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Gravação do desfile, que será lançado no Dia da Consciência Negra, aconteceu neste domingo (31) na estação Campo da Pólvora
Vinicius Nascimento
Publicado em 31 de outubro de 2021 às 22:30
O finalzinho do domingo foi diferente na estação Campo da Pólvora do Metrô de Salvador. Modelos correndo de um lado pro outro, estrutura de câmeras, produção e trocas de roupa compuseram o cenário do local que virou passarela durante as gravações do desfile do Afro Fashion Day 2021. Foram 47 modelos de idades, corpos, histórias e caminhadas diferentes desfilando em cinco blocos que tiveram o Black Power como tema.
Para tudo acontecer, uma grande operação foi montada com alguns ajustes nos espaços de trânsito das pessoas dentro da estação, backstage e camarim. A novidade chamou atenção do trio de amigos formado por Marcelo Santos, Alessandra Oliveira e Sophia Barbosa, todos estudantes de 15 anos. Eles iam em direção ao bairro de Pernambués, onde moram, quando viram a movimentação na estação de metrô e pararam para ver."É muita gente bonita junta, Deus é mais!", exclamou o animado Marcelo, enquanto os modelos posavam para algumas fotos em frente à catraca de acesso da estação.
Não tem como negar, o metrô virou um pouquinho de Wakanda durante aquelas horas. ‘Prata da casa’, Allesi Falcão desfilou no Afro pela segunda vez e estava bem mais solto do que o modelo recém-descoberto que era no ano passado, quando foi encontrado pelo scouter Vivaldo Marques em Salinas das Margaridas, onde trabalhava como pescador.
Todo brilhoso, com o corpo banhado em glitter e tinta dourada, além de um look assinado pelo estilista Gefferson Vila Nova, Allesi afirmou estar feliz por participar novamente do evento que o revelou e, desta vez, estava curtindo mais o Afro. Reação que é fruto da maturidade após quase um ano posando para campanhas em todo o Brasil: “É um evento muito lindo, muito revelador. Hoje eu me sinto uma pessoa mais bonita, mais segura, me conheço melhor e o Afro Fashion Day abriu portas para isso”.
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O curador do Afro Fashion Day, Fagner Bispo, explicou que o público pode esperar muita ousadia e beleza no desfile deste ano, que foi gravado e será lançado no Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro. De fato, o Black Power arrasou durante os cinco blocos e o evento retratou muitos temas caros ao povo preto, com leveza e close. A dança dos modelos, transformando a plataforma da estação numa pista de dança, foi muito significativa neste sentido.
Bispo diz que o desfile marca o grande dia do projeto, tão importante quando o lançamento do desfile gravado: “É hoje que mostramos o porquê de todos esses meses de trabalho. Temos contato com todo mundo, colocamos as roupas e os modelos na passarela. É algo muito marcante”. Vale dizer que todos os modelos, produção e equipe de beleza já estão vacinados e fizeram testes para detecção de covid-19.
A maratona de gravação começou bem cedo: desde as 8h, quando modelos e equipes de beleza chegaram para trançar cabelos, abrir o Black e iniciar a maquiagem. Depois, uma parada rápida para o almoço e todo mundo se deslocou para a estação, onde os trabalhos com os modelos foram até às 23h.
A modelo Oda Taylor, 22, fez seu primeiro desfile no AFD. Mulher trans, a multiartista celebrou poder ocupar mais um espaço com seu trabalho e promete ao público um desfile inesquecível, inovador e muito preto. “É uma celebração a nossos corpos, nossos talentos. Além de abrir oportunidades e quebrar muros”, disse.
Maquiador do Afro, Dino Neto falou para os modelos desfrutarem desse momento em que a pandemia, apesar de ainda existente, dá possibilidades de ter contato com gente. Além da gravação do desfile, também foram feitas fotos com os modelos usando os looks das 36 marcas e estilistas que participaram desta edição do projeto.
O Afro Fashion Day é um projeto do jornal CORREIO com o patrocínio do Grupo Boticário, do Hapvida com apoio Institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, Sebrae, apoio do Shopping Barra, Laboratório CLAB e CCR Metrô.