Ídolo do Bahia, Uéslei ‘Pitbull’ é atração do Baba das Antigas

Amistoso promovido pelo CORREIO com craques da dupla Ba-Vi acontece dia 23, na Fonte Nova

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 17 de abril de 2019 às 09:07

- Atualizado há um ano

. Crédito: Haroldo Abrantes/Arquivo Correio

“Eu recebi a bola antes do meio-campo e dei uns três toques na bola, arrastando mesmo. Teve um que deu o carrinho e não me derrubou, outro veio com as mãos e não conseguiu também. Eu arrastei. Aí fiquei de cara com o goleiro, dei o corpo e aí dei um toque por cima”. Essa é a descrição, contada pelo próprio Uéslei, de um dos seus gols favoritos e marcados na Fonte Nova. O gol em questão foi contra o Cruzeiro de Cruz das Almas em uma goleada que o Bahia aplicou por 5x0, com três gols dele, em 2000.

Arrastar. Palavra que serve como uma gíria para descrever o que Uéslei fazia dentro de campo. A força física dava trabalho aos volantes, zagueiros e laterais que tentavam parar o rapaz nascido na Capelinha de São Caetano. Foi esse ímpeto na hora de fazer o que hoje se costuma chamar de “furar linhas” que rendeu a Uéslei o apelido de Pitbull.

Virou quase sobrenome. “O povo não me chama de Uéslei quando me vê na rua. É só Pitbull mesmo, e nem adianta lutar contra”, conta o ex-jogador, que completa 47 anos na sexta-feira (19) e será um dos ídolos presentes no Baba das Antigas, amistoso promovido pelo CORREIO com ídolos da dupla Ba-Vi, dia 23, na Fonte Nova.

Uéslei conta cheio de orgulho que é o quarto maior artilheiro do Bahia, com 140 gols distribuídos entre suas quatro passagens pelo tricolor. Revelado no clube, começou a carreira profissional em 1991, alçado ao time principal pelo técnico Luís Antônio. Na época, jogava como volante e quebrou galho em outras posições.

“Eu fui cavando meu espaço no time. Se me colocavam na lateral eu ia sem reclamar; também já joguei de primeiro, segundo e terceiro homem do meio-campo. Eu só queria estar dentro do campo”, relembra.

Não era a primeira vez que Uéslei dava uma de curinga pelos gramados. A história com o futebol começou graças a essa proatividade, inclusive. Explica-se: quando ele tinha 11 anos, um colega viu uma chamada na televisão anunciando que o Bahia iria fazer uma peneira em Periperi. Assim como toda a molecada da rua, Uéslei se animou e saiu da Capelinha de São Caetano até o Subúrbio Ferroviário para tentar a sorte no futebol pela primeira vez.

Conta Uéslei que mais de dez meninos saíram de São Caetano em busca do mesmo sonho: uma chance no tricolor. Pela conta do ex-atacante, mais de mil garotos estavam por lá, e a seleção demorou um dia inteiro.

Quem comandava a peneira era o antigo diretor de base de Bahia e Vitória, Newton Mota, que separava os meninos por posição. Uéslei jogou de tudo naquele dia. Goleiro? Ele estava lá. Zagueiro? Problema algum. Queria mesmo era aproveitar a peneira e assim o fez até ser selecionado para a posição de volante. Foi assim que tudo começou. 

Depois dali, o Pitbull chegou ao profissional do Bahia e logo na temporada de estreia foi campeão baiano - feito que se repetiu em 1993 e 1994.

Sim, Uéslei fazia parte do elenco que conquistou o título baiano graças ao gol de Raudinei. Depois do Bahia, ele passou por Guarani, Flamengo, Cruzeiro e São Paulo. No time do Morumbi teve poucas oportunidades.

Foi nesse contexto que em 1997 ele recebeu um convite para defender o Vitória. Pode parecer estranho um jogador aceitar proposta de um time rival tão prontamente, já que Uéslei sempre deixou claro que era torcedor do Bahia. Mas foi isso que aconteceu.

“Na época recebi o convite de Paulo Carneiro e nem pensei duas vezes. Nunca escondi que sou Bahia só que fiquei honrado com o convite por saber que o Vitória é um time grande e que sempre me respeitou. Aceitei o desafio e sempre garanti que podiam apostar em mim. Deu certo, né?”, questiona o Pitbull enquanto deixa escapar o riso. Uéslei teve boa passagem pelo Vitória em 1997 (Haroldo Abrantes/Arquivo Correio) Sim, deu certo. O Leão tinha um ataque poderoso, que já contava com Túlio Maravilha e Bebeto, campeão do mundo pela Seleção três anos antes. Uéslei agregou qualidade, foi campeão baiano pela quarta vez e ganhou o inédito título da Copa do Nordeste.

Depois disso ele retornou para seu time do coração, o Bahia. E jogou melhor ainda: 54 dos 140 gols pelo tricolor foram marcados no ano de 1999, quando foi artilheiro do país. Naquele ano Uéslei fez a partida que guarda com mais carinho em toda a carreira.

Um jogo contra o Goiás pela Série B acabou em 4x4, com dois golaços de Uéslei. Um após cobrança de falta no ângulo e outro que roubou a bola no meio-campo e partiu em arrancada antes de tabelar com Bebeto Campos na direita e encobrir o goleiro. Força e habilidade: um gol que define o futebol de Uéslei Raimundo Pereira da Silva.

Baba das Antigas Marcante para as duas grandes torcidas da Bahia, Uéslei não podia deixar de ser uma das figurinhas presentes no Baba das Antigas, que vai levar à Arena Fonte Nova, no dia 23, uma série de craques que fizeram história no futebol baiano. 

Feras como Jorge Wagner, Paulo Isidoro, Nadson, Uéslei, Bebeto Campos, Marcelo Ramos, Fernando, Rodrigo, Jean, Emerson, Hugo, Emo, João Marcelo, Flávio Tanajura e tantos outros estarão no gramado da Fonte, como nos velhos tempos. 

Quer ir? Exemplar do CORREIO será o ingresso

Quer garantir seu ingresso para matar a saudade? Basta levar o Correio do dia do jogo, 23 de abril, e passar na catraca da Fonte Nova. Assinantes terão acesso com o Clube Correio (impresso ou digital).

Os portões serão abertos às 17h, e a bola vai rolar às 19h. A entrada dos torcedores será pelo portão Sul - voltado para o Dique do Tororó. A noite ainda terá show do É o Tchan entre as atrações.

O Baba das Antigas integra as comemorações dos 40 anos do jornal Correio. O evento tem apoio da Associação de Garantia ao Atleta Profissional (Agap-BA), Esporte Clube Bahia, Esporte Clube Vitória, Federação Bahiana de Futebol (FBF) e Itaipava Arena Fonte Nova. O projeto Correio 40 anos tem oferecimento do Bradesco, patrocínio do Hapvida e Sotero Ambiental e apoio de Vinci Airports, Senai, Salvador Shopping, Unijorge, Claro, Itaipava Arena Fonte Nova, Sebrae e Santa Casa da Bahia.

*Sob supervisão do editor Herbem Gramacho