Humilhado por cliente, vendedor de salgados sem uma mão desabafa e história viraliza

José deixou de ser pintor por conta de problema no coração; na pandemia, renda com salgados mantém ele, mulher e três filhas

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  • Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2020 às 15:39

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Um ataque para humilhar e milhares de demonstrações de compaixão e afeto para recuperar a autoestima. Assim pode ser resumida a história do ex-pintor e atual vendedor de salgados José Rafael Marciano, 32 anos, que ganhou repercussão nas redes sociais. Foi lá que ele desabafou sobre uma reclamação sofrida por um cliente, em Marília (SP), o qual não aceitou os salgados que José entregou com atraso e ainda o xingou.

“Fiz com maior carinho, fui até na casa, aí não quis mais porque demorei um pouco. Gente, eu faço tudo na mão, sou deficiente físico, faço tudo com dificuldade, agora vieram me xingar, me ofender. Sobrou muito salgado. Se alguém quiser", postou ele.

Ao portal G1, José Rafael explicou que não tem a mão esquerda, trabalha como pintor, mas passou a vender salgados e pães durante a pandemia de coronavírus para complementar a renda da família: desempregado desde que foi impedido de trabalhar como pintor, ele passou a vender os salgados que já costumava fazer em casa, ao lado da esposa, e que ajuda a sustentar o casal e as três filhas de 4, 8 e 10 anos de idade.

José Rafael lembra que o cliente pediu a encomenda por volta das 9h para que os salgados fossem entregues às 11h. Porém, como eram mais de 50 unidades, ele só terminou o serviço às 13h.

“Aí ele me xingou no telefone, disse que eu não era profissional, que eu era vagabundo, que eu tinha que ter avisado antes. Eu fiquei magoado, triste, chorei muito porque sou muito emotivo”, lembra Rafael ao G1.

Até esta quinta-feira (25), a postagem tinha mais de 42 mil curtidas e 17 mil compartilhamentos. Com a repercussão, o vendedor contou que já recebeu muitas encomendas, além de doações e propostas de motoboys para fazer o serviço de entrega para ele.“Fiquei muito feliz porque estou recebendo muita ajuda. Recebi ligação de vários países, me dando apoio inclusive financeiramente. Até famosos compartilharam. Estou anestesiado, nem consegui dormir”, declarou José Rafael.Além de não ter uma mão, o vendedor nasceu sem as costelas do lado esquerdo e problemas no coração, que fica “desprotegido”. Quando bebê, chegou a passar um ano e sete meses internado na Santa Casa de Marília e, recentemente, sofreu um infarto. José Rafael com a esposa e as três filhas (Foto: Arquivo pessoal) Os problemas de saúde também o levaram a começar as vendas, pois ele trabalhava como pintor, mas foi proibido pelo médico de exercer essa profissão. E se tudo parecia que estava dando errado, o vento finalmente virou.

“Minhas vendas triplicaram, tenho encomenda até segunda ou terça-feira, nem posso pegar mais. Eu e minha esposa levantamos 6h30 e vamos até madrugada fazendo os salgados”, comemora.