Governo federal cria polo de irrigação do oeste da Bahia

Produtores acreditam que a medida vai ajudar a atrair investimentos para melhorar a infraestrutura da região

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  • Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2019 às 05:06

- Atualizado há um ano

. Crédito: (foto: arquivo CORREIO)

A partir de agora, dezessete municípios baianos passam a integrar o Polo de Irrigação do Oeste da Bahia. O Polo é o primeiro do Nordeste e foi criado oficialmente pelo governo federal na última quinta-feira (26/09), através de um projeto do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Uma portaria específica será publicada até a próxima terça-feira (01/10)

Os municípios do grupo são: Barra, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Cocos, Coribe, Correntina, Cristópolis, Formosa do Rio Preto, Jaborandi, Luís Eduardo Magalhães, Muquém do São Francisco, Riachão das Neves, Santa Maria da Vitória, Santa Rita de Cássia, São Desidério, São Félix do Coribe e Serra do Ramalho.

A área inclui tanto o espaço do cerrado, como os vales da região, e 190 mil hectares de área irrigada direcionados para a produção de algodão, banana, cacau, limão, milho e soja.

O projeto vai ser colocado em prática através da parceria entre instituições públicas e privadas. O objetivo é incentivar a implantação de projetos planejados de irrigação na região, e monitorar o uso dos recursos hídricos na agricultura, além de aumentar a produtividade das iniciativas já existentes.

“Reforça estratégias para o desenvolvimento da agricultura irrigada, visando ao aumento da produtividade, de forma sustentável, e a redução de riscos climáticos para a agropecuária e a importância das parcerias entre os setores público e privado para ampliar a área irrigada no País”, diz o informe do Ministério do Desenvolvimento Regional.

FRONTEIRA

O oeste da Bahia está localizado na área da última fronteira agrícola do Brasil, onde, por lei, a agropecuária ainda tem espaço para ser ampliada. Campeã na produção de grãos e fibras, a região tem atualmente 2,6 milhões de hectares plantados, sendo 8% de plantações irrigadas.

De acordo com a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), a criação do polo fortalece o potencial produtivo dos produtores rurais e ajuda a fomentar a ida de programas de infraestrutura para os municípios.“O polo se propõe a ser um espaço de fomento para todos os segmentos, dos pequenos aos grandes produtores. A perspectiva é a de que a iniciativa incentive a implantação de benefícios diretos e indiretos na região, como ações e serviços, entre eles internet, energia, custeio agrícola, além de mais logística como construções de estradas e pontes”, afirma Alessandra Chaves, diretora de Meio Ambiente e Irrigação da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba).Nos últimos anos, muitos investidores privados adiaram a implantação de novos empreendimentos na região por causa da falta de infraestrutura e condições logísticas."A formação deste polo vai destravar muitos projetos de infraestrutura que estão parados para a região, principalmente a energia elétrica, que é um dos gargalos na expansão da área irrigada na região. Muitas agroindústrias vão se instalar e as que já estão vão ampliar o seu parque. A região tem todas as condições de integrar as cadeias produtivas e a industria", afirma o Lucas Teixeira Costa, secretário de agricultura da Bahia.A gestão do polo vai ser compartilhada entre doze entidades, entre elas a Codevasf, a Secretaria Estadual de Agricultura, a Federação de Agricultura e Pecuária da Bahia, o Distrito Irrigado de Barreiras, algumas prefeituras municípais e a Aiba.

“O projeto valoriza não apenas os municípios onde já há irrigação, como aqueles onde este tipo de sistema ainda é incipiente ou não está consolidado, mas tem potencial de desenvolvimento como Coribe e Barra. Sempre tendo como premissa o uso eficiente dos recursos hídricos”, completa Alessandra.

NACIONAL

A criação dos polos irrigados é uma política do governo federal. Outros três polos deste tipo estão em operação no Brasil, no Rio Grande do Sul, Vale do Araguaia e no Planalto Central de Goiás. Mais dois polos devem ser criados ainda este ano. Eles serão instalados nos estados de Minas Gerais e Mato Grosso.

O oeste da Bahia faz parte ainda do Matopiba, uma extensão delimitada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) há mais de 30 anos. O Matopiba reúne áreas dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Projetos federais anteriores chegaram a cogitar a criação de uma agência de fomento específica para esta área, mas as ideias não saíram do papel.