Hospital em Salvador pede acompanhante para idoso internado com covid-19

Segundo neta de paciente, unidade pediu para vir 'com a máscara que tiver'

  • Foto do(a) author(a) Gabriel Amorim
  • Gabriel Amorim

Publicado em 28 de junho de 2020 às 17:36

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: BaPress/Divulgação

A família do idoso José Arthur Hage, 88 anos, internado no Hospital Santa Izabel, em Salvador, desde o último domingo (21) e com diagnóstico de covid-19, reclama que a unidade solicitou acompanhante para o paciente e que o familiar trouxesse "a máscara que tivesse em casa".

Na noite do último sábado (27), o paciente apresentou uma melhora e pôde deixar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Seu José foi, então, transferido para um quarto numa ala que seria reservada a pacientes de covid-19. 

 “A assistente social ligou solicitando um acompanhante porque ele estava no quarto, a portas fechadas, segundo ela, e por conta da idade não poderia ficar sozinho. Eu questionei se ele não poderia ir para uma enfermaria e ela me disse que não poderia porque o plano dele cobre apartamento. Questionei sobre EPIs e ela, bem grosseira, me falou que não tinha EPI direito nem para eles e que era para a gente ir com a máscara que tivesse em casa”, relata a advogada Amanda Hage, neta do paciente, com quem o hospital fez contato.

A assessoria da unidade reforçou que distribui os equipamentos (veja a resposta abaixo).

Ao CORREIO, Amanda explicou que a filha e as netas de seu José, que poderiam ser as acompanhantes, são todas do grupo de risco, o que aumenta o perigo de contágio, ainda mais sem a proteção adequada. “A assistente ainda disse que poderíamos trocar o acompanhante a cada 24 horas, o que ia fazer o ciclo de contágio ser ainda maior. É um absurdo querer colocar uma pessoa saudável numa ala hospitalar de covid”, argumenta.  

Diante da ausência do acompanhante, Amanda foi contatada pelo Santa Izabel mais duas vezes. Na última ligação, na manhã deste domingo, o discurso foi diferente. “Quando questionei de novo sobre os EPIs, ela disse que o hospital forneceria. Eu contestei que isso não tinha sido dito nas duas outras ligações e ela disse que ia confirmar com o setor e retornar. Não ligou mais", relatou.

Resposta do hospital A assessoria da unidade informou que "o Serviço Social entrou em contato com os familiares do idoso José Arthur Hage e confirmou que os Equipamentos de Proteção Especial dos acompanhantes - capa, máscara e luva – são cotidianamente fornecidos pelo hospital. Hoje [domingo], a equipe assistencial também reforçou com os familiares a necessidade do acompanhamento ao paciente, que se encontra internado em apartamento, de acordo com os protocolos internacionais de segurança que o hospital segue para diminuir o risco de exposição. Nos casos especiais, acompanhantes de idosos e crianças são autorizados sob supervisão da equipe assistencial, conforme a legislação", explica a nota.

O hospital ainda informou que, durante a pandemia, "a rotina de visitas está suspensa, e as estratégias de comunicação entre equipe assistencial e família foram adaptadas e vêm se mostrando eficientes. Em determinados casos, o paciente ficar sozinho no quarto é arriscado por vários aspectos", segundo argumenta o hospital.

  "Para minimizar o risco de exposição também para os pacientes internados, profissionais de saúde e para os próprios visitantes, estabelecemos a permissão de apenas um acompanhante por paciente, com revezamentos a cada 24 horas. Não tem sido vedado à família, no entanto, manter o acompanhante por mais tempo no quarto. A entrada e saída no mesmo dia de mais de uma pessoa não tem sido permitida por questão de segurança sanitária", finaliza a nota.

*Com orientação da subeditora Clarissa Pacheco.