alguma atitude ou posicionamento divergente da opinião da maioria. >
"Isso é algo que está em evidência e ela pode tornar-se uma bandeira pelo fim deste movimento que é extremamente prejudicial. Muitos artistas perdem sua espontaneidade por conta disso. Claro que, também, isso não inclui atitudes preconceituosas, que, sim, devem ser combatidas", pondera.>
Agilidade e verdade Algo é certo: não importa qual estratégia adotará Karol Conká, mas dois princípios devem ser seguidos, a agilidade e verdade. Ou seja, a resposta para o problema precisa ser rápida, mas honesta.>
"Muitos diriam que agora o ideal seria ela se esconder, não dar entrevistas. Não é assim que funciona. O nome dela está em evidência, talvez seja o mais falado no Brasil hoje. Isso é algo ruim, mas também significa a oportunidade de se redimir. Tudo que ela falar será escutado e, se ela se portar bem, isso ajudará", afirma o especialista.>
O ideal numa gestão de crise é que ela resolva o problema antes do grande público tomar conhecimento. No caso de Karol isso foi impossível porque o país inteiro assistiu, em tevê aberta, o problema surgir e não havia como entrar em contato com a artista para pedir uma mudança de postura.>
"Porém, muito provavelmente, enquanto ela estava lá dentro, aqui fora a equipe dela estava traçando uma estratégia para recuperar sua imagem positiva que foi construída ao longo de anos de carreira. Por isso a mudança de postura dela foi tão rápida e assertiva", analisa Rodrigo.>