Guia para os pais: 10 estratégias para acompanhar seu filho na rede

Veja alguns passos para monitorar o uso da Internet na infância

  • Foto do(a) author(a) Priscila Natividade
  • Priscila Natividade

Publicado em 10 de outubro de 2020 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ilustração: Morgana Miranda/Estúdio Grida

A pandemia aumentou o ‘passe livre’ para mais horas online, em meio a necessidade de aulas remotas e de atividades que pudessem compensar a rotina atribulada dos pais, a falta da escola presencial ou o encontro com os amiguinhos. Maior exposição aumenta também os perigos, mesmo que disfarçados, em uma rede social que pareça inofensiva. 

Para ajudar na missão nada fácil de acompanhar e desviar os riscos, especialistas nas regras desse jogo destacam 10 estratégias para auxiliar o monitoramento do seu filho na Internet. Gerente da Assessoria Jurídica do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Nic.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet do Brasil, Kelli Angelini destaca o aumento da responsabilidade dos pais nesse momento. 

Kelli  também é uma das instrutoras do curso gratuito Filhos Conectados, promovido pelo Nic.br. Para quem quer buscar mais informação sobre educação digital, as inscrições estão disponíveis em tinyurl.com/FilhosConectados. “É essencial estar apto a entender as funcionalidades da Internet para instruir seus filhos no modo alerta desde o primeiro acesso”, defende a especialista, que destaca que a proteção online deve ser garantida, assim como o cuidado e zelo no mundo fora das telas. 

1. Limite de tempo De acordo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as telas devem ser evitadas para crianças menores de 2 anos. Para aquelas com idades entre 2 e 5 anos, o limite é de 1h/ dia. Entre 6 e 10 anos, 2h/dia. A partir de 11 anos, 2 a 3 h/dia. Não há uma indicação sobre intervalos nesse tempo. O que vale para todas as idades é evitar fazer uso de tela nas refeições e em até 2 horas antes de dormir. A orientação da SBP  leva em consideração estudos internacionais e da Organização Mundial de Saúde (OMS).

2. Onde mora o perigo? O risco é do tamanho da liberdade que se dá, ao permitir o acesso à internet sem o monitoramento dos pais. Psicanalista, orientadora educacional e educadora parental, Larissa Machado cita alguns dos riscos que estão presentes desde em jogos que parecem inofensivos ate as redes sociais.“Sem a definição de regras, a criança fica vulnerável a se conectar com pessoas maldosas, acessar conteúdos de pornografia, violência, além das chances de ser vítima de bullying e preconceito”. 3. Por que é tão grave Gerente da Assessoria Jurídica do NIC.br, Kelli Angelini lembra que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera crime o fato de os pais deixarem de prestar assistência moral aos filhos menores de idade, o que pode tornar o abandono digital uma forma de negligência parental. “Se a conduta for ilícita, estará sujeita a reparação de danos”.  O controle parental de conteúdo está previsto no Marco Civil da Internet, o que só reforça a necessidade desse acompanhamento.

4. Sinais Mudanças de humor, irritabilidade e menor envolvimento em experiências familiares de compartilhamento são os principais sinais de alerta sobre o excesso de permanência à frente das telas e do acesso à Internet, como destaca a neuropediatra e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Rita Lucena. “A exposição excessiva compete com a imersão em atividades consideradas mais favoráveis ao neurodesenvolvimento”.

5. Idade  Cada rede social possui sua restrição de idade, porém, a maioria delas determina 13 anos como idade mínima. Isto porque a  Children’s Online Privacy Protection Act (COPPA-EUA),  que trata da proteção da privacidade infantil online, prevê  a liberação de sites apenas a partir dessa faixa etária.“Crianças menores não têm ainda total maturidade  cerebral para discernir o bom ou ruim quanto ao que encontram nas redes sociais”, explica a psicóloga e doutora em Psicologia, Carol Lopes.6. E o Tik Tok?A rede social que compartilha vídeos curtos conquistou a criançada e isso não dá para negar. Entretanto, vale lembrar que a idade mínima permitida para se ter um perfil é a partir dos 13 anos. É o que chama atenção a gerente da Assessoria Jurídica do NIC.br, Kelli Angelini: “é um ambiente no qual a pessoa pode postar todo tipo de vídeo e, com isso, essa criança ou adolescente também vai estar exposto a tudo o que é postado. Não são só vídeos com passinhos de dança ou mais engraçados”.

7. Monitoramento A psicanalista, orientadora educacional e educadora parental Larissa Machado sinaliza aos pais que existem atualmente vários aplicativos de controle parental que podem ajudar nesse acompanhamento das atividades dos filhos na Internet. O Google Family Link, o AppBlock e o Controle Parental Screen Time são alguns exemplos que estão disponíveis tanto para Android quanto iOS. “É possível definir o controle do tempo, verificar o que foi baixado, gerar relatórios”, aconselha.

8. Configurações de segurança Os pais podem alterar a privacidade de perfis como o Youtube, Instagram e no Tik Tok com restrições de downloads, comentários e acessos (veja o passo a passo abaixo). Diretor do Dfndr lab, laboratório especializado em segurança digital da PSafe, Emilio Simoni dá outras dicas:“Instale uma solução de segurança, como o Dfndr Security. O aplicativo é gratuito e vai alertar sobre golpes, perfis falsos e vazamento de identidade”.9. Canais de streaming Netflix é bom, todo mundo gosta mas também vale a pena configurar o perfil infantil de acordo com a idade. Isso pode ser feito tanto pelo aplicativo, quanto pelo site. Primeiro separe o perfil do adulto e crie um só para a criança. Em seguida, no login do perfil principal,  vá no menu ‘conta’. Em seguida, acesse o item ‘perfil e controle dos pais’. Lá dá para selecionar o idioma, idade, bloquear o perfil, acompanhar o que foi assistido e restringir o acesso até mesmo por título.

10. Como construir essa relação Muitas vezes, os pais ficam focados  em limitar o tempo de tela - o que é muito  importante. Contudo,  é ainda mais necessário saber qual o conteúdo que a criança está acessando e como  ela lida com isso. “Os pais perdem a mão do conteúdo e deixam os filhos muito vulneráveis na Internet. A pandemia é um momento muito difícil sim, mas é fundamental impor um limite, uma regra conversada”, defende a psicóloga e doutora em Psicologia, Carol Lopes.

PASSO A PASSO PARA CONFIGURAR A PRIVACIDADE NAS REDES SOCIAIS PREFERIDAS DA CRIANÇADA

Instagram Acesse o aplicativo e vá até o seu perfil. Em seguida, clique no 'Menu' que fica na parte superior da tela (aqueles três tracinhos na horizontal). Na parte inferior acesse o item ‘Configurações’. Clique na engrenagem e vá primeiro em ‘Privacidade’. Lá é possível colocar a conta como privada (que depende de aceitação de convite de novos seguidores), permitir ou não comentários, marcações, menções e visualização de stories, além de permissão para que outras pessoas possam ou não adicionar suas publicações (item 'Guia').

Observe a permissão para visualização do seu status de atividade no Instagram. No item dá para escolher se quer que apareça quando ficou online pela última vez. Também pode restringir contas, silenciá-las e bloqueá-las na mesma seção ‘Privacidade’.

Ao retornar ao menu de Configurações, vá até o item ‘Segurança’ e peça ‘Autenticação de Dois Fatores’. Toda vez que a rede social for acessada de um celular ou computador desconhecido, o Instagram vai pedir a verificação da conta. Isso ajuda a proteger dados pessoais e invasões do perfil.

Tik Tok Para tornar a conta privada, que só permite o acesso ao conteúdo de quem segue você ou seja aprovado como amigo. O processo é o seguinte: primeiro, vá para a página de perfil no TikTok e toque no 'Menu' — aqueles três pontinhos (…) que estão no canto superior direito. Selecione 'Privacidade e Segurança', em seguida, a opção 'Conta privada'. O usuário pode ainda impedir que encontrem sua conta na busca.

No mesmo item do menu também dá para moderar quem pode comentar, curtir, reagir, fazer duetos, enviar mensagens e fazer download. O Tik Tok permite, inclusive, editar um filtro de comentários contra spam e palavras ofensivas, além de uma lista de bloqueio.

Youtube Para fazer esse gerenciamento, os pais precisam criar um perfil para o filho no Youtube Kids. A conta pode ficar vinculada ao perfil do usuário adulto. Faça login no YouTube. Selecione 'Configurações'. Clique no quadrado que aparece ao lado de uma câmera de vídeo (apps Youtube).

Lá você vai encontrar o Youtube Kids e pode personalizá-lo. Após seguir as instruções que aparecem na tela, clique em ‘Configurações/Settings’. Selecione o perfil do seu filho e digite a senha da conta dos pais. O Youtube dá quatro opções de perfil: Pré-escolar, Crianças, Crianças maiores ou Aprovar conteúdo por conta própria.