Guardiões do axé: como o candomblé se renova com a perda de seus líderes?

Após morte de Mãe Stella e Mãe Tatá, dez pais e mães de santo respondem como a religião dos orixás sobrevive sem seus maiores expoentes

  • Foto do(a) author(a) Alexandre Lyrio
  • Alexandre Lyrio

Publicado em 22 de dezembro de 2019 às 06:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Dadá Jaques/CORREIO

Foto: Dadá Jaques/CORREIO A Oxum mais doce de todas é tida até hoje como inigualável. Está para nascer quem supere a fama, o respeito e a humildade de Mãe Menininha do Gantois. “Menininha tratava o lavador de carros e o presidente da república da mesma forma”, conta Doté Amilton, líder do terreiro Vodun Zô, no Curuzu, uma das mais tradicionais casas da nação jêje savalu em Salvador. Mas, após a morte de Menininha, em 1986, o que aconteceu?

A mesma natureza que a levou trouxe Mãe Senhora e Mãe Aninha do Ilê Axé Opô Afonjá, trouxe também Joãozinho da Gomeia, Martiniano Eliseu do Bonfim, Mirinha de Portão, Procópio de Ogum, Pai Agenor, Tia Massi da Casa Branca e tantos outros que também já se foram. Há um ano, Mãe Stella de Oxóssi, ícone do mesmo Afonjá, também nos deixou. Mais recentemente, duas semanas atrás, Mãe Tatá, ialorixá do primeiro terreiro de Salvador, a Casa Branca, foi para o “orun” após 38 anos à frente da casa.

Por isso, em ciclos de transformação como o atual, surgem os mesmos questionamentos de sempre: o que fazer sem essas rainhas e reis? Como fica o Candomblé com a perda de seus maiores expoentes? A religião dos orixás e seus líderes estão preparados para o mundo contemporâneo? Para obter essas respostas, ouvimos as lideranças de 10 de alguns dos maiores terreiros da Bahia, além de especialistas em religiões de matriz africana.

Apesar das mortes de boa parte dos seus sacerdotes mais respeitados, sucessões bem realizadas e o respeito aos rituais garantem a manutenção dos mistérios e da força do Candomblé, acreditam eles. “A energia do orixá se renova através dos novos zeladores responsáveis pelos terreiros e casas de candomblé”, define Carmen Oliveira da Silva, a Mãe Carmen, atual Ialorixá do Gantois.

Mas, há quem se preocupe. “É uma pena as perdas que temos tido. Eram pessoas capacitadas que levavam a religião à sério. Hoje temos muitos zeladores que precisam se capacitar”, preocupa-se Air José, o Pai Air, a nada menos que 58 anos a frente do Terreiro Pilão de Prata, na Boca do Rio.   

“Todo momento de transição, em qualquer lugar, não só no candomblé, encontrará quereres antagônicos. A primeira missão é reatar os laços, refaze-los”, afirma Gildeci de Oliveira Leite, neto do Afonjá e professor da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), instituição que concedeu o título de Doutora Honoris Causa para Mãe Stella.  "A perda de nossas mais velhas e velhos com certeza impacta em uma casa, uma vez que levam consigo parte de um conhecimento ancestral. Porém, o candomblé é uma religião de oralidade e muito desses conhecimentos elas e eles vão deixando nas conversas do dia a dia do terreiro", diz Iraildes Andrade, coordenadora do Coletivo de Entidades Negras (CEN). 

Para Leonel Monteiro, da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro Meríndia (AFA), a tradição do Candomblé pode até ser garantida pela oralidade, mas é preciso evitar o progresso predatório, uma ameaça aos espaços físicos. "Os mais velhos nos trazem toda a carga, todo o acúmulo de conhecimento dos saberes e fazeres. Assim é a tradição. O grande desafio na atualidade é preservar os espaço sagrados do Candomblé, ou seja, os nossos territórios, que são os terreiros", observa. 

Internet Muitos são categóricos em afirmar que é preciso cuidado com a divulgação das coisas do Candomblé. O segredo da religião está justamente nos mistérios. Então, muita calma na hora de se render à Internet, às redes sociais e afins. “Sou do tempo que a mãe de santo pedia uma quartinha d´água e traziam a quartinha coberta por um pano. Podia não ter nada ali além de água. Mas o segredo do candomblé está nessas coisas. É preciso guardar o nosso axé”, observa Doté Amilton, do Terreiro Vodum Zô.

Abaixo veja o que pensam as lideranças de dez dos principais terreiros da Bahia. Como uma religião fundamentada na ancestralidade deve encarar o mundo moderno?  Quais os desafios para a preservação dos rituais  do Candomblé após as mortes dos mais velhos e as sucessões nas casas de axé? Equede Sinha (Foto: Dadá Jaques/CORREIO) Equede Sinha: Terreiro Casa Branca

Em pleno período de axexê (ritual fúnebre do Candomblé), Gersonice de Azevêdo Brandão, a Mãe Sinha, do Terreiro Casa Branca, acredita que o Candomblé tem a capacidade de se reinventar. Há duas semanas, a Casa Branca, oriunda do Candomblé da Barroquinha, matriz da nação ketu no Brasil, perdeu Mãe Tatá. Por isso, Sinha, que é uma das equedes da casa, considera que não há outra saída a não ser a resistência. “Resistimos às guerras coloniais, resistimos a escravização de nosso povo, resistimos a intolerância religiosa e iremos resistir a perda de nossas lideranças, nos reinventando e mantendo nossas tradições através da nossa oralidade e respeito à ancestralidade”.

Gerações Sinha acredita que os novos líderes precisam estar atentos às tranformações, sim, mas sem esquercer da manutenção dos rituais. “Os tempos mudam. Entretanto, temos que passar para as novas gerações o conhecimento ancestral de maneira a continuar com a essência de nossas tradições. Há diferenças? Algumas sim, já que precisamos evoluir junto. Porém, preservando a essência”. Mãe Carmen (Foto: Almiro Lopes/Arquivo CORREIO) Mãe Carmen: Gantois

No Gantois, um dos terreiros mais tradicionais do Brasil, as sucessões ocorrem dentro da mesma família. A atual ialorixá da casa, Mãe Carmen, é a filha mais nova de Mãe Menininha de Oxum, a mais exaltada entre todas as sacerdotizas que o candomblé já teve. Para Carmen, as mortes de integrantes da religião não podem ser consideradas perdas. “A energia do orixá se renova através dos novos zeladores. Acreditamos que somos eternamente guiados pela ancestralidade. Isso quer dizer que quando morre uma mãe de santo ela passa para o ‘orun’ (lugar para onde vão os ancestrais) e se torna uma guia espiritual para seus filhos, seguidores e sua família. A religião só existe por meio da resistência e da resignificação de suas tradições”. 

Natureza  Para Carmen, no candomblé tudo é natureza e energia. “Tudo o que cultuamos tem a capacidade de se reestruturar. As casas religiosas mais antigas, como o Gantois, sabem que o que determina tudo é o ditame ancestral”. A ialorixá não tem receio que a modernidade e a moda possam se tornar mais importante que a tradição. “Seguimos o nosso caminho, que em nada é abalado pela quantidade de famosos ou leigos que escolhem dizer que fazem parte da religião. Nosso foco é cultuar a paz e a prosperidade para toda a humanidade”. Pai Balbino (Foto: Dadá Jaques/CORREIO) Pai Balbino: Aganju

Um dos nomes favoritos para fazer o jogo de sucessão do Ilê Axé Opô Afonjá, Balbino Daniel de Paula, o Obaràyí, esteve presente na escolha de Stella. Pai Balbino é uma das maiores autoridades masculinas dos candomblés do Brasil. O Babalorixá do Terreiro Aganju, em Lauro de Freitas, ele foi iniciado por Mãe Senhora, a terceira Mãe de Santo na linha sucessória do Afonjá. Para ele, de família tradicional no culto aos egunguns, em Itaparica, a manutenção dos rituais e tradições do Candomblé depende da seriedade com a qual são feitas as sucessões. “O orixá é quem tem que escolher”, afirma Obaràyí   

Limpeza  Pai Balbino diz que, no caso específico do Afonjá, a nova ialorixá vai ter a missão de recuperar o respeito do terreiro. “O Afonjá, meu filho, foi a terra que Aganju nasceu”, diz ele referindo-se a Xangô Aganju, patrono de sua casa de axé. “Na Bahia não tinha casa com mais fama que o Afonjá. É uma responsabilidade muito grande. A missão deve ser trazer o Afonjá de volta, resgatar o nome do terreiro”, lembra Obaràyí. Baba Pecê (Foto: Divulgação) Baba Pecê: Terreiro Oxumarê

Terreiro que mistura ritos das nações ketu e jeje, o Oxumarê, na Federação, é liderado por Silvanilton da Encarnação da Mata, o Babá Pecê, 55 anos. Pecê acredita que o pai e a mãe de santo devem ser pessoas receptivas, humildes e estudiosas do axé. “A pessoa tem que ser agradável para que a comunidade possa confiar. Tem que ter o conhecimento do axé, conhecer a liturgia. Sendo escolhida pelo orixá, a pessoa consegue cumprir o seu papel. Se o orixá designou, ela será escolhida. Acredito que todos os orixás indicarão pessoas que terão essa garra, dinâmica, carinho, respeito e seriedade que o axé pede”, afirma Pecê.

Adaptação Se alguns têm receio da modernidade e são contra o uso abusivo de redes sociais para divulgar as coisas do Candomblé, Pecê defende que a religião precisa se adaptar. “Estamos vivendo esse momento da tecnologia. A própria Mãe Stella fez canal no Youtube e aplicativo. Ela era uma senhora de grande conhecimento dentro da espiritualidade. Estar nas redes sociais é desmistificar questões e preconceitos”, acredita.0 “Claro que toda pessoa da religião tem seu auô, seu segredo. Mas é importante levar para fora um pouco do conhecimento”. Mãe Índia (Foto: Dadá Jaques/CORREIO) Mãe Índia: Terreiro Bogun

Há 18 anos a frente do Bogum, após substituir Doné Nicinha, sua tia, Mãe Índia é neta de Mãe Runhó, que permaneceu na liderança do Bogum, terreiro da nação jeje mahi, por 50 anos. Zaildes Iracema de Melo, a Nadojí Índia, 54, é uma das mais jovens mães de santo da Bahia. Nem por isso, deixa de defender o rigor às tradições e uma relação amistosa com a comunidade. “Tem que ter jogo de cintura. Tem que entender primeiro a gente e depois as pessoas. Uma responsabilidade muito grande”, diz Índia. “Não pode desviar. Tem que ter sempre ligação com a ancestralidade. Me inspiro na paciência das minhas antecessoras. Estou sempre perguntando aos voduns (comparados aos orixás na nação jêje) o que fazer”. 

Boas mãos? Então, estaria o candomblé em boas mãos atualmente? “Em alguns terreiros sim, em outros, não”, acredita. “Tem horas que eu fico pensando: ‘meu Deus do céu. A nossa religião é tão bonita, tem muita gente que se diz pai de santo e mãe de santo e não sabe conduzir os rituais. Tem que ser rigoroso!”, afirma. 

Índia critica o fato de alguns mistérios do Candomblé estarem se revelando até mesmo em gravações de vídeo colocadas na Internet. “Já vi muitos vídeos de voduns incorporados. Eu sou contra!”, defende Mãe Índia. “Eu não sigo Internet, não gosto de redes sociais. Antigamente você organizava uma festa, fazia os convites e mandava um por um para os convidados. Hoje você convida pela Internet. Candomblé não é isso”  Mameto Kamurici (Foto: Divulgação) Mameto Kamurici: Terreiro São Jorge Filho da Gomeia

Atual líder do Terreiro de São Jorge Filho da Gomeia, Mameto Kamurici é filha sanguínea de Mirinha do Portão, que fundou o seu próprio terreiro depois que Joãozinho da Gomeia foi para o Rio de Janeiro. Mameto diz que a sucessão é sempre algo difícil. “No meu caso, nunca achei que minha mãe (Mirinha de Portão) iria morrer. Achava que ela era eterna. A adaptação não é fácil. Não basta ser escolhida, temos que provar que realmente damos conta das demandas terrenas. Nascemos para sermos fortes”. Mameto diz que a religião tem que resistir pelo amor e pela fé nos inquices, comparados aos orixás nas casas de nação Angola. “Todos os dias pergunto a eles o que devo fazer, como devo proceder. Estamos no posto até o dia que eles determinam”, acredita. “Então acho que o candomblé está em boas mãos, sim, pois os inquices sabem o que fazem”.

Mameto admite que, depois de ser escolhida, foi ao Rio de Janeiro falar pessoalmente com Agenor Miranda Rocha, o Pai Agenor, um dos lendários jogadores de búzios da Bahia, designado por Mãe Aninha, do Ilê Axé Opô Afonjá, para escolher pelo jogo as herdeiras do axé. “Perguntei a ele se verdadeiramente seria eu a sucessora. Ele me respondeu ‘Filha, volte, não tenha medo, faça tudo com amor. Se por um acaso você errar, Bamburucema (Iansã) conserta’. Foi um alívio, ao mesmo tempo que uma certeza da responsabilidade”, conta Mameto, hoje defensora dos segredos do Candomblé. “Acho que tudo tem que ter uma certa medida. Precisamos preservar nossos segredos”. Air José (Foto: Dadá Jaques/CORREIO) Air José: Terreiro Pilão de Prata

Iniciado com cinco anos de idade, Air José assumiu o terreiro Pilão de Prata aos 21. Bisneto de Bamboxê Obitikô, título do africano Rodolfo Manoel Martins de Andrade, um dos precursores do Candomblé no Brasil, pai Air é babalorixá à moda antiga. “Explique direitinho que eu sou meio nagô, meu filho”, disse ele, logo de cara. Há 58 anos como líder e fundador do Pilão de Prata, ele se preocupa com a perda de grandes expoentes do Candomblé. “É uma pena as perdas que temos tido. Eram pessoas capacitadas que levavam a religião à sério. Hoje temos muitos zeladores”, afirma Air. “Nas casas antigas ainda tem pessoas que sabem preservar o axé e preservar o futuro.  Tem que colocar pessoas de conceito, de conhecimento”.

Seguimento Contanto que seja por indicação do orixá, não importa quem assuma o terreiro, diz Air. “Pode ser uma criança. O orixá que vai escolher, o orixá que vai determinar. Mas que tenha alguém mais velho para orientar, para dar o seguimento”, afirma o pai de santo, contrário a “modernidade”. “Pra mim Internet é ruim. Eu não sei nem mexer. Acho que isso não é para o axé. O axé é boca a boca. Eu sou da origem antiga, então não aceito essa modernidade. Cada um que procure manter sua tradição dentro da sua casa”. Doté Amilton (Foto: Dadá Jaques/CORREIO) Doté Amilton: Vodun Zô

Iniciado no Terreiro Cacunda de Iaiá, da nação jêje savalu, Amilton Sacramento Costa, o Doté Amilton, tem 70 anos e 60 de santo. Líder do Terreiro Vodum Zô, no Curuzu, ele afirma que o Candomblé “tem tomado um rumo diferente”. “Se você falar em relação aos terreiros antigos, eles mantêm a tradição e os rituais. Seguram aquilo que se aprendeu. Os jovens, não! Uma série de modificações. O Candomblé tá ganhando uma outra direção. Não sei se para melhor ou para pior”, pondera. De 1890, o Vodum Zô foi fundado por Dona Nanã, mãe de Joana, parenta de Mãe Tança, a mãe de santo de Amilton, hoje uma das maiores autoridades do axé. “O Candomblé tá mais aberto. Mas tem que ter um limite a partir dos segredos do axé. Sou contra colocar na Internet nossas festas, nossos segredos. Não dá para defender quem posta orixá dançando!   Tem que ter um limite. Aqui o que foi segredo no começo vai ser até o fim. A beleza está aí”.

Símbolos Por outro lado, Amilton vê um aspecto positivo na divulgação dos símbolos do candomblé por pessoas que não são da religião. “O bom da abertura é que o Candomblé era muito perseguido. Se ele sai com a conta de Oxum é sinal de respeito pelo menos! É uma forma de louvar nossa religião”. Mas, quem é de dentro, precisa manter os segredos. “Os antigos, na hora de beber água, cobriam o copo. As pessoas se perguntavam o que tinha ali dentro. Às vezes era só água”, lembra. “Temos que ter cuidado com essas sucessões. Tem que manter essas raízes de pé. Não pode acabar”.  Miguel Roque (Foto: Dadá Jaques/CORREIO) Miguel Roque: Terreiro Tuntum (Itaparica)

O ojé Miguel Roque Filho, Sobaloju Olukotun do terreiro Tuntum, em Itaparica, foi inicado em junho de 1988. O atual líder da mais antiga casa de culto aos Egunguns, preza pela rigidez dos rituais e se mostra um dos mais críticos aos rumos que o Candomblé tem tomado. “Rapaz, a perda dos mais velhos é preocupante. Os que vão assumindo às vezes não têm o preparo. Hoje grande parte do nosso povo só olha para o umbigo. Não tem a visão coletiva, se deixa levar muito pela modernidade”. 

Exposição O ojé do Tuntum proibe filmagens e gravações dentro do terreiro, por exemplo. “O Candomblé se moderniza, mas tradição é tradição. Os mais velhos eram leigos, mas eram sábios. Não gosto muito da exposição midiática. Aqui mesmo é proibido filmar e gravar. Quem quiser ver que venha ver. E que guarde na memórias as lembranças. Mas hoje a grande maioria pensa diferente, sabe?”, lamenta. 

Miguel critica, inclusive, a tentativa de introduzir no candomblé uma linguagem diferente da tradicional. É que, diz ele, muitos líderes estão fazendo cursos de iorubá para usar nos terreiros. Mas, o iorubá do Candomblé seria diferente. “Eu tomei curso de iorubá. Mas eles oferecem um iorubá catedrático. O nosso é arcáico. O povo fica querendo inovar demais”.   Foto: Dadá Jaques/CORREIO Ilê Axé Opô Afonjá

Um dos terreiros mais tradicionais da Bahia foi fundado por Eugênia Ana dos Santos, a Mãe Aninha, e o Obá Tio Joaquim, em 1910, no bairro e São Gonçalo do Retiro. Com a morte de Mãe Stella de Oxóssi há quase um ano, prestes a iniciar o último axexê antes do jogo de sucessão (ver topo), seus integrantes estão reclusoso. A expectativa é pela escolha de quem vai jogar os búzios para que Xangô, patrono da casa, faça a escolha da nova ialorixá. A mão do jogo fica a cargo do Conselho Religioso, formado por quatro antigas sacerdotisas. São elas Edit Santos Andrade, a Mãe Pequena Ditinha, 83 anos; Raimunda Antônia de Paula, a iyá-dagan Mundinha ou Mãe Mundinha, 64; Valdomira Alcântara, a Ogalá Tutuca ou Mãe Tutuca, 64; e Maria Pimentel, a mãe Maria ou Iyá Efun, 70. 

Hierarquia Segundo o antropólogo Julio Braga, que é professor aposentado da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e um dos maiores conhecedores do Ilê Axé Opô Afonjá, o terreiro que Stella comandava tem uma complexa estrutura política e hierárquica. “Não dá para dizer que não tem movimentações políticas, avaliação de capacidade, moralidade, relação com o santo, relação com a finada. É um conjunto de coisas que vão sinalizar. Mas são os búzios que definem”, confirma Braga.

Sucessão no Afonjá marcada para sábado (28) Um ano após a morte de Mãe Stella, com a suspensão do calendário litúrgico do terreiro nesse período, a data para o jogo de búzios que definirá a sucessão no Ilê Axé Opô Afonjá está definida: 28 de dezembro, quando se encerra o último axexê (ritual fúnebre do Candomblé). Seria 27, quando se completa um ano da morte. Mas, como cai numa sexta-feira, este é um dia guardado pelo Candomblé. A escolha será no Barracão, às 10h, por um membro da comunidade religiosa ainda desconhecido. Após a escolha, haverá uma entrevista coletiva