Google abre inscrições para programa de financiamento de pesquisas de mestrado e doutorado

Este ano, o programa LARA terá uma categoria especial para projetos sobre covid-19

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  • Thais Borges

Publicado em 2 de julho de 2020 às 09:01

- Atualizado há um ano

. Crédito: Em 2019, 25 projetos foram aprovados (Foto: Divulgação)

Estudantes de mestrado e doutorado de toda a América Latina podem se inscrever para concorrer a bolsas de pesquisa financiadas pelo Google a partir desta quinta-feira (2). Pelo oitavo ano consecutivo, a empresa vai premiar projetos de pesquisa ligados à tecnologia com impacto social através do Latin America Research Awards (LARA). 

Em 2020, uma das novidades é o lançamento de uma categoria especial para projetos ligados à covid-19. As inscrições, que podem ser feitas através deste link, ficarão abertas até o dia 30 deste mês. De acordo com o diretor do Centro de Engenharia do Google na América Latina, Berthier Ribeiro-Neto, os critérios envolvem projetos relevantes que também tenham impacto local. “Nós observamos quem são os pesquisadores da região que estão tentando resolver problemas. Esse é um ano completamente atípico com a pandemia. Se o pesquisador submeter um projeto sobre covid-19, vai ser tratado com prioridade, mas o fundamental é termos projetos de boa qualidade”, explica. Os campos de pesquisa contemplados são: saúde/covid-19; Geo/Maps; interação entre humanos e computadores; recuperação, extração e organização de informações (incluindo gráficos de semântica); Internet das Coisas (incluindo cidades inteligentes); machine learning (aprendizado de máquinas ) e data mining (mineração de dados ); dispositivos móveis; processamento natural de línguas; interfaces físicas e experiências imersivas; privacidade e outros tópicos relacionados a pesquisas na web. Em 2020, haverá uma categoria específica para covid-19 (Foto: Divulgação) Nesta edição do projeto, serão distribuídos US$ 500 mil para financiar os projetos - ou seja, algo em torno de R$ 2,5 milhões. As bolsas variam entre mestrado e doutorado: no caso do mestrado, o estudante deve receber US$ 750 por mês, enquanto o professor orientador recebe US$ 657 mensalmente. 

Já no doutorado, os auxílios são de US$ 1200 e US$ 750 para o doutorando e para o professor orientador, respectivamente. Nas duas categorias, o financiamento tem duração de 12 meses. “O LARA é uma bolsa de pesquisa sem contrapartida. O que a gente espera e antecipa é que as pessoas submetam projetos relacionados a coisas que elas já estão fazendo. O projeto é um texto curto, objetivo, de três páginas em que elas declaram o motivo pelo qual o tema é interessante”, explica Ribeiro-Neto. O texto precisa ser escrito em inglês e deve constar elementos como: título da proposta; nome da faculdade e informações de contato. Na descrição do projeto, é preciso incluir objetivos da pesquisa, incluindo o problema a ser investigado. Ainda é necessário descrever o trabalho, bem como os resultados esperados. É preciso indicar como o projeto se relaciona com trabalhos anteriores na área e as referências bibliográficas, se houver. 

Ainda de segundo o diretor do Centro de Engenharia do Google na América Latina, Berthier Ribeiro-Neto, o objetivo do LARA é apoiar projetos de pesquisa locais. “É de interesse de empresas do setor de conhecimento operar em mercados em que você tenha muita gente com conhecimento especializado”, diz. 

No ano passado, o LARA teve o número recorde de inscrições - foram 679 concorrentes, sendo que 25 projetos de pesquisa foram selecionados. Desses, 15 eram do Brasil, cinco eram da Colômbia; dois da Argentina; 2 do Chile e um do Peru.  Berthier Ribeiro-Neto, do Google, explicou que o Brasil costuma ter maioria dos projetos aprovados (Foto: Divulgação) “Todo ano, o Brasil tem cerca de dois terços dos projetos aprovados, porque é um dos poucos países da região que tem programa de suporte à formação de mestres e doutores executado de forma sistemática ao longo dos últimos 50 anos. Quando você faz isso por 50 anos, você cria um ecossistema e olha para projetos de densidade, de boa qualidade”, diz Ribeiro-Neto. 

Ver esse ecossistema local se desenvolver é um dos objetivos do programa até para que o escritório local do Google floresça. “Uma das coisas notáveis do Brasil é que o país tem conseguido executar esses programas de formação atravessando períodos de ditadura, redemocratização e vários ciclos econômicos. Não é a primeira vez que a área de pesquisa sofre cortes. Mas o número de doutores hoje é muito maior. É importante pensar em ciclos longos e torcer para que esses programas sejam mantidos”, analisa.

Entre os vencedores de 2019, a maioria era de universidades das regiões Sul e Sudeste. Apenas um dos 15 era da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no Nordeste. "Eu diria que existe uma preocupação para espalhar os projetos (pelo Brasil), mas o critério fundamental é de projetos interessantes e de soluções inovadoras. Mas se você tem 30, 35 bons projetos, a gente vaai tentar encontrar os projetos de forma a produzir um espalhamento geográfico", diz Ribeiro-Neto. Como o valor das bolsas é diferente para mestrado e doutorado, o númro de projetos escolhidos pode variar entre 20 e 25. Desde que o programa foi criado, mais de 120 projetos foram apoiados com o investimento de US$ 3,5 milhões. Os vencedores serão escolhidos por um comitê formado por engenheiros do Centro de Engenharia do Google em Belo Horizonte.  

Conheça os projetos brasileiros aprovados em 2019

1. Renata Vieira e Henrique Santos - PUC-RS

Detecção de eventos adversos em registros eletrônicos de saúde: incidentes de queda e erros de medicação

2. Wagner Meira Junior e Derick Oliveira - UFMG

Classificação automática e interpretável do eletrocardiograma de 12 derivações

3. Sandra Avila e Alceu Bissoto - Unicamp

Melhorando a classificação do câncer de pele com redes adversariais generativas

4. Maria José Finatto e Liana  Paraguassu - UFRGS

MedSimples: uma ferramenta de simplificação automática para maior acessibilidade na comunicação na saúde

5. Nelson Luis Saldanha da Fonseca e Rodrigo Cardoso da Silva - Unicamp

Redução da latência de serviço pelo emprego de veículos aéreos não tripulados como fog nodes

6. Felipe Meneguzzi e Laura Tomaz da Silva PUC-RS

Explicações visuais para dados de neuroimagem fMRI

7. Eduardo da Silva e Wesley Passos - UFRJ

Detecção automática de áreas de reprodução de Aedes aegypti usando visão computacional e aprendizado de máquina

8. Olga Goussevskaia e Otavio Augusto Souza - UFMG

Tree Networks distribuídas com auto-ajuste simultâneo

9. Rodrigo Mello e Daniel Cestari -USP

Projetando transformações de espaço do Kernel a partir de dados supervisionados

10. Anderson Rocha e Antonio Theophilo - Unicamp

Combate a notícias falsas por meio da atribuição de autoria e análise de filogenia

11. Marcus Ritt e Alex Gliesch - UFRGS

Algoritmos heurísticos para distribuição justa da terra e problemas de distrito

12. Rodrigo Barros e Eduardo Pooch - PUC-RS

Melhorando a localização da patologia nas radiografias de tórax com supervisão limitada via aprendizado de múltiplas instâncias semi-supervisionado

13. João Trindade Marques e João Paulo Almeida - UFMG

Abordagens de aprendizado de máquina para identificação de vírus em mosquitos Aedes usando pequenos RNAs

14. Paulo Roberto Ferreira Jr. e Jean Roberto Antunes - UFPelotas

Detecção de pragas por meio de uma rede sem fio de armadilha inteligente

15. Nélio Cacho e Adelson Araujo Jr - UFRN

Em direção à interpretação e interação de sistemas de policiamento preditivo baseados em aprendizado de máquina